Um intenso tiroteio acontece no conjunto de favelas do Alemão, na Penha, na Zona Norte do Rio, no fim da manhã desta sexta-feira (26). Segundo testemunhas, os tiros estão sendo disparados em direção dos helicópteros da Polícia Civil. Foi para lá que mais de cem criminosos fugiram na quinta-feira (25), durante a ocupação da Vila Cruzeiro, de onde também é possível ouvir tiros.
A cúpula da segurança pública do Rio confirmou que haverá operações no conjunto de favelas do Alemão, na Penha, na Zona Norte da capital. A operação, no entanto, ainda não tem data prevista. A informação foi confirmada por Paulo Henrique Moraes, comandante do Bope, e pelo subsecretário de Planejamento Operacional, Roberto Sá. “Já de imediato, o cerco a todos os acessos à Vila Cruzeiro e ao Complexo do Alemão está sendo feito por homens da PF, da Polícia Civil e da Polícia Militar", disse Roberto Sá.
Na quinta, o Bope fez uma megaoperação na Vila Cruzeiro com apoio de blindados da Marinha. Muitos criminosos fugiram pela mata para o Alemão, comunidade vizinha.
Desde domingo, o Rio vive uma onda de violência, com arrastões, veículos queimados e ataques a forças de segurança. Segundo o governo do Rio, é uma reação à política das UPPs, quando a polícia ocupa áreas antes dominadas por criminosos. Desde 2008, 13 dessas unidades foram instaladas na cidade.
Mesmo após a megaoperação de quinta, o Rio de Janeiro viveu uma madrugada com mais ataques: foram pelo menos cinco registrados. Em balanço divulgado nesta sexta (26), a Polícia Militar informou que 72 veículos foram incendiados. Entre presos e detidos há 188 pessoas.
A SEGUIR, LEIA AS ÚLTIMAS INFORMAÇÕES:
POLICIAL FERIDO - Um major da Polícia Militar foi ferido no início da manhã desta sexta, depois de ser atingido na cabeça por estilhaços na estrada do Itararé, no conjunto de favelas do Alemão.
PATRULHAMENTO - Por volta de meio-dia, havia 180 policiais civis da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) e delegacias especializadas no interior da Vila Cruzeiro. O Bope permanece com o patrulhamento. Uma retroescavadeira do Bope retirou um caminhão que impedia a polícia de cruzar um dos acessos à favela.
DISQUE-DENÚNCIA - O Disque-Denúncia recebeu 42 ligações com informações sobre a Vila Cruzeiro até as 11 horas desta sexta, informou o coordenador do serviço, Zeca Borges. Na noite de quinta, o Disque-Denúncia bateu o recorde de ligações sobre um mesmo assunto com 1.001 chamados até as as 22h30.
FERIDOS INTERNADOS - A Secretaria de Saúde do Rio de Janeiro informou que seis pessoas continuam internadas nesta sexta, no Hospital Getúlio Vargas, na Penha, vindos de confrontos na Vila Cruzeiro.
ESPAÇO AÉREO FECHADO - O espaço aéreo da Zona Norte do Rio foi fechado a pedido da polícia.
CORPO E MOTOS ENCONTRADOS - Agentes informaram ter encontrado um corpo e mais de 60 motocicletas no alto da Vila Cruzeiro em buscas nesta sexta. Segundo a polícia, são motos potentes e sem placas de identificação.
CASA INCENDIADA - Uma forte fumaça no local levou bombeiros ao interior da comunidade. Autoridades confirmaram que uma casa pegou fogo.
COMBOIO - Por volta das 9h, um comboio de mais de dez carros da Polícia Federal e outros pelo menos oito do Bope subiram a favela para reforçar os cerca de 100 homens que passaram a noite no local.
A Escola Municipal Brant Horta está sem aulas
nesta sexta (Foto: Bernando Tabak / G1) ESCOLAS FECHADAS - As escolas da região da Penha estão sem aulas nesta sexta. Muitos alunos ainda tentaram ir às aulas, mas receberam a orientação de voltar para casa. De acordo com uma professora de um colégio municipal, que preferiu não se identificar, “muitas mães já ligaram informando que não iam mandar os filhos para a escola”.
'ACOSTUMADOS' - No entorno do Alemão, mesmo após as cenas da fuga de mais de cem criminosos para a região, alguns moradores negam estar amedrontados e dizem já estar acostumados com a violência. "É rotina, é normal", disse a proprietária de um bar. "Eu não vi nada, mas nem precisa, vivemos isso todo dia", contou outra comerciante.
BLINDADOS - Segundo o comandante do Bope Paulo Henrique Moraes, que participou da megaoperação na quinta de dentro de um dos blindados, as armas dos blindados da Marinha não devem ser usadas nas ações na Vila Cruzeiro nesta sexta. "Não é uma operação de guerra comum porque há muitos moradores. [É preciso] usar [as armas] de maneira criteriosa porque ali vivem cidadãos de bem e trabalhamos pelo menor número de feridos possível”.
Veja no vídeo ao lado entrevista ao "Bom Dia Brasil".
AJUDA DA PF - Policiais Federais auxiliam no patrulhamento do entorno do Conjunto de favelas do Alemão e na Vila Cruzeiro. A Polícia Civil e o Bope também monitoram algumas entradas das comunidades que ficam no complexo.
GALERIA DE FOTOS - Confira seleção de imagens das operações policiais e dos ataques no Rio desde o último domingo.
Oficial durante ação na Vila Cruzeiro (Foto: Pablo
Jacob / Agência O Globo) MILITARES - Na noite de quinta, o Ministério da Defesa informou, que, a pedido do governo do Rio de Janeiro, 800 militares do Exército vão auxiliar a polícia local no combate à onda de violência na capital do estado e em cidades vizinhas.
MEGAOPERAÇÃO - Na quinta-feira (25), as polícias Militar e Civil realizaram uma megaoperação na comunidade para prender criminosos. A ação da polícia foi liderada pelo Bope, que contou com pelo menos 150 homens e com o apoio da Marinha, que cedeu inicialmente seis blindados. Uma hora depois do início da operação 200 policiais civis e mais três blindados da Marinha e quatro caveirões do Bope chegaram para dar reforço à ação.
Do G1 RJ