Hospital deve começar a ser construído em meados de 2012, com entrega prevista em 30 meses. Área deve ser de 80 mil hectares, com direito a 150 leitos e até SPA
Com projeto ousado e investimento previsto de R$ 58 milhões, as obras do Hospital Ishin Brasil devem começar até julho de 2012, em Guia Lopes da Laguna. A previsão de entrega é de 30 meses, a partir do início da construção.
O empreendimento e o cronograma são promessas do Instituto Nova Esperança, ligado à Igreja da Unificação, criada pelo Reverendo Sun Myung Moon.
O hospital seria um desejo de Moon desde 1996, quando chegou em Mato Grosso do Sul para instalar sua Igreja, na região de Jardim. Mas só no ano passado o projeto começou a sair do papel e agora parte para as últimas definições antes do início das obras.
“É uma obra grande, em parceria com várias instituições, e que vai beneficiar a população de toda a região sudoeste do Estado, cerca de 120 mil pessoas. O hospital é inspirado no desejo do Reverendo”, diz o diretor-presidente do Instituto, José Albuquerque de Almeida.
A construção do empreendimento e a maior parte do investimento, avaliado inicialmente em R$ 58 milhões entre obras e equipamentos, é por parte de um grupo de médicos do Japão, onde já existe um Hospital Ishin. No Brasil, a instituição mantenedora será a Nova Esperança.
De acordo com o projeto, o empreendimento prevê ocupar uma área de cerca de 90 hectares, com direito a ala hospitalar, um SPA de nível internacional, residências e, a longo prazo, uma universidade de medicina.
Serão 150 leitos hospitalares e cerca de 90 dedicados ao SPA. Almeida explica que ainda não foi definida a quantidade de residências que serão construídas e se servirão de moradia para os médicos do hospital.
Os atendimentos hospitalares serão 60% destinados ao SUS (Sistema Único de Saúde) e o restante para pacientes com convênio de saúde ou particular.
Almeida ainda esclarece que o local pretende ser um hospital escola, com convênio entre universidades para o atendimento de residentes. Os investidores também estudam a possibilidade de instalar mais um audacioso empreendimento no local: uma faculdade de medicina.
“A universidade é algo que foi cogitado, mas ainda não tem nada de concreto. Seria uma obra para o futuro, alguns anos depois que o hospital já estiver funcionando”, esclarece.
Atendimentos - Os atendimentos devem ser feitos por médicos conveniados ao SUS e particulares, contando com profissionais também do Japão. Os aparelhos utilizados também devem contar com a tecnologia japonesa, além da presença da medicina natural do oriente.
Almeida ressalta que o hospital irá suprir a demanda de pacientes de alta e média complexidade na região, que antes eram levados para hospitais da Capital.
Segundo a entidade, serão cerca de 120 mil moradores beneficiados diretamente com o empreendimento, incluindo as 8 cidades da região sudoeste – Bonito, Bela Vista, Caaracol, Guia Lopes, Jardim, Bodoquena, Nioaque e Porto Murtinho.
O hospital deverá atender cerca de 30 especialidades, entre os atendimentos nas UTIs adulto e neonatal, maternidade, cardiologia, neurologia, cirurgia plástica e outros. Também serão disponibilizados exames de radiografia digital, tomografia, mamografia, ressonância magnética e outros.
Almeida ainda chama a atenção para os benefícios que o empreendimento deve trazer para o setor turístico da região, que engloba pontos visitados por moradores de todo o mundo.
“Os serviços providos por este hospital serão um importante ingrediente no marketing turístico internacional, oferecendo segurança na atenção à saúde, sobretudo, nos procedimentos de urgência ligados ao trauma, neurologia e cardiologia”, diz.
Acertos - O hospital será construído na área rural de Guia Lopes, entre os quilômetros 8 e 9 da rodovia estadual MS-382, na saída para Bonito. A área total com aproximadamente 90 hectares só foi adquirida parcialmente até agora, mas o Instituto garante que até janeiro terá todo o terreno.
A doação do terreno é a contrapartida da Prefeitura Municipal de Guia Lopes, que já comprou e repassou para o Instituto 25 hectares, adquiridos por cerca de R$ 250 mil, em meados deste ano.
Uma área de 35 hectares aguarda desapropriação da Prefeitura para doação ao Instituto. O local pertence à Associação das Famílias para Unificação e Paz Mundial – nome da entidade criada pela Igreja do Reverendo na região –, mas só pode ser doado após a desapropriação, já que está penhorado devido as altas dívidas que a Associação deve na Justiça.
Para completar a área, um terreno de 18 mil hectares, que fica no meio das duas propriedades, também deverá ser comprado pela Prefeitura. A longo prazo, os investidores esperam conseguir mais uma área de cerca de 15 hectares, que ainda não tem previsão para ser adquirida, e completaria os cerca de 90 hectares.
O próximo passo após a doação dos terrenos será a licença ambiental para construção na área e aprovação do projeto.
“Quando o projeto de execução e a área estiverem acertados vamos solicitar a licença para instalar o canteiro de obras”, frisa.
A previsão é de que as autorizações sejam concedidas até abril para a instalação do canteiro de obras no local. A pedra fundamental foi inaugurada em julho deste ano, em solenidade com diversas autoridades do Estado.
A próxima etapa para o funcionamento do hospital será o convênio com os médicos particulares e o SUS.
Pendências - Entre os moradores da região a construção do hospital é bem-vinda, como para o mototaxista Vicente de Paulo Pinho, de 50 anos. "Vai ser muito para todos nós, e é a realização do sonho do Reverendo, ele já se preocupava com a população daqui", diz.
Ele é membro da Igreja há cerca de 20 anos e ajuda nos trabalhos da instituição, que tem uma família, sendo o Reverendo o "grande pai".
Mas muitos ainda duvidam do empreendimento, já que foram muitas as promessas de benfeitorias que a Igreja da Unificação fez na região desde que se instalou em Jardim.
“Prometeram faculdade, depois uma indústria de suco e nada foi para frente. A escola também quase fechou e as propriedades rurais que adquiriram estão praticamente abandonadas”, diz um produtor rural de Jardim.
Outro problema é a quantidade de dívidas acumuladas pela Associação, que adquiriu diversas propriedades em pouco tempo, mas várias estão penhoradas na Justiça por conta de processos judiciais, entre dívidas com advogados e infrações ambientais.
No entanto, o presidente do Instituto esclarece que a obra do hospital é independente da Associação, ou seja, é vinculada apenas ao Instituto Nova Esperança e ao grupo japonês de médicos.
Com isso, o empreendimento não corre o risco de ser “tomado” para pagar dívidas da Associação.
A Igreja criou a Associação para gerenciar todas atividades na região, entre elas a fazenda New Hope e um escola em Jardim. O Instituto foi criado em 2003 para cuidar especificadamente as ações ligadas a área da saúde, com a criação do Centro de Diagnóstico em Guia Lopes.
“O Centro é a atividade que até hoje dá certo e o hospital será mais uma realização de sucesso. É um empreendimento que só vai trazer benefícios para todos e, portanto, não tem porque torcerem contra”, frisa Almeida.
O Centro de Diagnóstico atende mensalmente cerca de 350 pessoas, sendo 10% dos atendimentos totalmente gratuitos e cerca de 30% pelo SUS.
Fonte: Campo Grande News
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