O Jornal do Piauí desta quinta-feira (10) promoveu debate sobre a recomendação da promotora de Justiça Leida Diniz, que proíbe a destinação de verbas públicas para a realização do carnaval de Teresina. O pastor Fabrício Fonseca, o radialista Paulo Brito e a representante do Instituto Cultural Samba de Raiz do Piauí (Isambar), Cláudia Simone, expuseram seus pontos de vista divergentes.
Cláudia é contra a retirada dos recursos destinados à cultura por entender que as áreas de Saúde e Educação já possuem 70% do dinheiro público. "É claro que Educação e Saúde são prioridades, mas o que está sendo aplicado para a cultura? Por que retirar um valor que já é mínimo e destinar para outras áreas? O que deve haver é uma maior fiscalização do dinheiro público, para que não haja desvios", opinou.
Por outro lado, o pastor da Igreja Evangélica Fabrício Fonseca considera que o carnaval não é cultura e que fomenta drogas, bebedices e promiscuidade sexual. "O carnaval é diversão até que ponto? É só olhar as estatísticas e ver a quantidade de meninas grávidas, de pessoas que se envolvem em acidentes de trânsito e de viciados em drogas. As pessoas não vão ao carnaval focados na Cultura, vão focados nesse tipo de divertimento", argumentou.
Para o radialista, o foco não é a moralidade do carnaval. Ele também considera a discussão uma "demagogia" e é contra a recomendação da promotora. "A questão é o uso do dinheiro público, não é ser moral ou não. Não tem nada a ver com religião. É muita demagogia. A Copa, por exemplo, está todo mundo cobrando a construção dos estádios. Mas, ninguém vê que são obras feitas com dinheiro público para um evento privado. Então, deixa o carnaval aí. É um evento popular", discutiu.
O pastor rebateu as críticas defendendo que o dinheiro público da cultura deve ser destinado aos conselhos tutelares e escolas. "Se é para ter carnaval, vamos atrás da iniciativa privada. A mentalidade do carnaval é drogas, sexo e libertinagem".
Cláudia Simone ressaltou o lado empreendedor do carnaval e falou sobre a dificuldade de conseguir patrocínio. "Temos que pensar em todas as pessoas que trabalharam com cultura, que fazem as fantasias, os carros. Pensamos na sustentabilidade, mas os empresários não querem só bancar a festa, querem um retorno. Então por que esse dinheiro não pode vir através dos incentivos à cultura? O Estado tem a obrigação de proteger, incentivar e apoiar as manifestações culturais e o carnaval é a maior festa popular brasileira. A cultura é um negócio rentável que transforma a vida de muita gente", destacou.
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