quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Quem assassinou Kaique foi o PT


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 Confesso que no início me deixei levar pela versão de que o jovem Kaique Augusto Batista dos Santos havia sido vítima de um hediondo crime de homofobia. Até porque foi nesse contexto que as primeiras notícias sobre a violenta morte do rapaz chegaram até a maioria das pessoas. Num País que registrou, só em 2012, o assassinato de 338 homossexuais, não seria leviano acreditar que estávamos diante de mais uma vítima do ódio e da intolerância.
Mas me bastou ser alertado para a linha de investigação da polícia para que eu fincasse dois pés atrás nessa história, à espera de novas evidências — baseadas em perícias e eventuais testemunhas. Pois não deu outra: nesta terça, 21, a família do adolescente de 16 anos concorda que a suspeita inicial da polícia estava correta. Infelizmente, tudo indica que o garoto se matou, pulando de um viaduto no Centro de São Paulo.
O que mais me impressionava na hipótese de assassinato era a extrema crueldade necessária por parte dos eventuais criminosos. Seria assustador imaginar que monstros capazes de tamanha insanidade estariam soltos pelas ruas. Afinal, o rosto estava desfigurado, sem dentes e com terríveis fraturas nas pernas.
Mas também é assustadora a proporção que o caso tomou. Nesses poucos dias desde a descoberta do corpo, assistimos a um espetáculo macabro, típico de histeria coletiva, com preocupantes sintomas de morbidez por parte de significativa parcela da sociedade. Ignorando qualquer sensatez, o caso foi tratado com oportunismo e irresponsabilidade por gente até então conhecida por uma militância legítima, honesta e corajosa pela criminalização da homofobia.
As pessoas simplesmente não pararam um minuto sequer para refletir. O deputado Jean Wyllys, notório ativista da causa, escreveu um virulento artigo, cuja leitura se tornou constrangedora diante da realidade. Por maior que fosse sua boa intenção, nada justifica um parlamentar se basear em boatos para atacar ou defender pontos de vista.
O mais grave, porém, ficou por conta da ministra de Direitos Humanos, Maria do Rosário. Seu comportamento foi demagógico, intempestivo e imperdoável para quem age como representante do Estado brasileiro. Para ela, não há desculpas. Em nota pública, sem nenhum cuidado ou benefício da dúvida, afirmou categoricamente que o rapaz fora “assassinado brutalmente”, para a partir daí elaborar um discurso político que os fatos hoje cobrem de ridículo. Um retumbante pedido de desculpas caía bem — ou uma demissão, se não tiver humildade.
Os inimigos, opositores e críticos dos direitos dos homossexuais devem estar eufóricos. Assim como os ataques sistemáticos e sectários ao deputado Marco Feliciano tiveram como principal consequência o fortalecimento do ideário mais conservador, podem apostar que o atropelo e, principalmente, a demagogia e falta de sensibilidade com que trataram a morte de Kaique (“um jovem negro, pobre e gay”) vai custar muito caro àqueles que cerram barricadas contra a homofobia.
Em março de 2013, escrevi neste blog: Quem elegeu Marco Feliciano foi o PT. Pois bem, agora eu afirmo, com certa amargura: quem matou Kaique foi o PT. Mas também não posso deixar de registrar, com triste ironia: parabéns a todos os envolvidos.


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