A candidata do PSB à Presidência da República, Marina Silva, reclamou nesta quinta-feira (4), durante sabatina em Porto Alegre, que a imprensa só questiona sobre sua fé em razão de ela ser evangélica. A presidenciável classificou as indagações em torno de seus posicionamentos religiosos como "preconceito" e disse que não vê o tema sendo colocado a católicos ou a pessoas sem nenhuma crença. Marina participou do Painel RBS especial de eleições, entrevista promovida pelo Grupo RBS, na capital gaúcha.
"Essa pergunta é feita a mim porque sou evangélica, nunca vi ninguém fazendo essa pergunta a um líder católico ou a uma pessoa que não tenha crença", respondeu Marina, ao ser questionada sobre a influência de suas crenças em suas decisões. "A fé de qualquer pessoa faz parte de sua vida e acho que deve ser respeitada tanto quanto quem não tem crença nenhuma. O presidente da República comprometido com o Estado laico tem de defender o Estado laico", ponderou.
Na última terça (2), ao ser indagada durante entrevista ao "Jornal da Globo" sobre se era verdade que tomava decisões lendo aleatoriamente a Bíblia, ela ressaltou que, para qualquer pessoa cristã ou judia, "a Bíblia é sem sombra de dúvida uma fonte de inspiração". Na ocasião, a ex-senadora afirmou que, apesar da inspiração religiosa, para todas as pesssoas "as decisões são tomadas com base racional".
Marina chegou aos estúdios da RBS TV, onde ocorreu a sabatina, acompanhada de seu candidato a vice, o deputado Beto Albuquerque (RS), e do senador gaúcho Pedro Simon (PMDB), que foi convencido pela presidenciável do PSB a disputar a reeleição ao Senado.
A ex-senadora foi a terceira entrevistada da série de painéis do Grupo RBS com os presidenciáveis. Dilma Rousseff foi a primeira a ser sabatinada. Luciana Genro participou do evento na semana passada.
Casamento gay
Na sabatina desta quinta, Marina Silva também voltou a comentar as alterações promovidas no capítulo de seu programa de governo que defendia o apoio ao casamento gay. Um dia após lançar seu conjunto de propostas para a eleição presidencial, a campanha do PSB tirou o trecho que manifestava apoio a projetos para legalizar o casamento igualitário no Brasil, que permite a união entre pessoas do mesmo sexo.
Na sabatina desta quinta, Marina Silva também voltou a comentar as alterações promovidas no capítulo de seu programa de governo que defendia o apoio ao casamento gay. Um dia após lançar seu conjunto de propostas para a eleição presidencial, a campanha do PSB tirou o trecho que manifestava apoio a projetos para legalizar o casamento igualitário no Brasil, que permite a união entre pessoas do mesmo sexo.
Segundo a candidata, o recuo em torno do tema não se deu por pressão do pastor Silas Malafaia, líder da igreja evangélica Assembleia de Deus Vitória em Cristo. Malafaia criticou a proposta da ex-senadora nas redes sociais assim que foi divulgado que o programa dela se posicionava a favor de que o casamento gay se tornasse lei.
"Para ser sincera, eu nem li os tuítes do pastor Silas Malafaia. Não me sinto pressionada por ele e nem por ninguém. Eu me sinto no processo de discussão democrática. O nosso programa é respeito aos direitos da pessoa. Os direitos dos que creem e dos que não creem", disse Marina.
Ela assegurou na entrevista em Porto Alegre que a alteração no programa foi feita pela própria equipe de governo, e não por ela. "As pessoas podem até não acreditar. Já tem preconceito pelo fato de eu ser evangélica", enfatizou.
Apesar do mal-estar provocado com militantes de movimentos sociais devido ao recuo na pauta gay, a candidata afirmou ter melhores propostas para os homossexuais do que as apresentadas pela presidente Dilma Rousseff, candidata do PT à reeleição, do presidenciável do PSDB, Aécio Neves, e da ex-deputada Luciana Genro, que disputa a corrida presidencial pelo PSOL.
"Posso te dizer que, no nosso programa, os direitos da comunidade LGBT são melhores contemplados que os programas da Dilma, da Luciana e do Aécio. O deles têm uma pequena frase. O nosso assegura direitos", destacou Marina.
Polarização
A candidata do PSB criticou em meio à entrevista a polarização entre PT e PSDB. Indagada, sobre a possibilidade de obter votos dos eleitores de Aécio em um eventual segundo turno com Dilma, ela disse que, se eleita, irá governar o país com o auxílio dos melhores de PT, PSDB e PMDB, além de expoentes do mundo acadêmico e empresarial.
A candidata do PSB criticou em meio à entrevista a polarização entre PT e PSDB. Indagada, sobre a possibilidade de obter votos dos eleitores de Aécio em um eventual segundo turno com Dilma, ela disse que, se eleita, irá governar o país com o auxílio dos melhores de PT, PSDB e PMDB, além de expoentes do mundo acadêmico e empresarial.
Questionada sobre a presença em um eventual segundo turno, Marina repetiu o havia dito na quarta-feira ao G1, que só gostaria de se manifestar após a conclusão da primeira etapa das eleições.
“Eu dizia em 2010 que segundo turno a gente discute no segundo turno. Não acho que seja saudável para a democracia essa ideia de que as eleições tenham que virar um plebiscito entre os dois grandes partidos”, opinou.
Palestras remuneradas
O tom calmo de Marina só foi alterado durante o Painel RBS quando ela foi questionada sobre os ganhos que obteve com palestras proferidas nos últimos anos. Reportagem publicada no último domingo (31) pelo jornal "Folha de S.Paulo" aponta que empresa de Marina faturou R$ 1,6 milhão desde que foi criada, em março de 2011, até junho deste ano. Nos últimos 39 meses, informou a publicação, a ex-senadora celebrou 65 contratos para participar de 72 apresentações remuneradas.
O tom calmo de Marina só foi alterado durante o Painel RBS quando ela foi questionada sobre os ganhos que obteve com palestras proferidas nos últimos anos. Reportagem publicada no último domingo (31) pelo jornal "Folha de S.Paulo" aponta que empresa de Marina faturou R$ 1,6 milhão desde que foi criada, em março de 2011, até junho deste ano. Nos últimos 39 meses, informou a publicação, a ex-senadora celebrou 65 contratos para participar de 72 apresentações remuneradas.
“Vivo do meu trabalho. Fui contratada para fazer palestras, mas nunca entrei no circuito comercial de palestras. Minha atitude sempre foi a militância da minha causa. Se eu tivesse entrado, como muitos fazem, Bill Clinton, FHC, teria outro desempenho”, observou Marina, complementando que ganhou R$ 1,6 milhão no período, mas que pagou “todos os encargos” de sua empresa.
Depois de dizer que não há nada errado em sua atividade como palestrante, ela disparou críticas contra o PT. Segundo a ex-senadora, o partido da presidente Dilma Rousseff criou "esse factoide".
"Lamento profundamente que a presidente Dilma se submeta a esse tipo de lógica do poder pelo poder, de que vale tudo para ganhar essas eleições. Nem ela, nem Aécio, vão ver nenhum tipo de acusação leviana minha. Eu prefiro perder ganhando do que ganhar perdendo”, alfinetou.
Plano de governo
Além de voltar a defender a educação integral nas escolas públicas, o repasse de 10% do pré-sal para a educação e 10% da receita bruta do país para a saúde, a candidata se comprometeu com uma reforma sem aumento da carga tributária para os brasileiros, uma política econômica que diminua juros e prometeu investimentos em infraestrutura. Ela garantiu que, se eleita, irá concluir obras prioritárias para o Rio Grande do Sul, como a segunda Ponte do Guaíba, e a duplicação da BR 101, em Santa Catarina.
Além de voltar a defender a educação integral nas escolas públicas, o repasse de 10% do pré-sal para a educação e 10% da receita bruta do país para a saúde, a candidata se comprometeu com uma reforma sem aumento da carga tributária para os brasileiros, uma política econômica que diminua juros e prometeu investimentos em infraestrutura. Ela garantiu que, se eleita, irá concluir obras prioritárias para o Rio Grande do Sul, como a segunda Ponte do Guaíba, e a duplicação da BR 101, em Santa Catarina.
“A lógica do governo tem que ser um jogo em que todos possam ganhar. Muitas vezes as coisas não andam porque o agente público não tem credibilidade”, avaliou. “Nosso compromisso é fazer a conclusão das obras resolvendo problemas que eventuais aconteçam”, prometeu.
Questionada sobre firmar parcerias público-privadas para efetivar a conclusão de tais obras, Marina disse não ver problemas nesse tipo de acordo. “Estou defendendo isso desde 2010 e quando fui ministra (do Meio Ambiente) fui pioneira na questão da PPP. Não é nenhum problema. Tem coisas que só o estado pode fazer, mas tem coisas que podem ser feitas com a iniciativa privada e isso é muito bom”, ressaltou.
Sobre o impasse envolvendo a disputa por terras e os recentes conflitos envolvendo comunidades indígenas e pequenos agricultores, Marina pregou a criação de uma “mesa de diálogo” entre as partes e defendeu o que está na Constituição Federal.
“Tive uma reunião com agricultores familiares e ali eles levantaram essa questão. É preciso que se crie uma mesa de diálogo entre esses dois segmentos importantes. Não imagino que eles queiram passar por cima dos índios nem os índios passar por cima dos agricultores. O estado tem postura omissa e deixa esse conflito acontecer”, alfinetou Marina.
A lógica do governo tem que ser um jogo em que todos possam ganhar. Essa discussão [sobre terras indígenas] tem um problema: a Constituição deve ser respeitada e que se continue os processos como está. Isso não significa que haverá prejuízo no interesse público”, ponderou.
Críticas ao governo
Ambientalista e defensora da causa sustentável, a candidata ao Palácio do Planalto apresentou propostas que priorizem a produção de fontes renováveis de energia. “Estamos à beira de um colapso ambiental global e a humanidade inteira está correndo atrás de fontes renováveis de energia. O que nós temos que fazer é utilizar essas fontes para produzir as alternativas adequadas”, discorreu.
Ambientalista e defensora da causa sustentável, a candidata ao Palácio do Planalto apresentou propostas que priorizem a produção de fontes renováveis de energia. “Estamos à beira de um colapso ambiental global e a humanidade inteira está correndo atrás de fontes renováveis de energia. O que nós temos que fazer é utilizar essas fontes para produzir as alternativas adequadas”, discorreu.
Marina afirmou que o país não pode “ignorar” novos investimentos na área. “O Brasil está ficando preso a uma única fonte de geração de energia. Nós temos carvão, petróleo, o pré-sal vai continuar sendo explorado, mas não podemos negligenciar os novos investimentos. Não podemos ficar presos ao século 20”, sustentou.
O controle de preços também foi abordado na sabatina. Marina disse que Dilma não cumpriu com o compromisso firmado antes de assumir o governo e garantiu que irá procurar mecanismos para controlar a inflação.
“Ela (Dilma) tem que dar uma resposta urgente para a questão dos preços praticados. Nós vamos buscar os mecanismos para que o Brasil tenha o controle da inflação, não porque estamos maquiando a realidade, mas para o país voltar a crescer”, reforçou. “A presidente Dilma se elegeu dizendo que iria controlar a inflação, faria o país crescer e que baixaria os juros. Não cumpriu esse compromisso”, criticou.
Apesar das críticas e questionamentos, Marina sustentou que seu governo irá “manter as conquistas e corrigir os erros” das administrações anteriores. “Estamos dizendo de antemão que vamos manter as conquistas do PSDB na política econômica e vamos manter as conquistas do PT na política social”, analisou.
G1
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