A Coreia do Sul terceiriza sua primeira prisão privada às igrejas protestantes. As associações de direitos humanos estão preocupadas.
É muito perigoso. A prisão deve ser responsabilidade do governo, não uma organização religiosa. Duck Kim-jin, secretário-geral do Comité Católico dos Direitos do Homem, não deixa de está furioso.
Com sede em Seul, a associação está envolvida na defesa dos direitos dos prisioneiros. Ela opôs-se à recente decisão do governo sul-coreano de entregar a gestão da primeira prisão privada do país a um grupo de igrejas evangélicas protestantes.
Apelidado de "Somang", que significa "esperança" em coreano, o centro de detenção foi aberto em dezembro. Com uma capacidade de 300 lugares que atualmente abriga cerca de trinta prisioneiros. É financiado pelo governo, que paga à fundação protestante Agape, responsável pela sua gestão, 90% dos custos de uma prisão gerenciada pelo Estado.
"Este projeto nos permite resolver os problemas de superlotação, e praticar uma variedade de programas para reduzir os índices de reincidência", diz Park Byung-rae, um porta-voz do Departamento de Justiça. O ministério disse que a Coreia do Sul tem atualmente 46 mil presos e as prisões estaduais já não são suficientes para acomodar o número de presos que aumentou consideravelmente desde a crise financeira asiática de 1998.
A questão do proselitismo alarmado pelos Catolicos
Ágape é a fundação que seleciona os detentos através de uma lista de prisioneiros que se candidatam e são selecionados pela administração prisional. São aceitos homens com idade entre 20-60 anos, cuja a pena é inferior a sete anos.
Os responsáveis protestantes fixaram uma meta de atingir uma taxa de reincidência de apenas 3%, bem abaixo da taxa média de readmissão de 22,4% observado no país. Para isso, várias atividades são executadas, incluindo um programa de orientação que envolverá 600 voluntários, e um programa de estudo da Bíblia.
É justamente a questão do proselitismo que alarma o Comité Católico, "Essas igrejas acreditam que sua prisão é uma excelente oportunidade para aumentar o número de seus seguidores", avisa Kim Duck-jin. Mas o Ministério da Justiça garante que seu time vai estar vigilante, e que a liberdade religiosa dos presos sejam respeitados.
19% da população sul-coreana é protestante.
Certamente, os primeiros passos da prisão Somang, será observado sob microscópio. Mas os próximos 2-3 anos, quando a prisão estará bem estabelecida, que pode prever o que vai acontecer lá?, se pergunta Kim Duck-jin, que faz visitas freqüentes a presídios.
Igrejas evangélicas da Coréia do Sul, em 1995, começaram uma intensa campanha para permitir a criação de prisões privadas. Em 1999, a Assembleia Nacional Sul Coreana deu sinal verde ao projeto.
O fato do presidente Lee Myung-bak ser protestante contribuiu, sem dúvida. Hoje, 19% da população sul-coreana é protestante, e as autoridades católicas e budistas acusam regularmente o Chefe de Estado de exibir suas crenças religiosas abertamente.
FONTE.
EUROPA GOSPEL