“E,
CORRENDO ADIANTE, SUBIU A UMA FIGUEIRA BRAVA PARA O VER; PORQUE HAVIA DE PASSAR
POR ALI.” LUCAS 19:4
A figueira é um dos
símbolos que personifica a nossa individualidade. Ela apresenta
sentido de justiça, ao passo que a oliveira, vinculada à produção da luz, indica
o plano metabólico e de clareamento dos corações, e a videira, como manifestação
máxima do amor, completa o processo de ascensão nosso.
Zaqueu não subiu em uma
figueira qualquer, ele subiu em uma figueira brava, e esse adjetivo tem uma
importante representação. O adjetivo brava define que a figueira é de má
qualidade, de pouca expressão produtiva. Ela produz frutos, mas frutos ruins,
que deixam a desejar, chegam a desagradar. Então, a gente nota que ela é uma
árvore rejeitada, indesejada, em razão da sua ineficiência.
E onde está a figueira
hoje? Com certeza muito mais perto do que a gente pensa.
Ela se expressa hoje
nas pessoas, situações e coisas que nos alcançam de forma imperiosa, contundente
e menos feliz. Manifesta-se de forma inconveniente e desagradável em nossa vida.
É a dificuldade fora da gente, a complicação à nossa volta, dentro de casa, no
serviço, que nos incomoda e proporciona insatisfação, consideradas alienadas e
até mesmo desprezadas no contexto a que estamos inseridos.
A figueira brava é uma
expressão de reflexo. Reflete a nossa chaga interior que nós não estamos
enxergando. Ela é a conexão nossa com o passado, hoje, que apresenta uma série
de pontos de contato capazes de emergir situações difíceis especialmente na
família. Sim, muitas vezes essas dificuldades maiores são aqueles seres cujos
destinos estão vinculados ao nosso de forma menos feliz.
A figueira brava
decorre da necessidade íntima nossa, porque ela significa o reflexo de uma ação
pretérita. O parente complicado ou em desequilíbrio, o chefe intransigente do
qual não conseguimos nos desvencilhar, e por aí adiante.
Não existe efeito sem
causa e essas criaturas em desajuste junto de nós de algum modo são efeitos do
ontem, ou do hoje, na nossa intimidade. Os problemas são os desconectores, eles
nos chegam para resolver a questão, trabalham a desconexão das amarras que nos
prendem ao passado. E muitas das representações dessa figueira acontecem na
atualidade dentro do ambiente doméstico, a partir de um intermediário que
reflete a necessidade de alguém, especialmente pela instauração de um problema
além do previsto pelo contingente familiar.
O parente complicado
que você julga carregar nas costas, por espírito de heroísmo, via de regra, é a
mesma criatura que, em outra época, arrojaste ao desespero e à perturbação.
Evidente que a gente não lembra por passarmos por um período de esquecimento
mnemônico enquanto na presente encarnação.
É indicativo para não
nos descuidarmos das situações que existem dentro do lar para aquecermos, de
pronto, o próximo que está um pouco além do nosso lar. Porque nossa evolução
está começando com aqueles que a misericórdia do Pai colocou mais próximos,
dentro de casa. Vamos nos tranquilizar, a pedra em casa não é pedra, é degrau.
Sem contar que a paciência nos ajuda. Nós achamos que estamos na dificuldade
porque somos vítimas, no entanto, deixemos de ser pretensiosos, tem muita gente
na vida que também custa a nos aguentar.
Ocorre que enquanto
Zaqueu subiu na figueira brava, e a usou para ver Jesus, nós a desprezamos e
queremos tirá-la do nosso caminho.
Isso é comum. Assim
temos o hábito de fazer, o que nos desagrada enormemente a gente quer excluir da
nossa vida. Porém, é muito importante entendermos que essa figueira é a
dificuldade que a gente quer tirar fora, mas muitas vezes ela representa o
instrumento da nossa redenção, é aquele componente educativo que se o tirarmos
fora na maioria dos casos podemos voltar com ele.
Agora imagine que se
subir em uma figueira já exige certo esforço, em uma figueira brava o esforço é
ainda maior. E embora pareça estranho um chefe dos publicanos subir em uma
árvore em plena via pública, vamos notar que quanto mais complicada é a situação
de alguém, maior também o lance que ele faz quando de sua mudança, maior o
testemunho que realiza quando se propõe.
A preocupação íntima
não deve ser com a nossa reação, mas com a ação, evitar reagir ao mal e, sim,
melhorar a ação no seu aspecto essencialmente positivo.
Não devemos tanto nos
preocupar em ficarmos livres, em afastarmos quem quer que seja do nosso caminho.
Pelo contrário, o que devemos fazer é criar condições para termos a companhia
daqueles a quem gostamos. A seu tempo vamos observando que a substituição vai
sendo feita, às vezes, até mesmo sem a saída daquele elemento que nos é
desagradável, porém, com a permanência dele em uma expressão nova de vida. Anote
isso, no momento em que aprendermos a estar bem as pessoas que nos incomodam
acabam passando, e enquanto tivermos que conviver com elas é sinal claro de que
estamos, ainda, precisando desse contato.
E para superar a
pequena estatura e ver Jesus Zaqueu subiu a uma figueira. Isso nos ensina que
para esse encontro ele precisou elevar-se acima do nível do chão, necessitou
elevar-se acima dos seus padrões. Logo, nós não temos como visualizar o Cristo,
e nem ser vistos por ele, sem nos erguermos acima do terreno em que estamos
sedimentados.
O evangelho é lindo e
claro, subir na figueira é utilizar o obstáculo, a dificuldade, como instrumento
de reerguimento e elevação. Por isso, meu amigo, minha amiga, não se desespere
nem se amedronte diante da figueira em tempo algum. O que parece pedra em nosso
caminho não é pedra, é degrau.
Figueira brava é
componente de elevação, instrumento para crescer, mecanismo de projeção, indica
o que a gente precisa para elevar-se, e pelo qual a gente vê Jesus. E vamos
subi-la pela nossa tranquilidade, paciência, pela segurança, discernimento, pelo
trabalho produtivo, pela capacidade nossa de orar.
VIA GRITOS DE ALERTA