O candidato republicano à presidência dos EUA, Mitt Romney, afirmou que
os palestinos "não têm interesse" na paz com Israel, segundo um vídeo
divulgado nesta terça-feira (18) em que ele discursa para doadores da
campanha em Boca Raton, na Flóirida, em 17 de maio.
O vídeo aparece um dia após a divulgação, pela campanha democrata, de gravação, feita no mesmo encontro, em que o republicano critica os eleitores do presidente Barack Obama.
"Vocês esperam algum grau de estabilidade, mas vocês reconhecem que
este vai continuar sendo um problema insolucionado", disse, em imagens
feitas por uma câmera escondida.
A revista Mother Jones divulgou nesta terça-feira novos trechos do
discurso de Romney no evento da Flórida (que teve o custo de US$ 50 mil
por participante), nos quais ele fala de política internacional,
particularmente sobre o conflito entre israelenses e palestinos.
As capacidades de Romney como eventual comandante-em-chefe das Forças
Armadas americanas estão sendo avaliadas desde que ele foi amplamente
condenado por criticar o presidente Barack Obama logo depois do ataque
ao consulado dos Estados Unidos em Benghazi (Líbia), no qual morreram o
embaixador e outros três funcionários americanos.
O
candidato republicano à presidência dos EUA, Mitt Romney, faz campanha
nesta segunda-feira (17) em Costa Mesa, na Califórnia (Foto: AP)
Questionado no evento se "o problema palestino" poderia ser superado, o
candidato republicano respondeu que os palestinos "não têm
absolutamente interesse algum pela paz" e que "o caminho para a paz é
quase impensável".
Romney disse que, se for eleito em novembro, simplesmente abandonará o tema.
Sem uma análise sobre as diferentes tendências palestinas, as
observações do republicano parecem descartar a possibilidade de que os
líderes palestinos desejem a paz com Israel.
"Não acho que os palestinos queiram a paz (...), estando comprometidos,
por razões políticas, com a destruição e a eliminação de Israel; digo
que estes temas difíceis praticamente não têm solução", afirma Romney no
vídeo.
"Você administra as coisas da melhor maneira possível. Você espera
alguma estabilidade, mas reconhece que isto continuará sendo um problema
sem solução e o deixa mais para frente, à espera de que finalmente, de
um modo ou de outro, aconteça algo que resolva", disse
Desde o início da campanha, Romney expressa lealdade e apoio a Israel.
Ele acusa o presidente Obama de ter abandonado o aliado americano.
No vídeo, o candidato republicano afirma que "a ideia de pressionar os
israelenses para que deem algo aos palestinos em troca de alguns gestos é
a pior ideia do mundo".
Romney já havia provocado a revolta dos palestinos durante uma visita a Jerusalém em julho.
Os palestinos ficaram indignados particularmente com declarações do
candidato republicano consideradas racistas, quando ele afirmou que a
diferença de desenvolvimento econômico entre palestinos e israelenses é
motivada por "diferenças culturais".
Ele também provocou revolta a observação de que Jerusalém é a "capital
de Israel", já que os palestinos desejam que a cidade também seja a
capital de seu futuro Estado.
O candidato republicano tem criticado acidamente o rival, ao qual
atribui uma "concepção extraordinariamente ingênua" da política externa,
por acreditar que seu "magnetismo, carisma" e "persuasão" podem
convencer o presidente russo, Vladimir Putin, o venezuelano Hugo Chávez e
o iraniano Mahmud Ahmadinejad a parar de fazer coisas ruins.
A equipe de campanha democrata não escondeu a satisfação na
segunda-feira com a divulgação dos primeiros trechos do discurso de
Romney, nos quais ele afirma que 47% do povo americano votará no
presidente em qualquer circunstância e que ele não pode se preocupar com
esses eleitores.
"É difícil atuar como presidente de todos os americanos quando se
despreza metade da nação", destacou em um comunicado o diretor de
campanha de Obama, Jim Messina.
Romney concederá nesta terça-feira uma entrevista coletiva organizada
às pressas em Los Angeles para tentar conter o escândalo provocado por
suas observações "improvisadas" que, segundo disse, "não foram
elegantemente comunicadas".
Após as convenções partidárias, as pesquisas não param de apontar o
aumento da vantagem do presidente Obama nas intenções de voto.
G1/GRITOS DE ALERTA