Ao menos 25 pessoas morreram neste domingo em uma explosão no interior de uma igreja copta ortodoxa no Cairo, no pior ataque contra esta minoria religiosa na história recente do país.
A explosão aconteceu no meio da manhã na Igreja de São Pedro e São Paulo e nenhum movimento reivindicou por ora o atentado.
Citando fontes da segurança, a tv estatal afirmou que a bomba, que explodiu no salão principal do templo foi fabricada com 12 kg de TNT.
No interior da igreja, horas depois do atentado, reinava um odor intenso de sangue, constatou o jornalista da AFP. Espalhados no chão cacos dos vitrais destruídos junto a sapatos e outros objetos pessoais dos fiéis.
As ambulância retiraram as vítimas sob vigilância das forças de segurança.
"Este templo é profundamente amado por muitos fieis coptas no Cairo, que comparecem em massa às missas", explicou à AFP o bispo Angaelos, bispo-geral da Igreja copta na Grã-Bretanha.
Segundo Angaelos, os serviços religiosos de domingo foram realizados nesta igreja devido aos trabalhos de reforma em curso na catedral.
A polícia estabeleceu um perímetro de segurança, enquanto que uma pequena multidão gritava condenando o ataque e pedindo a demissão do ministro do Interior.
'Um alvo fácil'
As autoridades vão examinar o conteúdo das câmeras de segurança da Igreja para tentar localizar o autor ou autores do ataque.
"É um alvo fácil porque a entrada se encontra no exterior do perímetro da catedral e não está protegida", afirmou o bispo.
Por sua parte, o papa Tawadros II interrompeu sua visita à Grécia para voltar à capital egípcia em função da tragédia.
Em um comunicado postado no Facebook, a Igreja copta pediu a "unidade nacional que une os egípcios na terra abençoada do Egito".
O presidente egípcio Abdel Fatah al Sissi condenou o ataque, que classificou de "covarde", e declarou três dias de luto nacional.
"O atentado é dirigido contra a nação com seus cristãos e seus muçulmanos. O Egito sairá mais unido", assegurou.
O primeiro-ministro egípcio Sherif Ismail reagiu em um comunicado: "Os muçulmanos e os cristãos da nação se solidarizam contra este ato de terrorismo".
O ímã da Al Azhar, a mais alta instituição do islã sunita no Egito, também condenou o ataque, denunciando o terrorismo dirigido "contra almas inocentes".
Os coptas ortodoxos do Egito formam a minoria cristã mais numerosa do Oriente Médio e uma das mais antigas.
Em 1o. de janeiro de 2011, um atentado não reivindicado deixou 23 mortos e cerca de 80 feridos, a maioria cristãos, na saída de uma igreja copta após a missa do Ano Novo em Alexandria, segunda cidade do país.
Em 8 de março desse ano, 13 pessoas foram assassinadas em enfrentamentos entre muçulmanos e coptas no bairro pobre de Moqatan, no Cairo, onde centenas de cristãos haviam se concentrado para protestar contra o incêndio de uma igreja no sul da capital.
Dois meses mais tarde, novos confrontos interreligiosos deixaram 12 mortos coptas e mais de 200 feridos em um bairro do Cairo, onde uma igreja foi atacada e outra incendiada.
Os coptas, pouco representados no Governo, se consideram discriminados pela administração pública de um modo geral.
O fortalecimento de um Islã rigoroso agrava o sentimento de marginalização, principalmente desde a queda do presidente Hosni Mubarak, em 2011, que se traduziu por uma degradação do clima de segurança e uma presença maior dos islamitas.
Fonte: Jornal Floripa