O senador José Sarney (PMDB-AP) foi reeleito nesta terça-feira para a presidência do Senado, cargo que vai ocupar pela quarta vez.
Na presença dos 81 senadores, o peemedebista foi eleito por 70 votos contra 8 recebidos pelo senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), único adversário de Sarney na disputa. Um senador votou nulo e dois senadores em branco.
Apesar de Sarney ter o apoio de todos os partidos, inclusive os de oposição, o PSOL decidiu lançar candidato próprio como forma de protesto ao nome do peemedebista --pivô do escândalo dos "atos secretos" que levou a Casa a entrar numa crise ética em 2009.
A bancada do PSOL tem apenas dois senadores, mas Randolfe conquistou o apoio de oito parlamentares.
A votação foi secreta, em cédulas de papel, como previsto pelo regimento do Senado quando há mais de um candidato na disputa. Randolfe discursou com a promessa de implementar uma "limpeza ética" no Senado caso eleito. Sarney optou pelo silêncio, sem discursar aos colegas. Mas cumprimentou o adversário ao final do seu pronunciamento.
A escolha de Sarney pelo PMDB foi uma estratégia para garantir a permanência da sigla no comando do Senado, uma vez que o nome do peemedebista é considerado como de "consenso" entre os senadores, inclusive os da oposição.
Pela tradição da Casa, a maior bancada eleita indica o presidente --prerrogativa que este ano cabia ao PMDB.
O Senado volta a se reunir mais tarde para eleger os demais cargos da Mesa Diretora.
O PT decidiu indicar a senadora Marta Suplicy (PT-SP) para a primeira vice-presidência da Casa. A petista venceu a disputa interna do partido com José Pimentel (PT-CE) para ficar por um ano no cargo. Em 2013, Pimentel assume suas funções.
ATOS SECRETOS
Em 2009, Sarney enfrentou uma avalanche de denúncias no Senado. Ao lado dos ex-diretores da Casa Agaciel Maia e João Carlos Zoghbi, o peemedebista foi acusado de nomear parentes por meio de atos não publicados pela instituição.
O Senado registrou mais de 300 atos secretos, o que resultou em 11 pedidos de cassação do mandato de Sarney --todos arquivados pelo Conselho de Ética. Ele respondeu às denúncias na presidência, sem se afastar do cargo. Sarney ocupa a presidência do Senado pela quarta vez-- as anteriores foram em 1995, 2003 e 2009.
Ex-presidente da República e ex-governador do Maranhão, Sarney nasceu no Maranhão em abril de 1930. Foi senador, deputado e o primeiro presidente a assumir o governo federal depois da ditadura militar (embora não tenha sido eleito pelo voto direto).
É atualmente o político mais antigo ainda em atividade no Congresso Nacional. O peemedebista é membro da Academia Brasileira de Letras e pai da governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB), do deputado federal Sarney Filho (PV-MA) e do empresário Fernando Sarney.
Fonte folha.com.br
1. A megamanifestação ocorrida pela manhã na praça Tharir deu vida ao discurso da perda da legitimação por parte de Hosny Mubarak, presidente que se mantém no cargo há quase 30 anos.
Para os opositores, cerca de 2 milhões de cidadãos egípcios estiveram presentes à praça Tahrir para pedir urgentes reformas políticas e a queda de Mubarack. Como consequência, o presidente Mubarack teria perdido a legitimação, que provém do povo.
No fundo, uma adequação, sem o devido processo, do instituto do “recall”, que vigora nos EUA ( na Califórnia, o cartão vermelho do recall foi aplicado ao antigo governador e se elegeu Arnold Schwarzenegger), Rússia e alguns cantões suíços.
O discurso da perda de legitimidade para continuar a governar o Egito saiu de uma reunião que ocorreu hoje entre os grupos de oposição.
Dessa reunião oposicionista participaram as lideranças do Al-Wafd (liberais democratas), Al Nassi (nacionalistas), Movimento Nacional para Mudanças (progressistas), Fraternidade Muçulmana (adeptos de uma teocracia) e Tajamud (reúne vários grupos de esquerda).
Em entrevista, o líder El-Baradei, já vencedor do Prêmio Nobel da Paz, deu um “ultimatum a Mubarak”: “Deverá deixar o país até sexta-feira para evitar um banho de sangue”.
Segundo estimativa da ONU, o conflito no Egito iniciado na terça 25 resultou, até agora, em 300 mortes. E uma mensagem da Unesco pede proteção urgente aos tesouros egípcios diante de constantes tentativas de saque.
2. O Irã, sem nenhuma sutileza, aproveitou a comemoração de hoje do 32º. Aniversário da Revolução Islâmica para reproduzir, em irritantes repetições pela rádio e televisão, o discurso do falecido aiatolá Sayyid Ruhollah Musavi Khomeini.
Em antigo vídeo, Khomeini conclama o Egito a por fim à influência norte-americana: “O povo egípcio deve se rebelar e afastar da região o arrogante global e os seus aliados” (referência aos EUA e governo egípcio).
No Egito, os islâmicos sunitas representam 89% da população. O Irã é xiita, enquanto os al-qaedistas são fundamentalistas sunitas que pretendem unir a todos, mas sob orientação de Osama bin Laden, que se apresenta como o novo califa.
3. A Fraternidade Muçulmana é a principal força político-religiosa e extremista do Egito. A assembléia parlamentar nacional é composta por 454 membros, sendo dez de livre escolha do presidente da República. A Fraternidade Muçulmana detém 88 cadeiras.
Para analistas internacionais, cerca de 20% dos egípcios apóiam a Fraternidade Muçulmana. Para republicanos e direitistas israelenses, os bem organizados membros da Fraternidade Muçulmana poderão vencer a eleição e chegar ao poder, com riscos à paz mundial.
Ontem, o ator Omar Sharif, que é egípcio e vive no Cairo, disse querer a democracia com a substituição de Mubarack. Mas, disse estar temeroso com a minoria radical islâmica. Em outras palavras, teme por um Estado teocrático, como no Irã xiita.
Depois de pegar carona nas manifestações iniciadas na terça 25 por estudantes e trabalhadores desejosos de mais liberdade e democracia, a Fraternidade Muçulmana já começa a fazer exigências. Hoje, expediu comunicado a refutar qualquer diálogo com o vice-presidente Omar Suleiman, que o Exército apóia para conduzir a transição.
PANO RÁPIDO. Com o discurso da perda de legitimidade de Mubarak, a oposição quer a queda do presidente e convocação imediata de eleições. Nada de esperar até outubro, ou seja, o calendário oficial.
Wálter Fanganiello Maierovitch