domingo, 17 de julho de 2016

DE MELQUISEDEQUE A ABRAÃO


Nesta lição, estudaremos a ocasião em que Abraão junto com os seus servos, entrou numa guerra com o intuito de libertar seu sobrinho Ló, que havia sido levado cativo. Ao retornar da peleja, ele encontrou-se com Melquisedeque, que era rei de Salém, a antiga Jerusalém, e que também exercia o sacerdócio antes mesmo da instituição da Lei. Abraão, recebeu dele pão e vinho, foi abençoado por ele e deu-lhe os dízimos de tudo. O sacerdócio de Melquisedeque é uma figura ou tipologia do sacerdócio de Cristo. 

I – QUEM FOI MELQUISEDEQUE
“Melquisedeque é a transliteração, para o português, do termo hebraico “Malkisedeq”, que significa “rei da justiça”. Ele era rei de Salém (a antiga Jerusalém) e sacerdote de El Elion (Deus Altíssimo), o que o tormava um rei-sacerdote, o que serviu mui apropriadamente para ilustrar o mesmo oficio, ocupado em forma muito mais significativa, pelo Senhor Jesus Cristo” (CHAMPLIN, 2001, p. 210). A história de Melquisedeque é mencionada nas Escrituras na ocasião em que ele encontrou-se com o patriarca Abraão (Gn 14.18-20); no Salmo 110; e também na Epístola aos Hebreus (caps. 5-7). Vejamos, ainda, outras informações sobre ele:

1.1 Rei de Salém (Gn 14.18-a). Salém é a forma abreviada de Jerusalém e é encontrada pelo menos cinco vezes nas Escrituras (Gn 14.18; 33.18; Sl 76.2; Hb 7.1,2). Este título dado a Melquisedeque significa “rei de paz”. A cidade de Jerusalém recebeu no passado diversos outros nomes, tais como: Sião (II Sm 5.7); a cidade de Davi (I Rs 2.10); Santa Cidade (Ne 11.1); a cidade de Deus (Sl 46.4); A cidade do Grande Rei (Sl 48.2), dentre outros. Esta cidade tinha um significado especial para o povo de Deus no AT, pois era o lugar onde o Senhor reinava sobre Israel (Sl 99.1,2; 48.1-3,12-14). Nela, reinou Melquisedeque (Gn 14.18) e Davi (I Rs 2.11) no passado, e dela Cristo reinará sobre o mundo, no futuro (Is 2.3; Mq 4.2).

1.2 Sacerdote do Deus Altíssimo (Gn 14.18-b). Esta é a primeira menção do termo “sacerdote” na Bíblia. “Melquisedeque era cananeu, e, como Jó, é um exemplo de um não israelita, servo de Deus. Melquisedeque é um tipo ou figura da realeza e sacerdócio eternos de Jesus Cristo, que é sacerdote e rei (Sl 110.4; Hb 7.1,3)” (STAMPS, 1995, p. 54). O sacerdócio de Cristo é “segundo a ordem de Melquisedeque” (Hb 6.20), porque é anterior ao sacerdócio de Arão e da tribo de Levi, que só foi instituído na Lei (Êx 28.1-29). Abraão não só reconheceu a autoridade desse sacerdote, a ponto de lhe entregar o dízimo (Gn 14.20), como também foi abençoado por ele (Gn 14.19).     

II – QUEM FOI ABRAÃO
Abraão é um dos personagens mais marcantes da história bíblica. Ele foi chamado por Deus para ser o pai dos judeus (Gn 12.1,2), povo de onde viria o Messias (Gn 12.3; Mt 1.1). Sua vida de fé (Hb 11.8-10), obediência (Gn 12.4), fidelidade (Gn 14.14; 23.2), compaixão (Gn 18.23) e coragem (Gn 14.14-16), fez com que ele alcançasse, não só o título de “pai dos judeus” (Sl 105.6) e “pai da fé” (Rm 4.16); como também, se tornasse o único personagem da Bíblia  denominado de “amigo de Deus” (Is 41.8; Tg 2.23). Vejamos o que a Bíblia diz sobre a sua chamada:

2.1 A chamada de Abraão e seus propósitos. A chamada de Abraão levou-o a separar-se da sua pátria, do seu povo e dos seus familiares (Gn 12.1,2), para tornar-se estrangeiro e peregrino na terra (Hb 11.13). Deus prometeu a Abraão uma terra, uma grande nação através dos seus descendentes e uma bênção que alcançariam todas as nações da terra (Gn 12.2,3). A chamada de Abraão envolvia, não somente uma pátria terrestre, mas, também, uma celestial (Hb 11.9-16). A chamada de Abraão continha não somente promessas, como também compromissos. Deus requeria de Abraão obediência para receber aquilo que lhe fora prometido (Gn 15.1-6; 18.10-14). A promessa de Deus a Abraão, estende-se, não somente aos seus descendentes físicos (os judeus), pois, todos os que são da fé como Abraão, são "filhos de Abraão" (Gl 3.7) e são abençoados juntamente com ele (Gl 3.9). Por Abraão possuir uma fé em Deus, expressa pela obediência, dele se diz que é o principal exemplo da verdadeira fé salvífica (Gn 15.6; Rm 4.1-5,16-24; Gl 3.6-9; Hb 11.8-19; Tg 2.21-23). 

III – O ENCONTRO DE ABRAÃO COM MELQUISEDEQUE
Neste capítulo, Abraão, o homem de fé, desempenha três papéis especiais: o de observador (Gn 14.1-12), o de batalhador (Gn 14.13-16) e o de adorador (gN 14.17-24). Nesses três papéis, Abraão exercitou a fé em Deus e tomou as decisões certas. O capítulo 14 de Gênesis registra a primeira menção de um sacerdote, a preimara menção do dízimo e a primaira menção de uma guerra envolvendo nove reis (Gn 14.1-17). As cinco cidades-estados da planície do Jordão (Gn 14.2; 13.10) haviam se sujeitado a doze anos de governo sob os reis de quatro cidades-estados do Oriente (Gn 14.1) e acabaram revoltando-se contra elas. Isso representou uma declaração de guerra. Assim, os quatro reis invadiram a planície do Jordão para subjugar os cinco reis das cidades daquela região. Nessa batalha, Ló, sobrinho de Abraão, foi levado cativo (Gn 14.12). Ao saber disso, Abraão, então, armou seus criados e entrou na peleja para libertar seu sobrinho. Ao retornar da batalha, ele encontrou-se com Melquisedeque.                                     

3.1 Melquisedeque trouxe pão e vinho (Gn 14.18). Ao retornar da batalha, o patriarca Abraão recebeu do rei de Salém pão e vinho. Sem dúvida, este alimento serviu não só como uma refeição para o patriarca, mas, também, uma figura da Santa Ceia, que foi instituída por Cristo, milênios depois (Mt 26.26-30; Mc 14.22-26; Lc 22.16-20). “Melquisedeque traz pão e vinho a Abraão na qualidade de sacerdote, e não como rei de Salém. Era, pois, uma refeição sacramental, não um banquete oficial” (ANDRADE, 2015, p. 118,119).

3.2 Melquisedeque abençoou Abraão (Gn 14.19). Quando Melquisedeque abençoou Abraão demonstrou ocupar uma posição superior ao patriarca (Hb 7.6,7). “A bênção aqui referida não é a simples expressão de um desejo relativo a outrem, o que pode ser feito de um inferior para um superior. Mas, é a ação de uma pessoa “autorizada” a declarar intenções de Deus, conferindo boas dádivas de prosperidade a outrem. E, tal ação somente tem validade quando é feita por alguém que é superior” (SILVA, 2002, pp. 122,123). Nesta ocasião, Melquisedeque, que também adorava ao Deus de Abraão, declarou que o Deus Altíssimo é o possuidor dos céus e da terra, e que foi Ele quem entregou os adversários nas mãos de Abraão (Gn 14.19).  

3.3 Abraão dá os dízimos a Melquisedeque (Gn 14.20). Quando Abraão voltou da batalha, dois reis foram a seu encontro: Bera, rei de Sodoma "queimando", e Melquisedeque, rei de Salém "paz". Bera ofereceu a Abraão todos os espólios em troca da libertação das pessoas, e Melquisedeque deu-lhe pão e vinho. Abraão rejeitou a oferta de Bera, mas aceitou o pão e o vinho de Melquisedeque e lhe deu o dízimo. Melquisedeque tinha algo melhor a oferecer para Abraão: a bênção do Deus Altíssimo que possui os céus e a terra. Abraão vivia pelas bênçãos do Senhor e não pelos subornos do mundo.

3.4 Abraão teve de escolher entre dois reis que representavam dois estilos de vida opostos. Sodoma era uma cidade perversa (Gn 13.13; Ez 16.49, 50), e Bera representava o domínio desse sistema tão atraente à carne (Ef 2.1-3). O nome Bera quer dizer "dádiva", sugerindo que o mundo tenta comprar nossa fidelidade. Sodoma significa "queimando", portanto tenhamos cuidado ao escolher, pois, se alguém se inclinar para Bera, tudo o que há de mais importante em sua vida um dia arderá em chamas como aconteceu a Ló. Em termos legais, Abraão tinha todo o direito de se apropriar dos despojos, mas em termos morais, essas riquezas estavam fora de seus limites. Muitas coisas no mundo estão dentro da lei para os tribunais de justiça, mas são moralmente erradas para o povo de Deus.

IV – O SIGNIFICADO PROFÉTICO DE MELQUISEDEQUE
Tanto Hebreus 7 quanto o Salmo 110 associam Melquisedeque a Jesus Cristo o "Rei da paz" e "Rei da justiça" (Sl 85.10). Assim como foi Melquisedeque no tempo de Abraão, Jesus Cristo é nosso Rei e Sacerdote no céu, permitindo que gozemos justiça e paz ao lhe servir (Is 32.17; Hb 12.11). Sem dúvida, podemos ver no pão e no vinho a lembrança da morte do Senhor por nós na cruz. O escritor da epístola aos Hebreus declara que o sacerdócio de Melquisedeque era uma figura do sacerdócio eterno de Cristo, como veremos a seguir: 

5.1 Jesus é sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque (Hb 5.6,10; 6.20). O que significa que Cristo é anterior e superior a Abraão, a Levi e aos sacerdotes do Antigo Pacto (Jo 8.56-58). Melquisedeque, como protótipo de Cristo, estava revestido de grande dignidade. Por isso, abençoou Abraão e recebeu dele o dízimo (Hb 7.1,2). Melquisedeque é superior a Abraão, pois recebeu dízimo até mesmo de Levi, representado figuradamente pelo patriarca (Hb 7.4-10). Melquisedeque é descrito como não tendo genealogia, não que ele não tivesse, mas sim, que ele não foi registrado nas Escrituras (Hb 7.6). Serve como um tipo de Cristo, que é eterno (Jo 1.1; Hb 13.8). Melquisedeque era mais importante que Levi e seus descendentes, cujo sacerdócio era temporário (Hb 7.4-10). Mas, o sacerdócio de Cristo é eterno (Hb 7.3,17). A superioridade de Melquisedeque é vista no fato que ele apresenta uma ordem sumo sacerdotal mais elevada que a do sacerdócio levítico, que era imperfeito (Hb 7.11-14). Cristo, tipificado no AT por Melquisedeque é o nosso sumo sacerdote santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores e feito mais sublime que os céus não precisou oferecer sacrifícios por si mesmo (Hb 7.26-28).

CONCLUSÃO   
O encontro de Abraão com Melquisedeque não foi um fato comum, e sim, um evento de um profundo significado profético, pois demonstra que já existia homens que desempenhavam o ofício sacerdotal antes mesmo da instituição da Lei e da escolha de Arão e seus filhos para exercerem o ministério sacerdotal, prefigurando o sacerdócio eterno de Cristo. 

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