O projeto desenvolvido por eles desde 2011 recebei o nome de Obadias e oferecia abrigo, comida e educação evangélica a 17 crianças de origem islâmica recolhidas nas ruas da capital Dakar.
Abdou Fall, pai de um dos meninos, fez uma denúncia à polícia em novembro do ano passado. Ele afirma que não autorizou os missionários a tirarem as crianças de sua casa. Recentemente, a Justiça do Senegal negou um pedido de habeas corpus requerido pelos advogados dos religiosos.
O pastor da Josué Oliveira, da Igreja Presbiteriana Betânia de Niterói, foi ao Senegal no ano passado, mas está preocupado. “Como a religião predominante no Senegal é o islamismo, missões evangélicas são vistas com maus olhos”.
José Dilson está no presídio, em Thiès, a 60km da capital, em uma cela sem janelas com mais 30 pessoas. “Todas as noites são quentes, sem espaço pra me virar, desconfortáveis ao extremo. Com tudo isso, sei que Jesus está ao meu lado e isso me conforta”, escreveu ele em uma das cartas enviadas da prisão.
Marli, esposa do pastor também escreveu sobre a situação: “Meu marido e a missionária Zenaide foram obrigados a assinar este documento, impostos pelo governo, sem terem possibilidade de ler. Quem nos conhece sabe o quanto temos nos empenhado para o bem de centenas de crianças. Agora estão em uma cela como malfeitores, sem luz, sem água, numa cela imunda. Por favor, orem!”.
O caso teve grande repercussão quando o jornal “Le Populaire” anunciou numa manchete “Pastor brasileiro convertia crianças ao cristianismo”.
A Agência Presbiteriana de Missões Transculturais, responsável pelo financiamento do projeto Obadias diz que irá recorrer até a última instância jurídica possível. Contudo, sabe que no Senegal é possível ficar até seis meses em prisão preventiva.
Oficialmente, o Itamaraty já disse que não pretende pressionar o governo senegalês: “Essa é uma questão jurídica, e não política. O efeito de uma possível pressão poderia ser contraproducente, até porque há uma questão religiosa envolvida”.