Um cristão que foi escravo do Estado Islâmico na Síria deu seu depoimento para a revista New York relatando como foi tratado pelos terroristas.
Foi o nome do homem que fez com que os soldados do EI descobrissem que ele era cristão, motivo suficiente para torná-lo refém. “Seu nome é muito estranho”, disseram os soldados do Conselho Mujahideen Shura que fazia revistas em postos de controle do exército sírio.
O cristão saiu do Líbano para visitar familiares na Síria passando por quinze postos de controle até ser parado pelo grupo que mais tarde se juntou ao EI.
Vendado, o cristão e outros viajantes foram levados para outro local, ali eles foram acorrentados, torturados e submetidos a choques elétricos.
No depoimento dado à jornalista Sulome Anderson, filha de Terry Anderson – jornalista mantido refém no Líbano por sete anos – o homem relata que muitos dos reféns foram fuzilados e outros foram usados para atrair dinheiro para os terroristas que pediram resgate para as famílias.
Sua família precisou juntar 80.000 dólares para que ele saísse com vida, naquele dia ele e outros reféns foram jogados nas ruas de Aleppo. “Ah, meu Deus, foi a sensação mais maravilhosa que eu já tive”, lembra.
Quando foram libertados eles encontraram soldados sírios e pediram ajuda. “Havia soldados do Exército Livre da Síria. Corremos até eles e eles nos levaram para uma igreja. Eu vi a cruz e eu pensei: ‘estou vivo!’”.
Terroristas passam por lavagem cerebral
O refém libertado pelo EI relata que Abu Bakr al-Baghdadi não é o único líder do grupo terrorista. “Eles sofreram uma lavagem cerebral. A única coisa que eles sabem é que existe um homem que se proclama emir, um homem que está acima deles. Não é Baghdadi [o líder máximo do Estado Islâmico]. Há muitos níveis de emires.”
O que esses emires afirmam se torna lei entre os soldados. “Qualquer coisa que esses emires disserem, os militantes fanáticos vão acreditar que é verdade. E os emires dizem: ‘Deus manda você ir e matar’. Como eu sou cristão, eles me diziam: ‘Você matou muçulmanos nas cruzadas’. Outro me disse que eu era do exército do papa e que eu tinha matado muçulmanos na Espanha. Nós tentávamos dizer que isso não é verdade, que nós não somos isso”.
O cristão relatou que no Líbano e também na Síria os cristãos e muçulmanos viviam em harmonia. “Nós sempre vivemos ao lado de muçulmanos em paz. Trabalhamos juntos, gostamos uns dos outros. Mas essas pessoas querem que o mundo seja como eles e matam qualquer um que não é”.
CPAD