A PEC foi aprovada por unanimidade, mas foi condenada por líderes da Igreja Evangélica, que prometem reagir.
A
Assembleia Legislativa do Piauí aprovou ontem (25) o polêmico Projeto
de Emenda Constitucional (PEC 04/2012) do deputado estadual Fábio Novo
(PT).
A proposta insere a expressão “orientação sexual” no
inciso III do artigo 3º da Constituição Estadual. A PEC teve que ser
alterada para ser aprovada pela bancada evangélica. Foi incluído o item
que afirma que não haverá discriminação por convicção religiosa. Havia
medo dos pastores da lei do Fábio ser aprovada e os pastores serem alvos
de ações judiciais.
Os 21 deputados estaduais presentes foram a
favor da PEC, inclusive os evangélicos Rejane Dias (PT) e Gessivaldo
Isaías (PRB). "O Piauí deu exemplo e isso é importante especialmente no
momento em que estamos vivendo. Homossexualidade não é doença e o Piauí
foi o Estado que mais discriminou por orientação sexual no ano passado.
Estamos, com essa PEC, protegendo a todos, não só o homo, mas também o
hétero e o bissexual", explicou o parlamentar petista.
Uma nova
votação deverá acontecer na próxima terça-feira (2). Líderes da Igreja
Evangélica que acompanharam a votação condenaram a postura da deputada
Rejane Dias e do deputado Gessivaldo Isaías, que antes se posicionaram
contra, mas desta vez votaram a favor.
O membro da Associação Bom
Samaritano Márcio Freire de Machado informou que o órgão enviará uma
nota de repúdio ao projeto e que irá iniciar a coleta de 2 mil
assinaturas em Teresina contra a implantação do novo texto.
As
assinaturas devem ser entregues antes da segunda votação. "O projeto é
inconstitucional e vamos nos posicionar contra esses deputados que se
dizem a favor do povo e aprova esse tipo de projeto", declarou Márcio.
Reação da bancada evangélica
Os
parlamentares evangélicos Rejane Dias e Gessivaldo Cavalcante divulgam
em nota que só votaram a favor da PEC 004/11, que acrescenta o termo
“orientação sexual” ao rol de atitudes e posições sociais que não devem
sofrer discriminação, após mudanças no texto que protegiam o culto
evangélico e com o aval da ampla maioria das lideranças deste segmento
no Estado.
Ambos tem como base a assinatura dos membros da
Aliança de Pastores, que reúne cerca de 50 denominações cristãs, e do
pastor Nestor Mesquita, presidente das Assembleias de Deus no Piauí, com
mais de 129 mil membros e congregados, em um documento concordando com
as mudanças no texto original, sugeridas pela Aliança de Pastores, na
emenda proposta por Fábio Novo.
As mudanças salvaguardam o culto
evangélico e o pensamento teológico contra uma possível criminalização
com a aprovação da PEC e defendia a liberdade religiosa.
“Pedimos
um prazo ao deputado Fábio e levamos a minuta à aliança de pastores e
outros grupos evangélicos. Eles temiam uma criminalização do pensamento
religioso, que é totalmente baseado na Bíblia e tem uma posição clara
sobre o homossexualismo. Por isto, sugerimos que o direito ao culto e as
convicções teológicas fossem acrescentadas na emenda”, explicou a
deputada Rejane Dias (PT).
O deputado Fábio acatou a modificação
na redação e os dois lados entraram em consenso para a votação da
emenda. “Queria saudar o deputado Fábio, dar os parabéns aos pastores
por salvaguardarem a Igreja, e a todos nós por conseguirmos
democraticamente encontrar consenso em uma questão tão delicada e
secular. Vamos em frente para vivermos e prosperarmos em paz e respeito,
em um país que é grande e plural”, comentou Rejane.
Opinião evangélica
A
maioria das correntes evangélicas forma suas doutrinas na interpretação
que fazem da Bíblia. Entendem que à luz do Evangelho a postura
homossexual está desassociada dos ensinamentos de Cristo.
“Mas
isso não é motivo para discriminação. Também não vemos como doença, como
muitos andam dizendo. Sim, como uma manifestação do livre arbítrio. Mas
se é o desejo da pessoa, a única coisa que podemos fazer é orientar.
Nunca tratar mal por sua opção”, destacou.
A deputada prega a
defesa ao direito à religião. “O direito de um grupo social não pode se
sobrepor ao direito do outro. Temos nossa religião, que é como nossa
vida, e queremos garantias que nossa crença seja respeitada. No passado
também éramos discriminados e conseguimos nosso espaço”, finaliza.
Fonte: Cidade Verde