Em entrevista ao site EXAME.com, o pastor Silas Malafaia (foto) defende o que chama de "reorientação" homossexual e fala sobre as suas duas últimas brigas, com a revista Forbes e o site Avaaz
Líder da igreja Assembleia de Deus Vitória em Cristo, televangelista e, embora ele não goste de se apresentar assim, psicólogo, Silas Malafaia é um dos religiosos cujo nome mais aparece envolto em polêmicas. Suas posições contrárias a questões de direitos gays, aborto e, mais recentemente, duas brigas que devem parar na Justiça - uma com a revista norte-americana Forbes e outra com o site de petições Avaaz - fazem com que Malafaia raramente deixe as manchetes. A Forbes o apontou como o terceiro pastor mais rico do Brasil, com fortuna estimada em 150 milhões de dólares, o que ele nega. Já o Avaaz, site de mobilização social que ficou famoso por coletar as assinaturas contra Renan Calheiros, retirou do ar uma petição favorável a ele, mantendo as assinaturas da que pedia a cassação de seu registro como psicólogo. Em entrevista a EXAME.com, o pastor fala sobre essas disputas e suas opiniões em temas como direitos dos homossexuais, aborto e eutanásia. ENQUETE: Como você avalia Silas Malafaia na função de representante dos evangélicos? Deixe seu comentário. EXAME.com – Há uma petição no site Avaaz.org que pede que seu registro de psicólogo seja cassado por conta do que o senhor falou sobre ser gay ser um comportamento adquirido. A petição em resposta, que pedia que seu registro não fosse cassado, foi deletada pelo site. O senhor vai entrar nessa briga? Silas Malafaia – Sem dúvida. A coisa é tão vergonhosa porque começa a ficar exposto que as pesquisas do Avaaz são ideologizadas porque o cara [o coordenador de campanhas Pedro Abramovay, ex-secretário Nacional de Justiça] é vinculado ao PT e todo mundo sabe que quem protege a causa gay no Brasil é o PT, mais do que ninguém. E todo mundo sabe que eu fui contra eles, o PT tem bronca de mim. Mandei e-mail para o Avaaz nos Estados Unidos detalhando toda essa cachorrada. EXAME.com – Mas o senhor afirmou que também pretende processá-los aqui no Brasil. Desistiu do processo? Malafaia – Vou processar. Entra uma petição com um pedido de cassação do meu registro de psicólogo por uma entrevista que eu dou como pastor. Ok, democracia. Aí um evangélico coloca uma petição para a não cassação. Dez dias depois aqueles que assinaram a meu favor: 65 mil. Contra: 55 mil. Quando eu passo, o Avaaz manda um e-mail para o cara que postou dando a desculpa mais esfarrapada, antidemocrática, coisa de gente inescrupulosa. Quer dizer que petição contra mim cabe na política do site? A meu favor não cabe? Dez dias depois? Tinham de barrar lá no início então. EXAME.com – O senhor já falou que vai processar a Forbes lá nos Estados Unidos. Como está o andamento do processo? Malafaia – Estou preparando toda a documentação para o processo. E acredito que na semana que vem já entramos com tudo, meu advogado já foi aos EUA. Vou entrar bonito porque o que os caras fizeram foi outra safadeza. Eu tenho 300 milhões? Só quem tem essa informação é a Receita Federal e só se pode ter acesso a isso com requisição de quebra de sigilo fiscal. Não tenho isso e vou mostrar minha declaração de imposto de renda. Queria mostrar lá no programa da Marília Gabriela, mas ela falou que não tinha câmera pra isso e blá blá blá. Não devo nada. EXAME.com – A maior polêmica que surgiu no programa De Frente com Gabi talvez tenha sido a sua crença de que gays podem ser “convertidos”. Como funciona essa “cura gay”? Malafaia – Não é cura gay, isso é jogadinha dos ativistas gays. Não se fala em cura gay, fala-se em reorientação e só pode se a pessoa quiser. Ninguém nasce gay, não é doença. É algo aprendido ou imposto. Quarenta e seis por cento dos homossexuais passaram a ser depois que foram violados. EXAME.com – Então funciona essa reorientação dos gays? Malafaia – É na igreja, não é como psicólogo, é como pastor. Aconselhamos, usamos elementos espirituais, oramos. São outros critérios. O Conselho com esse negócio de psicólogo não poder tratar gay só está fazendo com que os gays vão todos à igreja. EXAME.com – Muitos especialistas dizem que propor uma reorientação passa a ideia de que há algo de errado com o homossexual, enquanto o papel do psicólogo seria fazer com que a pessoa se sinta confortável com quem é, já que homossexualidade não é distúrbio ou doença. Malafaia – Isso de não ser confortável ou de ter a situação piorada por nossa causa é conversa fiada de ativista gay. Isso são eles que estão dizendo. Se um homossexual pedir ajuda é um problema entre o homossexual e o terapeuta. Um terapeuta ouve a queixa do paciente e o ajuda. E se chegar um evangélico no terapeuta querendo se desvencilhar dessa crença? Duvido que ele não ajude. Ele não vai dizer que ser evangélico é um problema seu. É um comportamento religioso e o outro é um comportamento sexual. EXAME.com – Como assim? É uma escolha, então? Malafaia – É um comportamento. Repito: ninguém nasce gay, não tem gene gay, hormônio gay. Essa do ativismo gay de querer se comparar com raça é piada. Raça ninguém escolhe. Ser gay é preferência, aprendida ou imposta. Não existe prova científica que alguém nasce homossexual. EXAME.com – Existem estudos mostrando que há bases genéticas para a orientação sexual. Malafaia – Por que a evolução é teoria? Porque não pode ser provada. Para poder ter evolução tem que derrubar lei da biogênese, termodinâmica. Evolução é uma teoria, pelo amor de Deus, e eles veem como uma verdade. Como a teoria da criação no meio científico. São duas teorias. A mente humana, para acreditar em alguma coisa – isso eu sou psicólogo e posso dizer agora – tem que ouvir repetidas vezes alguma coisa. Mentiras passam a ser verdades absolutas, como a da evolução. Me diz a prova concreta da evolução. Não tem. A mesma coisa a questão da homossexualidade. Quem provar que é genético vai ganhar um Nobel. Existe diferença entre a maioria aprovar e ser verdade científica. EXAME.com – O que o senhor acha das recentes conquistas dos gays em termos de direitos no Brasil? Malafaia – Olha, tem lugar onde os gays têm até mais direitos que o Brasil. Eu sou contra casamento de homem com homem ou mulher com mulher. A história da civilização humana mostra que estamos sustentados na instituição da família. EXAME.com – O senhor é contra adoção de crianças por casais gays também? Malafaia – Na universidade eu ouvi vários professores falarem que o primeiro objeto de amor da criança é a mãe e aí ela faz ruptura com a mãe a partir da figura paterna. Isso significa que a criança precisa de um homem e uma mulher na vida dela. EXAME.com – Essas figuras não podem ser outros parentes ou outras pessoas? O que acontece no caso de pais solteiros ou viúvos? Malafaia – Até pode substituir. Uma questão é o caso de uma mulher sozinha. Isso são casos especiais e os consultórios estão cheios de psicólogos atendendo crianças criadas só por mãe ou só por pai. O resultado das crianças criadas por gays a gente vai ver daqui 30, 40 anos, porque a coisa é nova. Agora, imagina esses homens desajustados ou essas mulheres produzindo problemas para os filhos. Ninguém vai me convencer que a criança vai estar bem, o que tem é blá blá blá. Existe no mundo ocidental uma mudança de paradigma. Querem substituir o modelo cristão-judaico pelo modelo ateísta humanista. E a esquerda ideológica quer desconstruir a heteronormatividade. EXAME.com – E no que isso implicaria? Malafaia – Até os homossexuais são frutos de um homem e uma mulher. Pega mil casais de homossexuais e bota numa ilha. Depois de 50 anos, volta lá para ver se a espécie multiplicou ou acabou. O resultado disso é a promiscuidade da raça humana. O homem distanciado de Deus tenta virar um próprio Deus e vira uma nojeira. EXAME.com – O senhor também é muito conhecido por ser contra o aborto. Os argumentos vêm da religião? Malafaia – Não precisa. Quem define na ciência onde começa a vida? A biologia, apoiada pela embriologia. A vida começa na concepção e vai até a morte. Significa que aborto é matar a vida. A diferença entre óvulo fecundado e você e eu é o tempo e a nutrição. O embrião já é uma pessoa porque ele não pode ser outra coisa. A verdade é que o aborto é um massacre dos poderosos contra os indefesos. Quero saber qual a mulher que em sã consciência sabe que tem um humano na barriga e vai abortar? E os médicos? No juramento, ele promete sempre defender a vida. EXAME.com – Pelo mesmo raciocínio, o senhor também é contra a eutanásia, então? Malafaia – Que eutanásia, que nada. Ser humano não é Deus. Já disseram, e está certo, que o ser humano pode morrer com um segundo ou cem anos, não está em nós decidir o dia que ele vai morrer. A gente não é Deus e quando o homem se mete a Deus, ele só faz bobagem. Fonte: EXAME.com |
Não é só no Vaticano que a Igreja Católica vive às voltas com denúncias de escândalos sexuais. Em Niterói, a Polícia Civil vai indiciar um padre por estupro de vulnerável. Ele teria abusado de uma menina, hoje com 10 anos, quando ela ainda tinha 7 anos. Mas não foi só: de acordo com depoimentos prestados na Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam) de Niterói, Emilson Soares Corrêa também manteve relações sexuais com outra menor, sua afilhada e irmã da outra vítima, desde quando ela tinha 13 anos.
Emilson, de 56 anos, era o responsável pela paróquia da Igreja Nossa Senhora do Rosário e São Benedito, no bairro do Cubango. Uma das vítimas era coroinha da igreja e foi batizada, aos 13 anos, pelo padre, que também foi o padrinho de batismo. A partir do batizado, "O padre passou a aliciá-la e tocá-la em suas partes íntimas em troca de presentes como sorvetes, chocolates e passeios", conforme relatou a vítima, hoje com 19 anos, à polícia.
O EXTRA teve acesso a um vídeo, feito pela vítima, que mostra Emilson fazendo sexo com uma adolescente em plena casa paroquial. Segundo a vítima, que armou a situação para denunciar o padre, a garota teria 15 anos.
A denúncia foi levada à delegacia pelo pai das meninas. Segundo ele, foi sua ex-mulher que flagrou a filha mais velha discutindo com o padre. Na ocasião, ela revelou à mãe que se relacionava sexualmente com o padrinho.
- Quando soube que minha filha mais velha estava sendo abusada, perguntei à mais nova se havia ocorrido algo com ela. Ela disse que durante um passeio a um sítio, quando tinha sete anos, o padre tocou em sua partes íntimas - contou ele.
Envolvimento emocional
Em petição enviada à delegacia, Emilson confessa ter mantido relações sexuais com a mais velha das duas irmãs, mas só a partir de quando ela completou 18 anos. Segundo o texto, ele "se sentiu envolvido emocionalmente" com a menina.
A delegada Marta Dominguez, que abriu o inquérito, explica que a denúncia só leva em consideração o estupro da irmã mais nova. Segundo ela, o caso da outra menina não se enquadra no crime: a vítima já tem mais de 14 anos, e não ficou provado que houve ameaça.
Sacerdote é suspenso pela Arquidiocese
Diante da denúncia, a Arquidiocese de Niterói informa que decidiu pela "suspensão temporária do sacerdote". Atualmente, o padre não é responsável por nenhuma paróquia. O órgão também alegou, em nota, que a acusação está sendo investigada e que "o próprio sacerdote levou a denúncia ao conhecimento do Ministério Público, para que apure a veracidade ou não da mesma".
A delegada Marta Dominguez disse que só aguarda um depoimento do pai das vítimas para encerrar o inquérito. O padre foi procurado em quatro números de telefone - inclusive aqueles citados em seu depoimento - mas não foi encontrado.
‘Pode haver estupro, mesmo sem sexo’, diz delegada Marta Dominguez
Qual denúncia será oferecida ao Ministério Público?
Ainda falta fechar o inquérito. Quero ouvir o pai das vítimas mais uma vez. Mas, em relação à irmã mais nova, houve estupro de vulnerável. No caso da mais velha, não é possível enquadrá-lo no crime.
Por quê?
Não há nenhuma prova que o padre tenha ameaçado ou violentado ela. Sem contar que ela afirma, em depoimento, ter filmado o padre fazendo sexo com ela quando já tinha mais de 18 anos.
O padre compareceu à delegacia para depôr?
Ele não depôs, mas no dia 12 de dezembro enviou uma petição confessando que havia feito sexo com a irmã mais velha, mas só quando ela já era maior, depois de 2012.
Ele pode ter feito sexo com a irmã mais nova?
Ela fez exame de corpo de delito e, no resultado, comprovou-se que ela ainda é virgem. Mas o relato da menina, em que ela afirma que o padre tocou em suas partes íntimas, já basta para a concretização do crime.
O flagrante
O pai das vítimas, em depoimento, diz que armou com a filha o flagrante do padre: ele afirma que "determinou que sua filha mantivesse relação sexual com o acusado e filmasse com o telefone celular".
A filmagem
No vídeo, filmado pela vítima, já com 19 anos, uma menina faz sexo com o padre na casa paroquial, nos fundos da igreja. Ao fundo, é possível ver uma reprodução da Santa Ceia. Segundo o denunciante, a menina que aparece no vídeo teria 15 anos.
A confissão
O pai das duas vítimas afirmou, em depoimento, que, no dia 22 de novembro do ano passado, chamou o padre em sua casa e, exigindo explicações, mostrou o vídeo. Ele relata que, na ocasião, o padre pediu perdão.
Na Arquidiocese
Em seu depoimento à polícia, o pai das vítimas também conta que levou o vídeo ao arcebispo de Niterói, Dom José Francisco Rezende Dias para que fossem tomadas providências em relação ao caso. Segundo o relato, o arcebispo estava acompanhado de dois advogados na ocasião. No final do diálogo, na saída da Arquidiocese, o pai afirma que "percebeu que estava sendo seguido por dois homens que se encontravam no local".
No Vaticano
Segundo o jornal italiano "La Repubblica", o Papa Bento XVI, que já anunciou sua renúncia para o mês de março, teria decido deixar a Igreja depois de receber um dossiê de mais de 300 páginas com detalhes de práticas de corrupção, promiscuidade e o mapeamento de uma rede de prostituição homossexual dentro do Vaticano.
VatiLeaks
Em janeiro de 2012, partes do documento já haviam sido roubados no episódio conhecido como VatiLeaks. A expressão é uma comparação com o fenômeno Wikileaks.