Por volta da meia-noite, Paulo e Silas estavam orando e cantando hinos a Deus; os outros presos os ouviam. [...] Imediatamente todas as portas se abriram, e as correntes de todos se soltaram. Atos 16:25, 26
Não era o melhor lugar para se cantar. Não era uma concha acústica, nem o Credicard Hall em miniatura. Não havia luzes coloridas, nem caixas de som especiais. Não era um concerto, recital nem cantata. Também não era um festival de quartetos ou grupos vocais. Era um dueto. Gostaria de tê-los escutado pessoalmente. Tenho certeza de que as vozes se harmonizavam. Não sei qual dos dois era barítono ou tenor. E eles cantavam na cela, o palco do recital. Se você já visitou um presídio superlotado, onde vozes clamam e as mãos se estendem enquanto você passa, terá uma leve noção do lugar em que aqueles homens estavam.
Que mensagem eles estavam transmitindo? Deus nos ama; Deus tem um plano para nós. Que motivo havia no coração deles para cantar? Eles tinham sido açoitados, levavam no corpo as marcas dos açoites. As mãos estavam presas a correntes e os pés, colocados no tronco. O lugar era úmido. Como soaria sua voz em circunstâncias como essa?
Qualquer um pode louvar com as portas da prisão abertas. Mas somente a presença de Jesus é que leva você a cantar, mesmo dentro de uma prisão. É nos momentos de escuridão, de incerteza e adversidade, que a música e o canto aparecem como lenitivo.
Pense no que simboliza o cântico, a música na vida de muita gente: abertura de prisão, portas abertas, cadeias abertas, luz, ânimo e consolo.
As palavras de um cântico ou de um hino são como chaves que abrem portas, liberam pessoas que se sentem acorrentadas a prisões sem grades ou portas de ferro, mas muito mais limitadoras e mais humilhantes do que as cadeias reais. As prisões e algemas que mais prendem e limitam são as invisíveis. São mais degradantes e humilhantes do que as prisões reais. Mas os cânticos são como chaves, abrindo novo caminho para as pessoas.
No meio da adversidade, cante. Se está alegre, cante. Se está triste ou com medo, cante.
“Mesmo não florescendo a figueira, e não havendo uvas nas videiras, mesmo falhando a safra de azeitonas, não havendo produção de alimento nas lavouras, nem ovelhas no curral nem bois nos estábulos, ainda assim eu exultarei no Senhor e me alegrarei no Deus da minha salvação” (Hc 3:17, 18).