Nesses dias de Rota do Fogo na cidade de Guaíba (RS), Deus tocou profundamente em uma questão ética entre os pastores, que tem gerado divisão no corpo de Cristo: o roubo de ovelhas do aprisco alheio.
Assim como o Senhor enviou o profeta Natã para corrigir Davi no livro de II Samuel, capítulo 12, eu creio que Deus também me enviou, pela graça e misericórdia Dele a esta cidade, neste tempo profético, para dar um alerta aos líderes sobre as consequências desse ato, que vem impedindo a unidade da Igreja em todo o país.
Aqui (Guaíba) é um lugar onde o satanismo tem bastante força e é difícil ganhar almas para Cristo. Talvez por isso, muitos preferem pescar no aquário de seus colegas, ou seja, roubar as ovelhas do próximo – um pecado grave, do qual muitos não se dão conta. Um ato que é aceito como normal por muitos líderes hoje.
Para mostrar a gravidade e as consequências deste pecado vou mostrar na Bíblia o que isso representa para Deus.
Davi roubou uma cordeira – a mulher do seu próximo – a esposa de Urias e o matou. Ela engravidou e quando a criança nasceu o profeta Natã encontrou-se com o rei.
“E o SENHOR enviou Natã a Davi; e, apresentando-se ele a Davi, disse-lhe: Havia numa cidade dois homens, um rico e outro pobre. O rico possuía muitíssimas ovelhas e vacas. Mas o pobre não tinha coisa nenhuma, senão uma pequena cordeira que comprara e criara; e ela tinha crescido com ele e com seus filhos; do seu bocado comia, e do seu copo bebia, e dormia em seu regaço, e a tinha como filha. E, vindo um viajante ao homem rico, deixou este de tomar das suas ovelhas e das suas vacas para assar para o viajante que viera a ele; e tomou a cordeira do homem pobre, e a preparou para o homem que viera a ele”. 2 Samuel 12:1-4
Ali estava se instalando a maior das maldições na vida de Davi, sentenciada por ele mesmo:
“Então o furor de Davi se acendeu em grande maneira contra aquele homem, e disse a Natã: Vive o Senhor, que digno de morte é o homem que fez isso. E pela cordeira tornará a dar o quadruplicado, porque fez tal coisa, e porque não se compadeceu”. 2 Samuel 12:5-6
Davi tomou uma mulher que não lhe pertencia e feriu o coração de Deus. O preço que pagou foi caro, pois atraiu a maldição para sua própria casa. Hoje, este pecado chegou em nossos púlpitos. Vemos a mesma coisa acontecendo e, aos poucos, todos vão se acostumando, achando isto normal. Porém se você examinar a vida dos filhos destes, verá que a maldição entrou em suas famílias, trazendo um manto de pecado, que se instalou de geração em geração.
Vemos na descendência de Davi, o mesmo espírito agindo na vida de Salomão, usando mulheres para afasta-lo de Deus.
Esta é uma consequência do pecado de Davi, que se instalou em sua genealogia. O demônio que agiu, fazendo com que Davi pecasse na área sexual vai agir também na vida de seus filhos nas próximas gerações.
A lição é: Todo demônio que você não vencer vai continuar agindo na próxima geração, na vida de seus filhos e eles cometerão os mesmos pecados.
Todo pecado que você não vencer vai passar para a próxima geração. Por isso JESUS se santificou pelos seus discípulos
“E por eles eu me santifico, para que também eles sejam santificados na verdade” (João 17:19).
É dever de cada pai espiritual, se santificar por seus filhos espirituais e assim, passar esta capa de santidade para a próxima geração. Davi pecou na área sexual e desonrou o seu valente guerreiro Urias, passando esta capa a seus filhos. Exemplo disto, também foi Amnon (filho de Davi), que se apossou de sua irmã e Absalão matou seu irmão.
Agora vamos estudar como este mesmo espírito age hoje nas igrejas e entre os pastores e líderes de ministérios. Na capital da feitiçaria, muitos líderes estão agindo como Davi, pecando tanto na área sexual, como na ‘matança’ de colegas de ministério.
É comum ouvir que grandes líderes seguem o pecado de Davi. Isso já é aceito como normal no meio evangélico trazendo vergonha e desonra à Deus.
Assim também como ‘matar’, expulsar ou destruir um colega ou até um irmão de ministério é o ‘feijão com arroz’ de cada dia. Na terra onde os farroupilhas degolavam seus opositores, hoje corre o sangue da degola de servos de Deus.
Se fizermos uma pesquisa do número de pastores ‘degolados’ pelos seus próprios líderes, veremos quão grande é este pecado dentro da Igreja.
Deus precisa levantar uma nova geração com a unção de Elias para quebrar esta maldição.
“E ele converterá o coração dos pais aos filhos, e o coração dos filhos a seus pais; para que eu não venha, e fira a terra com maldição”. (Malaquias 4:6)
Há quatro anos, quando iniciamos a Escola Profética no Rio Grande do Sul e o cenário instalado era de seca, pobreza e privação, havia um decreto de morte pairando sobre essa terra, que tornou aquele local, a capital da feitiçaria no país.
Pregamos para o governador da época do Rio Grande do Sul na época (Tarso Genro), pedindo que ele entregasse o Estado para Jesus e ele o fez. Era o dia 20 de setembro, início da semana das comemorações Farroupilha e quando o Governador levantou a bandeira do Rio Grande do Sul, oferecendo o Estado para o Governador Maior, Jesus Cristo de Nazaré, os terríveis oito meses de seca terminaram.
Naquele dia iniciamos a Rota do Fogo no sul. Ofertei um cordeiro naquele ato profético e meia hora depois começou a chover e a chuva continuou por sete dias, sem parar. Lugares que não viam água há meses ficaram inundados.
De repente, um profeta me deu um recado do Todo Poderoso: “Há um manto de farrapos sobre os pastores, todo rasgado, cheio de problemas, mas Deus te ungiu para levar um manto novo para substituir esse de pobreza dos pastores! Deus te ungiu para tirar esse manto de miséria e trocar por um novo manto de honra e prosperidade em todos os sentidos”.
Deus estava falando que a origem da miséria no sul era a desonra aos servos de Deus. A desonra traz tristeza, mas quando um sacerdote chora a chuva pára (Jl 1) e vem a seca.
O Senhor me disse que eu deveria respeitar os profetas e pastores chamados por Ele e ensina-los a honrar um uns aos outros. Eu deveria honra-los para haver quebra de maldição. Assim, o Senhor me fez identificar a raiz da maldição, me instruiu sobre os perigos da ovelha roubada por Davi e como isso tem acontecido em nossos dias.
Atraindo maldição quadruplicada
Quando Davi toca na ‘cordeira’ de Urias, o prejuízo da desonra, da falta de respeito se volta para ele próprio em quatro níveis:
1. Primeiro nível – Físico: A doença atingiu Davi até os ossos. Doenças são a primeira consequência desta maldição.
2. Segundo nível – Emocional: Atingiu a família de Davi – especialmente os filhos. A sequidão, a falta de alegria, problemas no casamento e na vida emocional passaram a ser constantes.
3. Terceiro nível – Financeiro: Dívidas, pobreza e falta de prosperidade. A rebelião de Absalão quase levou o reino de Davi à falência completa.
4. Quarto nível – Espiritual: Seus filhos espirituais não geram filhos, não vingam, eles não se tornam profetas, morrem antes de atingirem a maturidade ou são roubados também.
A sentença quádrupla atingiu seus filhos.
“E pela cordeira tornará a dar o quadruplicado” (2º Sm 12:6)
- O Primeiro filho de Betseba morre.
- Depois Amon possuiu Tamar sua irmã.
- E Absalão matou seu irmão Amon e depois se rebelou contra Davi e toma-lhe a coroa.
Este foi o preço quádruplo que Davi pagou por roubar uma “cordeira”. Imagine hoje, quando um pastor rouba uma ovelha do aprisco de seu colega. O profeta ilustrou esse pecado de tal maneira que se aplica aos nossos ministérios hoje.
Quando eu fundei a União de Pastores de Cachoeira do Sul, encontrei dificuldades em reunir os pastores, porque um tinha medo que o outro roubasse os membros de sua igreja. Então estabelecemos ali uma ética de não aceitarmos membro um do outro sem autorização do pastor ou uma carta de transferência.
Se um membro quisesse mudar de Igreja seria necessária uma carta autorizando e o pastor da outra igreja não receberia aquele membro sem honrar o seu colega. Isso é ética cristã e muitos naquela época não cumpriam isso – o que gerou muita desunião entre as igrejas da cidade. Isso fazia com que a Igreja enfraquecesse e nunca atingisse os quatro níveis de unção que Deus tem para nós: física, financeira, emocional e espiritual. Assim satanás enganou os líderes, a igreja enfraqueceu e o satanismo cresceu muito em nosso Estado.
Na capital do Estado, as igrejas são fracas e frias enquanto os cultos a outros ‘deuses’ se agigantam.
Estudei por muitos anos esse assunto e observei que o que aconteceu com Davi acontece também com os pastores que roubam ovelhas. Eles atraem a morte para si, para a ovelha roubada e para sua família.
As quatro sentenças de Deus:
1. A Espada
“Por que, pois, desprezaste a palavra do Senhor, fazendo o mal diante de seus olhos? A Urias, o heteu, feriste à espada, e a sua mulher tomaste por tua mulher; e a ele mataste com a espada dos filhos de Amom.Agora, pois, não se apartará a espada jamais da tua casa, porquanto me desprezaste, e tomaste a mulher de Urias, o heteu, para ser tua mulher”. 2 Samuel 12:9-10
Quando um líder fala mal de outro para conquistar um membro daquela igreja, ele está usando a espada contra seu colega. Aquela espada irá entrar em sua casa, gerando brigas entre filhos, com a esposa, entre os parentes… Aquela espada corta em todo o tempo, ferindo, acusando, denegrindo e nunca sai dali.
2. A traição
“Assim diz o Senhor: Eis que suscitarei da tua própria casa o mal sobre ti, e tomarei tuas mulheres perante os teus olhos, e as darei a teu próximo, o qual se deitará com tuas mulheres perante este sol”. (2 Samuel 12:11)
Quando traímos nosso irmão, aquela traição se volta para dentro da nossa casa. Precisamos expulsar esse espírito de traição da nossa cidade pois ele vem causando feridas abertas até hoje.
3. A exposição
“Porque tu o fizeste em oculto, mas eu farei este negócio perante todo o Israel e perante o sol”. (2 Samuel 12:12)
Deus não poupa um traidor. Os pecados destas pessoas serão expostos e estampados na primeira página do Jornal.
4. A morte
“Então disse Davi a Natã: Pequei contra o Senhor. E disse Natã a Davi: Também o Senhor perdoou o teu pecado; não morrerás. Todavia, porquanto com este feito deste lugar sobremaneira a que os inimigos do Senhor blasfemem, também o filho que te nasceu certamente morrerá”. Samuel 12:13-14
Essa foi a pior das sentenças. Apesar de o perdão ter alcançado o arrependimento de Davi, a consequência permaneceu, porque aquele mal feito do Rei gerou blasfêmia contra Deus. A desonra entre pastores traz vergonha para o Corpo de Cristo e dá subsídios para que os inimigos do evangelho blasfemem.
Quando um pastor rouba a ovelha do seu vizinho, aquela ovelha vai gerar filhos para a morte. Se quisermos matar uma ovelha e torna-la estéril para o resto da vida, basta rouba-la de um outro aprisco, porque aquele pastor que a gerou vai ficar muito triste e essa tristeza vai se multiplicar por cem na vida de quem a causou.
Essa é uma lei conhecida: quando causamos algo para alguém, colhemos cem vezes mais. Assim começa a fraqueza da nossa igreja no Estado e no mundo. Quando alguém entristece o outro ele traz tristeza para si. De repente, aquele pastor que recebeu a ovelha do outro não quer mais participar dos eventos, se isola para não mais chegar perto do pastor que foi ferido. A consciência está pesada. Isso gera um pecado contra a unidade.
Então, essa palavra serve para todos os cristãos, independente de qual igreja frequentam, quem é o seu líder religioso. Devemos nos honrar para que não venham morrer os nossos filhos espirituais. Que a morte não venha roubar nossos discípulos, nossos obreiros e nossos filhos para que o inimigo não venha blasfemar contra o nome de Deus e falar mal da palavra do Senhor. Que a unção derramada nesses dias de Rota do Fogo venha quebrar todo o jugo e tornar nossa terra conhecida pela unidade e pelo avivamento.
Hoje estamos em Guaíba, onde se originou a revolução Farroupilha, trouxe a espada para dentro de nosso estado e nossa Igreja que está dividida. O exército do inimigo cresce muito aqui, diante de nossos olhos e a Igreja perece.
Podemos hoje quebrar esta maldição: Cada pastor deve procurar seu colega e restituir, pedir perdão e honrar uns aos outros, se unindo para combater juntos o nosso inimigo.
Assim podemos decretar que esta terra será o berço do avivamento na nossa nação.
Fonte: Guiame, Joel Engel