Um iraniano que dizia ser Deus foi enforcado na quarta-feira passada em Ahvaz (sudoeste do Irã), relatou nesta segunda-feira a agência Fars.
Identificado como Abdolreza Gharabat, este iraniano “fingia há muito tempo ser Deus e havia conseguido reunir ao seu redor jovens árabes da província de Khuzestan”, que possui uma forte minoria árabe, relatou a Fars.
Ele foi julgado culpado de “heresia” e “corrupção”, segundo a mesma fonte.
O enforcamento eleva a 67 o número de execuções no Irã desde o início do ano, ou seja, mais de duas mortes por dia em média, segundo um cálculo da AFP feito a partir de informações publicadas pela imprensa iraniana.
As autoridades não deram até o momento nenhuma explicação para esse número recorde, comparado aos 179 enforcamentos públicos anunciados em 2010 e até mesmo às 388 execuções registradas ano passado pela organização internacional de direitos humanos Human Rights Watch (HRW).
A maioria dos condenados executados eram traficantes de drogas, bem como assassinos e estupradores, segundo a imprensa iraniana.
Mas, Teerã enforcou também dois ativistas da Organização dos Mujahedin do Povo, principal movimento de luta armada contra o regime de Teerã; um rebelde curdo membro do movimento separatista Pjak acusado de ter matado um guarda fronteiriço; bem como uma iraniana neozelandesa, Sahra Bahrami, acusada de tráfico de drogas.
Fonte: UOL
1. A megamanifestação ocorrida pela manhã na praça Tharir deu vida ao discurso da perda da legitimação por parte de Hosny Mubarak, presidente que se mantém no cargo há quase 30 anos.
Para os opositores, cerca de 2 milhões de cidadãos egípcios estiveram presentes à praça Tahrir para pedir urgentes reformas políticas e a queda de Mubarack. Como consequência, o presidente Mubarack teria perdido a legitimação, que provém do povo.
No fundo, uma adequação, sem o devido processo, do instituto do “recall”, que vigora nos EUA ( na Califórnia, o cartão vermelho do recall foi aplicado ao antigo governador e se elegeu Arnold Schwarzenegger), Rússia e alguns cantões suíços.
O discurso da perda de legitimidade para continuar a governar o Egito saiu de uma reunião que ocorreu hoje entre os grupos de oposição.
Dessa reunião oposicionista participaram as lideranças do Al-Wafd (liberais democratas), Al Nassi (nacionalistas), Movimento Nacional para Mudanças (progressistas), Fraternidade Muçulmana (adeptos de uma teocracia) e Tajamud (reúne vários grupos de esquerda).
Em entrevista, o líder El-Baradei, já vencedor do Prêmio Nobel da Paz, deu um “ultimatum a Mubarak”: “Deverá deixar o país até sexta-feira para evitar um banho de sangue”.
Segundo estimativa da ONU, o conflito no Egito iniciado na terça 25 resultou, até agora, em 300 mortes. E uma mensagem da Unesco pede proteção urgente aos tesouros egípcios diante de constantes tentativas de saque.
2. O Irã, sem nenhuma sutileza, aproveitou a comemoração de hoje do 32º. Aniversário da Revolução Islâmica para reproduzir, em irritantes repetições pela rádio e televisão, o discurso do falecido aiatolá Sayyid Ruhollah Musavi Khomeini.
Em antigo vídeo, Khomeini conclama o Egito a por fim à influência norte-americana: “O povo egípcio deve se rebelar e afastar da região o arrogante global e os seus aliados” (referência aos EUA e governo egípcio).
No Egito, os islâmicos sunitas representam 89% da população. O Irã é xiita, enquanto os al-qaedistas são fundamentalistas sunitas que pretendem unir a todos, mas sob orientação de Osama bin Laden, que se apresenta como o novo califa.
3. A Fraternidade Muçulmana é a principal força político-religiosa e extremista do Egito. A assembléia parlamentar nacional é composta por 454 membros, sendo dez de livre escolha do presidente da República. A Fraternidade Muçulmana detém 88 cadeiras.
Para analistas internacionais, cerca de 20% dos egípcios apóiam a Fraternidade Muçulmana. Para republicanos e direitistas israelenses, os bem organizados membros da Fraternidade Muçulmana poderão vencer a eleição e chegar ao poder, com riscos à paz mundial.
Ontem, o ator Omar Sharif, que é egípcio e vive no Cairo, disse querer a democracia com a substituição de Mubarack. Mas, disse estar temeroso com a minoria radical islâmica. Em outras palavras, teme por um Estado teocrático, como no Irã xiita.
Depois de pegar carona nas manifestações iniciadas na terça 25 por estudantes e trabalhadores desejosos de mais liberdade e democracia, a Fraternidade Muçulmana já começa a fazer exigências. Hoje, expediu comunicado a refutar qualquer diálogo com o vice-presidente Omar Suleiman, que o Exército apóia para conduzir a transição.
PANO RÁPIDO. Com o discurso da perda de legitimidade de Mubarak, a oposição quer a queda do presidente e convocação imediata de eleições. Nada de esperar até outubro, ou seja, o calendário oficial.
Wálter Fanganiello Maierovitch