Da Redação
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Para realizar o estudo, o biólogo Guilherme Ambar criou dois grupos de camundongos em condições idênticas. A partir do terceiro mês de vida, quando os roedores já são adultos jovens, um dos grupos recebeu o anabolizante nandrolona por 28 dias. As doses foram semelhantes às usadas em academias — 10 a 100 vezes maiores do que as utilizadas pelos médicos em tratamentos.
A partir do 16° dia recebendo injeções diárias de nandrolona, os animais foram submetidos a uma série de testes de comportamento. Camundongos que receberam o anabolizante tiveram mais sinais de ansiedade em situações desconhecidas, foram mais impulsivos e mostraram maior agressividade.
Para medir a hostilidade, os pesquisadores colocaram mais um roedor da espécie na gaiola das cobaias e observaram as reações. Cerca de 75% dos camundongos que receberam anabolizantes atacaram o intruso nos primeiros 15 minutos, enquanto somente 30% do outro grupo reagiram com violência. Os animais que tomaram nandrolona também agrediram de forma mais impulsiva: eles demoraram, em média, 6 minutos para atacar o intruso; a média do outro grupo foi de cerca de 10 minutos e meio.
“Os animais se comportaram como as pessoas que abusam de anabolizantes. Camundongos têm no cérebro um sistema para controlar emoções parecido com o nosso. Por isso, há fortes indícios de que os anabolizantes podem mudar a expressão de genes também no cérebro humano”, explica a professora Silvana Chiavegatto, orientadora da pesquisa.
Segundo informações do Centro Brasileiro de Drogas Psicotrópicas (Cebrid), o Deca-durabolin é um dos anabolizantes mais utilizados no País. Um levantamento do Cebrid, realizado em 108 cidades, em 2005, mostra que 0,9% da população já utilizaram substâncias desse tipo alguma vez. Os maiores consumidores são homens entre 17 e 34 anos e o uso é maior na região Sudeste.
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