Texto Básico: Joel 1:1;2:28-32
“E nos últimos dias acontecerá, diz Deus, que do meu Espírito derramarei sobre toda a carne; e os vossos filhos e as vossas filhas profetizarão, os vossos jovens terão visões, e os vossos velhos sonharão sonhos”(At 2:17)
INTRODUÇÃO
Joel é conhecido como “profeta de Pentecostes”. Se o primeiro grande ensino em Joel é o arrependimento diante das adversidades, o segundo é o derramamento do Espírito Santo sobre toda a carne e as maravilhas decorrentes (cf Jl 2:28-32). Em nenhuma outra parte do Antigo Testamento encontramos uma promessa tão abrangente cujo cumprimento significasse o cumprimento das palavras de Moisés: “Tomara que todo o povo do SENHOR fosse profeta, que o SENHOR lhes desse o seu Espírito”(Nm 11:29). O Dia de Pentecostes marcou o inicio deste cumprimento (cf Atos 2). Desde então, tem se cumprido com abundancia cada vez maior. É uma promessa universal (Jl 28:29). É uma promessa de um novo concerto (Jl 2:32). É uma promessa aos que creem (Jl 2:32). Podemos dizer, então, que esse Dia marcou o início de uma nova adoração por parte de todos aqueles que crerem no Espírito Santo, assim como o início do julgamento de todos aqueles que o rejeitarem.
I. O LIVRO DE JOEL NO CÂNON SAGRADO
1. Contexto histórico. Joel, cujo nome significa “O Senhor é Deus”, identifica-se como “filho de Petuel”(Jl 1:1). Suas numerosas referencias a Sião e ao ministério do Templo indicam que ele era profeta em Judá e em Jerusalém, e sua familiaridade com os sacerdotes sugere ter sido ele um profeta “sacerdotal” (cf Jr 28:1,5) que proclamou a verdadeira palavra do Senhor.
Não há informação precisa sobre o tempo de Seu Ministério. Porém, pelas circunstâncias contidas em seu Livro, o tempo é sugerido como sendo logo após o reinado da rainha Atália, que reinou entre 841 e 835 a.C (cf 2Rs 11:2,3). Se assim for, então Joel teria exercido seu Ministério no Reinado de Joás (cf 2Cr 22 a 24 e 2Reis 12). Seu Livro teria sido escrito por volta do ano 825 a.C. Se a data procede, então enquanto Joel profetizava no Sul, ou em Judá, Elias profetizava no Norte, ou em Israel. O Ministério de Elias foi exercido entre 850 e 798 a.C.
O contexto histórico da profecia de Joel foi uma época de pânico nacional em face das devastações causadas por uma terrível praga de gafanhotos, seguida de um período de seca, gerando fome e muito sofrimento, havido no tempo de Joel. Na opinião do profeta, a praga era uma advertência solene de julgamento vindouro no “Dia do Senhor”, que é a ideia central do livro de Joel.
Esse “Dia do Senhor”, biblicamente, começará com o Arrebatamento da Igreja e se prolongará até após o milênio. Será, portanto um “Dia” com mais de mil anos. A partir deste acontecimento o profeta Joel projetou, profeticamente, uma imagem de como seria “O Dia do Senhor”. Ele usa a expressão “Dia do Senhor” cinco vezes: Jl 1:15;2:1, 11, 31 e 3:14. Em Jl 1:15 ele diz que esse Dia “... virá como uma assolação do Todo-Poderoso”; em 2:11 - “... o “Dia do Senhor” é grande e mui terrível”; em 2:31 - “... o sol se converterá em trevas e a lua em sangue”; em 3: 14 - “Multidões, multidões no vale da Decisão!”. Não há dúvida de que esse período descrito por Joel é o mesmo descrito por Jesus, em Mateus 24, e por João, em Apocalipse 6 a 19. O Profeta Joel estava falando, portanto, de um acontecimento ainda futuro, ou seja, a Grande Tribulação.
2. Posição de Joel no Cânon Sagrado. A ordem dos Profetas Menores em nossas versões da Bíblia é a mesma do Cânon judaico e da Vulgata Latina. Joel não menciona nenhum rei, e sua curta profecia traz poucas indicações cronológicas, o que dificulta a datação. As propostas variam do século X ao século V a.C. A posição de Joel no “Livro dos Doze”, nome dado pelos judeus aos Profetas Menores, mostra que eles o consideravam um profeta antigo. Seu estilo corresponde mais ao período clássico remoto do que à era pós-exílica de Ageu, Zacarias e Malaquias. A ausência de referencias a reis pode indicar que o livro foi escrito quando o sumo sacerdote Joiada era regente (na infância de Joás, o qual reinou entre 835-796 a.C.). Além disso, os inimigos de Judá são os fenícios, os filisteus (Jl 3:19), os egípcios e os edomitas (Jl 3:19), e não seus adversários posteriores, os sírios, os assírios e os babilônios.
3. Estrutura e mensagem.
a) Estrutura. O conteúdo do livro de Joel divide-se em três seções: (1) A primeira seção (Jl 1:2-20), descreve a devastação de Judá ocasionada por uma grande praga de gafanhotos, que arrancou a folhagem das vinhas, árvores e campos (Jl 1:7,10), reduzindo o povo a indescritível penúria. Em meio à calamidade, o profeta conclama os lideres espirituais de Judá a guiar a nação ao arrependimento (Jl 1:13,14). (2) A segunda seção (Jl 2:1-17), registra a iminência de um juízo divino ainda maior, proveniente do Norte (Jl 2:1-11), na forma de (a) outra praga de gafanhotos descrita metaforicamente como um exército de destruidores, ou (b) uma invasão militar literal. De novo, o profeta soa a trombeta espiritual em Sião (Jl 2:1,15), conclamando grande assembleia solene para que os sacerdotes e todo o povo busquem sinceramente a misericórdia divina, com arrependimento, jejuns, clamores e genuíno quebrantamento, diante do Senhor (Jl 2:12,17). (3) A seção final (Jl 2:18-3:21), começa declarando a misericórdia de Deus em face do arrependimento sincero do povo. O humilde arrependimento de Judá e a grande misericórdia de Deus dão ocasião às profecias de Joel a respeito do futuro, abrangendo a restauração (Jl 2:19b-27), o derramamento do Espírito Santo sobre toda a humanidade (Jl 2:28-31), o juízo e a Salvação no final dos tempos (Jl 3:1-21).
b) Mensagem. O oráculo foi entregue ao profeta Joel por meio da Palavra (Jl 1:1). Joel falou à nação de Judá desde o reinado de Joás até o reinado de Acaz, o que o torna o primeiro profeta a registrar seus oráculos por escrito. A mensagem do livro diz respeito ao juízo que viria sobre o povo de Deus, que foi identificado como sendo o cativeiro da Babilônia. Mas a mensagem de Joel também fala do futuro, menciona o derramamento do Espírito Santo e o "Dia do Senhor", o acerto de contas que Deus fará com a humanidade impiedosa. Joel foi mencionado por Pedro no sermão inaugural da Igreja no dia de Pentecostes, exatamente por causa de sua profecia do derramamento do Espírito Santo. Por isso, Joel é conhecido como "o profeta pentecostal".
II. A PESSOA DO ESPIRITO SANTO
O Espírito Santo não é simplesmente uma influência benéfica ou um poder impessoal. É uma pessoa, assim como Deus-Pai e Jesus o são.
1. Sua personalidade. A crença na personalidade do Espírito Santo é uma das características da fé cristã. Esta crença deriva do exame preciso e cuidadoso de passagens bíblicas. Algumas seitas apresentam o Espírito Santo como sendo uma influência impessoal, uma força ou uma energia. Entretanto, a Palavra de Deus nos revela que o Espírito Santo é uma pessoa, pois menciona atitudes e ações do Espírito que somente uma pessoa pode ter. Ele possui uma mente, vontade e emoções, que são características de uma pessoa e não de uma influência ou força.
O Espírito Santo age e interage como uma pessoa completa e perfeita. Vejamos algumas provas bíblicas:
a) O Espírito Santo entristece - "E não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual fostes selados para o dia da redenção" (Ef 4:30). Somos admoestados a não entristecer o Espírito Santo, retratando, portanto, que Ele possui as emoções de uma pessoa. Ele sofre quando pecamos e se entristece com as manifestações do nosso pecado.
b) O Espírito Santo tem ciúmes - "Ou cuidais vós que em vão diz a Escritura: O Espírito que em nós habita tem ciúmes?"(Tg 4:5). Quando traímos a Deus através dos nossos pecados - ambiguidades, contradições, negações da fé, amasiamentos com o mundo -, o Espírito de Deus sente ciúmes, como o marido, quando a mulher adultera e vice-versa. Ele sente ciúmes do adultério moral (impureza), espiritual (idolatria), econômico (amor ao dinheiro) e político (paixão e esperanças políticas mais acentuadas em relação ao programa humano que ao Reino de Deus). O Espírito Santo não é simplesmente alguém que entra em nós e depois sai. Ele vem e fica. Além disso, Ele não está presente para energizar-nos a vida. Não. Ele é uma pessoa com a qual mantemos relações pessoais.
c) O Espírito Santo pensa (Rm 8:27) - “E aquele que examina os corações sabe qual é a intenção do Espírito; e é ele que segundo Deus intercede pelos santos”. Neste texto, as Escrituras dizem que o Espírito Santo examina os corações, ou seja, examinar é raciocinar, é calcular, é emitir juízos. Uma força jamais pode calcular, jamais pode examinar, só uma pessoa pode fazê-lo.
d) O Espírito Santo fala(Atos 8:29) - "Então disse o Espírito a Filipe: aproxima-te desse carro e acompanha-o..." . Aqui, percebemos que o Espírito Santo é um Ser que fala. Ora, uma força não pode falar, mas uma Pessoa, sim. Tanto é certo que o Espírito Santo fala que, em At 13:2, isto é explicitamente mencionado, como também em 1Tm 4:1 e Hb 3:7, bem assim em todas as cartas que Jesus enviou às igrejas da Ásia Menor (Ap 2:7,11,17,29; 3:6,13,22), como num instante em que se fazia a revelação a João das coisas que brevemente hão de acontecer (Ap 14:13).
e) O Espírito Santo ensina (João 14:26) – “Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito”. Só uma Pessoa pode nos ensinar, somente uma Pessoa pode ser Mestre e o Espírito Santo tem como uma de suas principais funções a de ensinar os discípulos do Senhor Jesus enquanto aqui estiverem aguardando o seu Salvador.
2. Sua divindade. A Bíblia não se limita a mostrar que o Espírito Santo é uma Pessoa, mas também nos revela que é uma Pessoa Divina, ou seja, é uma das Pessoas que compõem este mistério que é a Santíssima Trindade, este Deus que é triúno, ou seja, um Único Deus que está em três Pessoas.
O Espírito Santo é chamado Deus (At 5:3,4) e Senhor (2Co 3:18). Quando Isaías viu a glória de Deus (Is 6:1-3), escreveu: “Ouvi a voz do Senhor...vai e diz a este povo” (Is 6:8-9). O apóstolo Paulo citou essa mesma palavra e disse: “Bem falou o Espírito Santo a nossos pais pelo profeta Isaías dizendo: Vai a este povo” (cf. At 28:25, 26). Com isso, Paulo identificou o Espírito Santo com Deus. Ele faz parte da Santíssima Trindade. Ele é mencionado junto com o Pai e o Filho (Mt 28:19; 2Co 13:13) e, a Bíblia afirma que os três são um (1João 5:7).
O texto mais explícito a respeito da divindade do Espírito Santo está em At 5:3,4 - “Disse, então, Pedro: Ananias, por que encheu Satanás o teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo?... Não mentiste aos homens, mas a Deus”. Indagado por Pedro a respeito do valor da venda da propriedade, Ananias mentiu, dizendo que o valor depositado ao pé dos apóstolos era o efetivo valor da venda. Diante desta mentira, Pedro diz que Ananias havia mentido ao Espírito Santo e, por isso, havia mentido não aos homens, mas a Deus. Temos, portanto, explicitamente reconhecida a divindade do Espírito Santo, prova de que os apóstolos reconheciam o Espírito Santo como Deus, ou seja, que a doutrina da divindade do Espírito Santo é a genuína e autêntica doutrina da igreja primitiva. A propósito, se Ananias mentiu ao Espírito Santo, temos mais uma prova de que o Espírito Santo não é uma força, pois não se pode mentir senão a uma Pessoa.
3. O derramamento do Espírito(Jl 2:28-32). O derramamento do Espírito Santo, profetizado por Joel, ocorreu por ocasião do Pentecostes (Atos 2). Enquanto no passado o Espírito Santo parecia estar disponível a reis, sacerdotes e profetas, Joel predisse um tempo em que este poder estaria disponível a todos os crentes. Ezequiel também falou sobre o derramamento do Espírito Santo (Ez 39:28,29). Atualmente, o Espírito Santo é derramado, de uma forma efusiva, sobre qualquer pessoa que venha a Deus em busca de sua salvação (Jl 2:32).
O derramamento do Espírito não acontece antes, mas depois que o povo de Deus se arrepende e se volta para ele. Esperar o derramamento do Espírito sem tratar do pecado é ofender a Deus. Buscá-lo sem voltar-se para Deus é atentar contra a santidade do Senhor.
4. Como uma pessoa pode ser derramada? Esta é uma das perguntas que alguns grupos religiosos fazem frequentemente, com a finalidade de "provar" que o Espírito Santo não é Deus nem uma pessoa. Por duas vezes a palavra profética afirma "derramarei o meu Espírito" (Jl 2:28.29), o que é ratificado em o Novo Testamento (At 2:17,18). Se, aqui, o derramamento do Espírito Santo fosse evidência contra sua personalidade então o apóstolo Paulo também não seria uma pessoa, pois escreveu acerca de si próprio: “mesmo que eu esteja sendo derramado como oferta de bebida...”(Fp 2:17; 2Tm 4:6 – tradução do Novo Mundo). Uma vez que o apóstolo Paulo obviamente é uma pessoa real, e pode ser mencionado nas Escrituras como “derramado”, então a mesma expressão referindo-se ao Espírito Santo, dificilmente poderia ser usada como uma prova contra a sua personalidade. Também, o fato de alguém ser ou estar cheio do Espírito Santo (At 2:4), ou revestido dele, não quer dizer que o Espírito Santo seja impessoal.
Ainda apresentando a mesma linha de raciocínio desses grupos religiosos, perguntamos: como pode Jesus ser uma pessoa e alguém ser morada dele? - “Jesus respondeu, e disse-lhe: se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, e viremos para ele, e faremos nele morada” (João 14:23). Paulo declara: “meus filhos, por quem de novo sinto as dores de parto, até que Cristo seja formado em vós”(Gl 4:19). Como pode Jesus ser formado em alguém, sendo ele uma pessoa? Ainda em Gálatas 2:20, Paulo disse: “Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim”. Como esses grupo religiosos explicam esse mistério? Negam também a personalidade de Jesus por causa disso? É claro que não! Então por que negam a personalidade do Espírito Santo, valendo-se do mesmo argumento? Certamente, negam essa verdade bíblica porque não se preocupam em ensinar a Bíblia, mas de impor crenças peculiares.
III. HORIZONTES DA PROMESSA
1. Ponto de partida - "Acontecerá, depois, que derramarei o meu Espírito...''(Jl 2:28). O rev. Hernandes Dias Lopes citando Warren Wiersbe diz que a palavra "depois", neste texto de Joel, refere-se aos acontecimentos descritos em Joel 2:18-27, quando o Senhor sara a nação depois da invasão Assíria. Contudo, não significa logo em seguida, pois se passaram muitos séculos antes do Espírito Santo ser derramado. Quando Pedro citou esse versículo em seu sermão no dia de Pentecostes, o Espírito Santo o dirigiu a interpretar o "depois" como "nos últimos dias" (At 2:17). Os “últimos dias" começaram com o ministério de Cristo na terra e se encerrarão com "o Dia do Senhor".
O que Deus promete, ele cumpre, pois vela pela sua Palavra para cumpri-la. Quando ele age, ninguém pode impedir sua mão de agir. Deus hipotecou sua Palavra e empenhou sua honra nessa promessa. As promessas de Deus são féis e verdadeiras e nenhuma delas pode cair por terra. O derramamento do Espírito cumpriu-se no dia de Pentecostes (At 2:16-21) e ninguém pôde deter o braço de Deus em promover o crescimento da igreja. O Sinédrio judeu tentou abafar a obra do Espírito prendendo e açoitando os apóstolos. Os imperadores romanos, com fúria implacável, quiseram acabar com a igreja, jogando os cristãos nas arenas, queimando-os em praças públicas e matando-os ao fio da espada. Mas a igreja, com destemor e poder, espalhou-se como rastilho de pólvora por todos os quadrantes do império e o sangue dos mártires tornou-se a sementeira do evangelho. Ao longo dos séculos muitas perseguições sanguinárias tentaram neutralizar a obra de Deus, mas a Igreja revestida com o poder do Espírito Santo jamais recuou, jamais descansou as armas, jamais se intimidou.
Antes do Pentecostes, os discípulos estavam com as portas trancadas de medo; depois do Pentecostes, eles foram presos por falta de medo. O problema da igreja não são as ameaças externas, é a fraqueza interna. Não é a falta de poder econômico e político, mas a falta do poder do Espírito Santo!
Mas não podemos pensar que esse derramamento ficou restrito apenas ao Pentecostes. O derramamento do Espírito Santo é uma promessa vigente e contemporânea. Não podemos pensar que já recebemos tudo que deveríamos receber do Espírito Santo. Há mais para nós. Há infinitamente mais (Ef 3:20).
A igreja não pode se contentar com pouco. Não podemos nivelar a vida com Deus às pobres experiências que temos tido. O Senhor pode fazer infinitamente mais. O Espírito pode ser derramado outras e outras vezes sobre um povo sedento, que anseia por Deus mais do que o sedento por água, mais do que a terra seca por chuva (Is 44:3). Essa promessa é para nós, para nossos filhos e para aqueles que ainda estão longe, para quantos o Senhor nosso Deus chamar (At 2:39).
2.Comunicação divina. Desde a formação do homem, Deus sempre quis e quer se comunicar com ele. Antes da queda, Deus se comunicava com o homem pessoalmente e verbalmente. É o que se percebe através do texto de Gênesis 3:8-10. Após a queda, embora à distância, Deus sempre quis falar com o homem, transmitindo sua vontade divina e soberana.
No texto de Joel 2:28,29 vemos outra forma de Deus se comunicar com o ser humano. Deus disponibilizou recursos espirituais para manter a comunicação com o seu povo por meio de sonhos, visões e profecias, independentemente de idade, sexo e posição social (Jl 2:28b,29). O apóstolo Pedro, em Atos 2:17, diz que isto se daria nos “últimos dias”, os quais teve início com o nascimento da Igreja no dia de Pentecostes. Essa comunicação se daria sem acepção de pessoas.
a) A quebra do preconceito etário (Jl 2:28) - " [ . . . ] vossos velhos sonharão, e vossos jovens terão visões". Deus enche do seu Espírito os jovens e os velhos. Deus usa os velhos e os jovens. Ele não se limita à experiência do velho nem apenas ao vigor do jovem. Ele torna o jovem mais sábio que o velho (Sl 119:100) e o velho mais forte que o jovem (Is 40:29-31). O Espírito de Deus não tem preconceito de idade. O idoso pode ser cheio do Espírito e sonhar grandes sonhos para Deus, enquanto o jovem pode ter grandes visões da obra de Deus. O velho pode ter vigor e o jovem discernimento e sabedoria. Onde o Espírito de Deus opera, velhos e jovens têm a mesma linguagem, o mesmo ideal, a mesma paixão e o mesmo propósito.
b) A quebra do preconceito social'(Jl 2:29) - "Até sobre os servos e sobre as servas derramarei o meu Espírito naqueles dias". O Espírito de Deus não é elitista. Ele vem sobre o rico e sobre o pobre, sobre o doutor mais ilustrado e sobre o indivíduo mais iletrado. Quando o Espírito Santo é derramado sobre as pessoas, elas podem ser rudes como os pescadores da Galiléia, mas, na força do Senhor, revolucionam o mundo (1Co 1:27-29). Mesmo que tenhamos muitas limitações, o Espírito pode nos usar ilimitadamente. A obra de Deus não avança com base na nossa sabedoria e força, mas no poder do seu Espírito (Zc 4:6).
Todavia é bom ressaltar, que a Bíblia Sagrada é a revelação de Deus ao homem e, por isso, tudo que quisermos saber a respeito de Deus e que é relevante para a nossa salvação se encontra neste Livro sagrado, fruto de uma revelação progressiva que o Senhor foi dando aos escritores sagrados, durante um espaço de mais de mil e quinhentos anos.
Como a Bíblia Sagrada tem como seu único autor o próprio Deus, temos que esta Obra apresenta uma unidade, um conjunto de ensinamentos que foi sendo revelado aos homens durante o tempo da inspiração das Escrituras. Estes ensinos dizem respeito a Deus, ao homem e ao processo pelo qual Deus deseja ter o homem em sua companhia, mesmo depois que o homem quis se tornar independente de Deus, negando-lhe obediência. Está escrito: “Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça”(2Tm 3:16).
IV. O FIM DOS TEMPOS
1. Sinais. O derramamento do Espírito sinaliza grandes intervenções de Deus (Jl 2:30-32). Duas grandes intervenções de Deus são apontadas pelo profeta Joel.
a) O derramamento do Espírito aponta para o julgamento de Deus às nações (Jl 2:30,31) - "Mostrarei prodígios no céu e na terra: sangue, fogo e colunas de fumaça. O sol se converterá em trevas, e a lua, em sangue, antes que venha o grande e terrível Dia do Senhor". Joel vislumbrou fenômenos que acompanharão o desdobramento do drama humano, no futuro, nos “últimos dias”, antes da Parousia de Cristo. O apóstolo João, exilado na ilha de Patmos, fez referência oitocentos anos depois de Joel a esses mesmos fenômenos: "E, havendo aberto o sexto selo, olhei, e eis que houve um grande tremor de terra; e o sol tornou-se negro como saco de cilício, e a lua tornou-se como sangue" (Ap 6:12).
De acordo com a profecia de Joel, os sinais sobrenaturais do céu ocorrerão “antes que venha o grande e terrível Dia do Senhor”. Neste contexto, “O Dia do Senhor” se refere à sua volta à Terra para destruir seus inimigos e reinar em poder e grande glória.
b) O derramamento do Espírito aponta para a salvação de Deus a todos os povos (Jl 2:32 - "E acontecerá que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo...". Eis as boas-novas para todas as Eras, a salvação oferecida a todos os povos com base na fé do Senhor. Naquele grande e terrível “Dia do Senhor” haverá salvação para aqueles que invocarem o nome do Senhor, pois o derramamento do Espírito anunciou também o caminho da salvação. Esse derramamento do Espírito sobre toda a carne abre as portas da salvação para todos os que creem. O Pentecostes foi um evento de salvação. Naquele dia, o apóstolo Pedro compreendeu que se cumpria a profecia de Joel (At 2:16). O evangelho foi pregado e cerca de três mil pessoas foram convertidas (At 2:39-41). O apóstolo Paulo citando Joel em sua carta aos Romanos diz que todo aquele que invoca o nome do Senhor é salvo (Rm 10:13). A salvação em Cristo, recebida pela fé, agora, é estendida a todos os povos, de todos os lugares, de todos os tempos. Nos dias de Joel, como nos dias de Paulo e também nos nossos, invocar o nome do Senhor é o único caminho da salvação.
2. Etapas. Os acontecimentos do Pentecostes não foram o cumprimento total da profecia de Joel. Grande parte dos fenômenos descritos nos textos de Joel 2:28-32 não ocorreu nessa ocasião. O que aconteceu no Pentecostes foi um deleite antecipado daquilo que sucederá nos últimos dias, antes do grande e glorioso “Dia do Senhor”. A citação de Joel é um exemplo da “Lei da dupla referência”, de acordo com a qual as profecias bíblicas se cumprem de forma parcial em uma época e total numa ocasião posterior.
O Espírito de Deus foi derramado no Pentecostes, mas não literalmente sobre “toda a carne”. O cumprimento final da profecia se dará no fim do período da Grande Tribulação. Antes da volta gloriosa de Cristo, haverá milagres no céu e sinais na Terra (Mt 24:29,30). O Senhor Jesus Cristo aparecerá na Terra para eliminar seus inimigos e estabelecer seu Reino. No início do reinado milenar de Cristo, o Espírito de Deus será derramado sobre “toda a carne”, tanto de judeus quanto de gentios, uma situação que persistirá, de modo geral, durante todo o Milênio. O Espírito Santo se manifestará nas pessoas de várias maneiras, independentemente de sexo, idade ou condição social. Alguns “terão visões”, e outros “sonharão”, uma situação que surge a recepção de conhecimento; outros, ainda, “profetizarão”, ou seja, passarão esse conhecimento adiante. A tônica será sobre os dons de revelação e comunicação. Tudo isso ocorrerá no tempo descrito por Joel como “últimos dias” (cf At 2:17). Trata-se, obviamente, de uma referência aos últimos dias de Israel, e não da Igreja. É bom ressaltar que os “últimos dias” começaram com a primeira vinda de Cristo e o derramamento do Espírito Santo sobre o povo de Deus, e que terminarão com a segunda vinda do Senhor.
CONCLUSÃO
Em Joel, vemos a revelação de Deus como um ser que quer viver em cada ser humano através do Seu Espírito, mas que, apesar de Seu grande amor, é também um Deus justo, que fará, a seu tempo, o juízo sobre os impenitentes. Deus está no controle de todas as coisas. A justiça e a restauração estão em suas mãos. Devemos ser fiéis a Deus e colocar nossa vida sob a orientação e o poder de seu Santo Espírito.
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