Sistema desenvolvido pela USP de São Carlos estará disponível em 1 ano.
Pesquisa usa o sensor do Kinect para executar movimentos no humanoide.
Um sistema desenvolvido pelo Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP em São Carlos
(SP) permite que um robô reproduza gestos humanos. A pesquisa visa
auxiliar pacientes no tratamento de fisioterapia. Outra ideia é promover
uma interação com crianças do ensino fundamental e ajudar no
aprendizado de matemática.
Os testes são feitos no robô Nao, comprado de uma empresa francesa em
2010 por meio de recursos da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de
São Paulo (Fapesp). Com o uso do Kinect, um sensor de movimentos
desenvolvido para o videogame Xbox 360, o humanoide reconhece movimentos
do corpo humano para execução de duas tarefas principais.
Uma delas é a realização de alguns comportamentos pré-definidos, como
caminhar (para frente/trás, lateralmente e em rotação), sentar e
levantar e executar alguns gestos. A outra é uma imitação direta em
tempo real (mímica) reproduzindo o movimento humano da forma mais
semelhante possível.
O robô Nao realiza essas tarefas através da percepção do estado de
algumas junções do corpo, como ombro, cotovelo, quadril e joelho – além
do pescoço e mãos.
“Futuramente, com apoio dessa tecnologia, será possível fazer uso de
robôs para realizar atividades em que não se esteja presente. Poderá se
controlar o robô a distância para ele verificar algo simples, por
exemplo, se as chaves estão dentro do armário”, explica Fernando Zuher,
aluno de doutorado responsável pelo estudo.
Interação amigável
A professora Roseli Aparecida Francelin Romero, do ICMC, diz que um dos
objetivos do sistema é tornar a interação homem/robô mais amigável e
permitir a atuação da máquina em diversas aplicações.
O estudante Fernando Zuher, responsável pela
pesquisa com Nao (Foto: Fabio Rodrigues/G1)
Muito em breve, afirma ela, o robô poderá atuar como um personal
trainer, corrigindo os movimentos e exercícios desenvolvidos pela
pessoa. Com o avanço dos estudos, o objetivo é que em até um ano o
humanoide atue de forma eficaz na fisioterapia de pacientes.
“O fisioterapeuta não teria a necessidade de estar acompanhando os
idosos ou os pacientes durante as sessões. E estes não precisariam se
deslocar. A ideia é que o especialista grave o movimento em um pen
drive, e a pessoa tenha um robô em casa. Ele ajudaria a fazer os
movimentos, executaria até a correção e incentivaria”, explica.
Segundo Romero, os próprios consultórios poderiam adquirir os robôs. Um
modelo semelhante ao humanoide Nao custa em torno de R$ 30 mil, mas a
tendência é que esse valor diminua, diz a professora.
“A longevidade está aumentando de um modo geral. Hoje, nos Estados
Unidos, a gente tem falta de fisioterapeutas. Isso vai acabar ocorrendo
no Brasil também, onde há falta de mão de obra qualificada em diversas
áreas. Fisioterapia é só um exemplo, mas a robótica está entrando em
diversos setores”, ressalta a professora.
Em ambientes educacionais, o uso do robô seria um estímulo às crianças
no aprendizado de conceitos, como de matemática, com mais facilidade. De
acordo com Romero, já existem escolas no Estado de São Paulo que
utilizam essa prática para tornar o estudo ainda mais agradável.
“Os robôs vão participar da vida do ser humano com o intuito de
auxiliar. Não os vejo substituindo a mão de obra, muito pelo contrário.
As pessoas hoje têm que interagir com muitas coisas ao mesmo tempo e não
estão conseguindo fazer bem feito. Se elas tiverem um robô que esteja
olhando, observando o que ela deve fazer da melhor forma possível, acho
que isso irá promover trabalhos executados com melhor qualidade e trará
um benefício enorme para a sociedade em todos os setores”, avalia a
pesquisadora.
Futebol de robôs
Outro plano do ICMC é a criação de um time de futebol de robôs
humanoides para participar da RoboCup, competição que reúne as melhores
equipes do mundo e que será realizada no Brasil em julho 2014, em João
Pessoa (PB), em paralelo à Copa do Mundo de Futebol.
O Grupo de Computação Bioinspirada do ICMC já possui tradição em
futebol de robôs. A equipe Warthog Robotics, uma parceria do ICMC com a
Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da USP, já participou da
Robocup em 2011 e também venceu torneios nacionais na categoria Very
Small Size.
Pesquisa feita com Nao visa auxiliar pacientes no tratamento de fisioterapia (Foto: Fabio Rodrigues/G1)
G1/GRITOS DE ALERTA