Yousef, ontem, em Jerusalem |
Mosab Hassan
Yousef - mundialmente conhecido como "Filho do Hamas" - confessou ter tido de
rejeitar a sua identidade islâmica para ajudar Israel a combater o terrorismo. E
adiantou que se tivesse a oportunidade, diria ao seu pai, um dos fundadores do
Hamas: "Deixa o Hamas. Criaste um monstro."
O "Filho do
Hamas" encontra-se em Israel pela primeira vez desde que há anos se refugiou nos
EUA, conforme noticiámos neste blog há dias atrás, para, segundo as suas
próprias palavras: "inspirar uma nova geração de
palestinianos."
A história deste
ex-muçulmano é dramática e para alguns até controversa. Sendo filho de um dos
fundadores do Hamas, o sheikh Hassan Yousef, deixou um futuro
"promissor" como líder do movimento terrorista, para passar a trabalhar para os
serviços secretos de Israel e converter-se ao cristianismo.
Yousef revelou
que está a preparar um filme que não será menos sensacional: uma biografia da
vida de Maomé, o profeta do islão.
Yousef, de 33 anos, rompeu as suas ligações com o
Hamas em 1997 e começou a trabalhar para os serviços secretos
israelitas, o Shin Bet. Dez anos depois, após ter ajudado Israel a
impedir dezenas de ataques terroristas e prender muitos membros do seu antigo
grupo terrorista, Yousef partiu para os Estados Unidos onde procurou asilo
político, tendo-se entretanto convertido ao cristianismo.
"Amo Israel porque amo a democracia" - afirmou
Yousef ontem mesmo em Jerusalem, acrescentando: "Estou aqui para protestar
contra o controle absoluto da religião sobre as vidas das
pessoas."
Posicionado ao lado do seu antigo mentor do Shin Bet, o
agora aposentado Gonen Ben-Itzhak, Yousef recusou-se a responder a perguntas em
árabe. Ele afirmou estar ali numa missão para educar o público acerca da
verdadeira natureza da sua antiga religião.
"O Islão não é uma religião de paz. É uma religião
de guerra" - afirmou, acrescentando: "Os muçulmanos nem conhecem a
verdadeira natureza da sua própria religião."
Para esse efeito, Yousef decidiu produzir um filme
sobre o assunto mais delicado de todos: Maomé, o reverenciado profeta do Islão.
Yousef disse que o filme é baseado a biografia tradicional de Maomé escrita pelo
historiador muçulmano do 8º século, Ibn
Ishaq. Segundo Yousef, o filme é singular, uma vez que será produzidos por
muçulmanos, "ou por pessoas de origem muçulmana", ao contrário de
tentativas recentes feitas na Europa para lidar com a complexa historiografia de
Maomé.
Com um guião já escrito, financiamento garantido, e um
actor famoso (cujo nome não quis revelar) no papel principal de Maomé, Yousef
disse esperar que as filmagens comecem já no próximo ano.
"Maomé é ainda intocável" - disse Yousef,
notando que por muito controverso que pudesse ter sido, o filme realizado em
2004 por Mel Gigson "A Paixão de Cristo" tocou muita gente no mundo
inteiro.
O livro está disponível em português |
Um outro filme, que se prevê venha a ser realizado
antes de "Maomé" é uma adaptação cinematográfica da autobiografia de
Yousef escrita em 2010, "Filho do Hamas", na qual ele relata o
desenrolar da sua cooperação com os serviços secretos israelitas. Yousef disse
que o livro já está traduzido em 25 línguas e está disponível para
download gratuito no seu site pessoal.
Quando questionado sobre o que diria ao seu pai se ele
se encontrasse na sala, Yousef disse apenas o seguinte: "Deixa o Hamas.
Criaste um monstro."
Gonen Ben-Itzhak, o mentor de Yousef que surge no livro
sob o pseudónimo operacional "Capitão Luay", disse considerar Yousef um
"irmão seu", tendo-se tornado amigo íntimo dele depois que os seus
caminhos profissionais se separaram em 2004.
"Ele salvou muitas vidas e parou muitos
ataques" - disse Ben-Itzhak ao diário "The Times of Israel",
acrescentando: "Penso que nós, como israelitas, devemos mostrar a nossa
gratidão a pessoas como ele. Mesmo enquanto trabalhava para nós ele era sempre
contra o derramamento de sangue, em ambos os lados."
Ben-Itzhak notou que oficiais israelitas tornaram
conhecidas as suas preocupações com a chegada de Yousef a Israel, uma vez que a
sua vida ainda está debaixo de ameaças, mas acrescentou que Yousef teve
permissão para entrar no país sem visto nem passaporte.
Para acompanhar o
blog de Yousef:
Shalom!
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