Em entrevista ao site do Multishow, Thalles contou sobre a sua trajetória na música, falou sobre seus próximos passos na carreira e exaltou a boa fase da música gospel no mercado fonográfico.
A música gospel vive um momento próspero e Thalles Roberto é um dos nomes expoentes do gênero. Apesar de atuar como cantor gospel, ele já passou pelo Jota Quest e pelo Jammil e Uma Noites como backing vocal. No universo musical, mantém uma boa relação com seus antigos companheiros de banda, já foi sondado por Ivete Sangalo, e é querido entre jogadores de futebol, como Léo Moura.
Como começou sua carreira?
Eu sou músico desde os cinco anos de idade. Nós fomos criados na igreja e, então, eu comecei no coral de música sacra. Ainda criança, eu já cantava com os adultos e fiquei nesse coral até a minha adolescência, quando montei uma banda gospel, chamada Banda Éden. Nós começamos a participar de alguns festivais pelo Brasil e ganhamos um festival importante em Belo Horizonte e foi aí que eu decidi morar na cidade. Lá em conheci o Jota Quest e fiquei com a banda por quase cinco anos como backing vocal. Depois fui para o Jammil e Uma Noites. Foi quando eu tive uma experiência com Deus e resolvi voltar a cantar a música Dele.
Você falou da sua participação no Jota Quest e no Jammil. Como você chegou até elas?
O Jota Quest que chegou até mim. Eles precisavam de um backing vocal e tiveram a informação sobre o Thalles, um cantor de Belo Horizonte que era bom e aí eles fizeram o contato comigo. No Jammil, foi o produtor deles que procurou o produtor do Jota Quest. Na época, O Jota ia ficar seis meses de férias, e umas duas semanas antes o produtor da banda me falou que o produtor do Jammil estava atrás de mim e queria que eu fosse pra lá. Eu saí do Jota direto pro Jammil e fiquei quase dois anos, fiz dois carnavais em Salvador.
Então quando você trabalhou com o Jota e o Jammil você parou com a sua banda, abandonou a carreira gospel?
Completamente! Eu fui para o rock ‘n’ roll mesmo, com força. Pulei a etapa da minha vida de Deus e fui pra festa, pros shows, pra curtição, pra loucura.
Você também foi chamado para trabalhar com Ivete Sangalo...
Fui convidado para trabalhar com a Ivete quando ainda estava com o Jota. Nós temos uma relação muito bacana, ela até cantou um pedaço de uma música minha no show da Lacta e sempre teve essa vontade de me levar para cantar com ela. A banda dela sempre teve um carinho muito grande comigo. E por que você não foi? Tem aquela coisa... Os meninos do Jota Quest são muito amigos dela, eles sempre participam dos mesmos festivais e eventos, e aí o Jota dependia muito do backing vocal naquele momento. Todas as músicas e os arranjos vocais da banda eram baseados em backing vocal. Foi uma fase, hoje a banda não está mais assim, mas na época o backing vocal era a arma secreta do Jota: as introduções, o meio das músicas, a parte que o povo cantava era a parte que a gente (do backing vocal) fazia. Era cheio de “lalala”. Nós conversamos bastante, mas politicamente foi melhor para todo mundo que a gente ficasse quietinho. A proposta dela foi boa porque aumentou o nosso salário no Jota (risos).
Você fala que ficou afastado, foi para festa durante esse tempo. O que te levou de volta para a música gospel?
Meu pai é pastor e a minha família toda é ligada a igreja. E eu comecei a me sentir triste de uma hora pra outra, acordei triste um dia de manhã e fiquei assim por vários dias. Eu me perguntava o porquê daquilo e não tinha uma resposta. E aí eu comecei a me lembrar da época que eu tinha uma vida simples, da minha verdade e que eu tinha sido criado em cima daquela verdade. Me lembrei de que eu era feliz naquela época e eu fui ao encontro da minha felicidade outra vez, do que fazia com que eu me sentisse bem. Aí eu disse: ‘quer saber? Eu estou aqui ganhando dinheiro, viajando, mas eu não estou feliz.’ E resolvi voltar a sorrir de verdade, sabe? E eu estava muito intenso com bebida e droga, estava muito mergulhado nisso, só ficava feliz se estivesse drogado, se estivesse chapado.
Mas você continua tendo contato com o pessoal do Jota Quest?
Muito, a gente é muito amigo! O empresário do Jota Quest é super meu amigo, está em um projeto comigo para me ajudar a produzir meu show. E os meninos apoiam o meu projeto, torcem por mim. O DVD deles novo saiu e eles mandaram autografados, de presente pra mim, eu mando meus DVDs para eles... Nós somos muito amigos.
Você foi um dos convidados do festival Gospel In Rio, organizado pelo jogador Léo Moura. Ele é uma espécie de padrinho da sua carreira?
Na verdade, o Léo Moura teve uma experiência com Deus através do meu DVD. Ele fez contato comigo e falou: “Eu gostei demais da sua música, sua música me ajudou a me encontrar” e a gente começou a ficar amigo. E ele é um cara muito conhecido e respeitado, outros jogadores como Denílson e o Ronaldinho Gaúcho, começaram a ter acesso ao meu trabalho [através dele]. Quando um atleta famoso começa a ouvir um tipo de música, a comunicação entre eles é muito rápida. Ele fez esse festival no clube Luso, em Campo Grande (RJ). Foi o maior público do clube até hoje: 30 mil pessoas.
Foi o seu maior público?
Não. Já fiz evento para 600 mil pessoas em São Paulo, na Marcha Para Jesus. Um show que eu fiz sozinho, recentemente, em Aracaju foi para 55 mil pessoas. A gente sempre tem essa média, de 30 a 60 mil pessoas.
Mesmo em meio à crise do mercado fonográfico, o gospel segue vendendo bastante. Como você explica isso e como você vê o atual momento da música gospel?
Na música secular – chamamos de secular o que não é música gospel – a pirataria é muito maior que no meio gospel. No nosso meio, as pessoas que realmente levam fé não compram CD pirata e acaba que as nossas vendagens são muito superiores a dos artistas que não são gospel. Por exemplo, o maior artista secular do mercado não consegue chegar nem próximo dos artistas médios do gospel. Porque o público compra o original e isso é legal pra gente. A música gospel cresceu muito, os evangélicos cresceram, hoje são 30% da população brasileira e isso reflete na vendagem de DVD e CD. Meu DVD vendeu 100 mil cópias em quatro meses.
De alguns anos para cá, algumas empresas seculares como a Som Livre e a Sony tem entrado no mercado gospel. O que você acha dessa aproximação?
Eu acho maravilhoso! Acho que quanto mais portas abertas para gente, melhor. São empresas sérias, divulgando um produto bom. Assim a gente consegue alcançar pessoas que não seriam alcançadas, entendeu? Eu acho que o mercado fonográfico tem que se reprogramar e, como as gravadoras vivem de venda de CD, não podem deixar de vender. E nós acabamos ganhando com isso. A gravadora ganha, nós ganhamos...
Você lançou um DVD ao vivo ano passado. Quais são seus próximos planos para a carreira?
Eu estou gravando um CD internacional, que vou lançar nos Estados Unidos. É o mesmo projeto que eu lancei aqui, só que em inglês. Eu gravei lá na Full Sail, que é a maior universidade de entretenimento do mundo. Eu fiz lá a convite do dono dessa universidade. Também vou gravar meu próximo CD, que será lançado no Brasil, nos Estados Unidos. Será um CD e um DVD de inéditas.
E o DVD você já sabe onde vai ser gravado? Eu estou estudando ainda. Tem o sambódromo de São Paulo, que é um candidato forte entre os lugares que a gente quer fazer. Também gostei muito do lugar que fizemos o Gospel in Rio, em Campo Grande. Eu quero reunir caravanas do Brasil inteiro, levar o máximo de pessoas possível, fazer um DVD de multidão mesmo.
Fonte: MultiShow
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