Os
pastores estão sofrendo cada vez mais por uma falta de saúde física e
mental, de acordo com recentes estudos denominacionais. Dois de cada
três pastores da Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos (PCUSA) estão
acima do peso ou obesos, com o número de obesos dobrando para 27% nas
últimas duas décadas, de acordo com uma avaliação presbiteriana em 2008.
Dos líderes avaliados pela Mayo Clinic
(Clínica Mayo) em 2008 da Igreja Evangélica Luterana na América (ELCA),
75% correm risco de estarem mal-nutridos e bem mais de 50% correm risco
de obesidade, péssima saúde emocional e pressão alta.
“Nós
acreditamos que isso é comum entre pastores de todas as denominações,”
diz Brad Joern, diretor de serviços de saúde da ELCA. “O trabalho do
pastor é muito estressante. E nós sabemos que há uma conexão psicológica
entre o estresse prolongado e a saúde física da pessoa.”
Isso
apresenta um problema caro à igreja. A ELCA, que auto-administra seu
próprio convênio de saúde, fez a estimativa de que 40% dos US$175
milhões em gastos previstos para 2009 eram “evitáveis”. Em outras
palavras, este valor poderia ter sido economizado se os pastores
tivessem adotado um estilo de vida mais saudável, além de um bom manejo
de problemas crônicos de saúde e/ou bom uso de medicina preventiva.
Os
pastores da ELCA parecem possuir mais riscos de saúde do que seus
congregantes, chegando a ter uma probabilidade de 10% a mais da média
nas áreas de pressão alta, diabetes, colesterol e peso, de acordo com as
comparações da Mayo Clinic. Além disso, eles são duas vezes mais
suscetíveis a depressão (16% de probabilidade em comparação à média de
8%), apesar de apresentarem metade da probabilidade de usarem álcool ou
tabaco.
De
acordo com um estudo da Universidade Duke, realizado em 2007 entre 10
denominações, membros do clero são também significantemente mais
propensos a se queixarem de demandas excessivas no trabalho, críticas,
isolamento e estresse. A universidade, então, criou o programa Clergy Health Initiative
(Iniciativa Clero Saudável), um estudo que gastará sete anos e doze
milhões de dólares para avaliar a fundo a saúde dos pastores metodistas
da United Methodist Church (Igreja Metodista Unida) na Carolina do Norte.
“Entrevistas com grupos de focos já revelaram que pastores da United Methodist Church
carecem de acesso consistente e financeiramente viável a convênios
médicos,” disse Robert Swift, diretor do Clergy Health Initiative. “E
alguns pastores sentem que nunca têm tempo o suficiente para cuidarem de
si mesmos.”
“Isso eventualmente se torna um problema espiritual,” disse John Herman, diretor executivo do ministério de cuidado pastoral da Evangelical Free Church of America. “Os
pastores são péssimos em honrar o seu tempo de descanso. Acabamos
acreditando que descansar significa que alguma coisa necessária não está
sendo feita e que as pessoas estão contando conosco para fazê-la," ele
completa.
“A
saúde emocional é algo sobre o qual os pastores não se permitem chamar
atenção,” disse James Bradford, secretário geral da Assembleia de Deus.
“Não parece espiritual. Não é politicamente aceitável que o pastor tenha
um tipo de diversão que restabeleça suas emoções, como um hobby, por exemplo. Se ele tiver que faltar num culto para estar numa reunião de pessoas que compartilham o mesmo hobby, isso é inaceitável para a maioria das pessoas da igreja.”
“O
descuido da saúde do pastor tem consequências muito maiores do que
simplesmente uma viagem ao pronto-socorro,” disse Herman. “A boa saúde
do pastor é o recurso humano mais importante para se construir uma
igreja saudável.”
“Falando
de forma empresarial, o cuidado do CEO é uma das responsabilidades da
diretoria ou conselho,” disse Bradford, “e isso raramente é bem feito.
Esperamos que os pastores sejam automaticamente saudáveis e moralmente
puros. Eu penso que os conselhos não precisam somente cuidar da igreja,
como também cuidar conscientemente do pastor.”
“Uma
mudança cultural essencial seria chegar a entender que a saúde é um
compromisso de toda a comunidade,” disse Keith Meador, co-diretor do Center for Spirituality, Theology, and Health
(Centro de Espiritualidade, Teologia e Saúde) da Universidade Duke.
“Checar a pressão na igreja não é algo ruim. Os cristãos deveriam se
proteger contra uma noção individualista da saúde pessoal que pode ser
manipulada usando a espiritualidade.”
“Se
nós compreendermos corretamente uma comunidade cristocêntrica que dá
graças a Deus pelo pão e pelo vinho, que conotam a vida abundante, morte
e ressurreição, então cuidaremos uns dos outros,” disse Meador.
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