Os irmãos Joaquim Kauã, de três e seis anos, morreram carbonizados após um incêndio atingir o quarto das crianças em Linhares, no norte do Espírito Santo, na madrugada do último sábado (21).
O pastor George Alves, pai de Joaquim e padrasto de Kauã, tentou entrar no cômodo para salvar as crianças pelo menos três vezes, mas as crianças não resistiram. Sua esposa e mãe dos meninos, Juliana Salles, estava em um congresso em Minas Gerais no momento do incidente.
“Por volta de umas 2h da manhã escutei a babá eletrônica, os gritos deles, vi o fogo muito grande, corri desesperado e a casa já não tinha energia. Eu empurrei a porta do quarto deles, que estava entreaberta, eu só havia encostado por causa do ar condicionado, entrei. Quando entrei, escutei os choros deles, a gritaria, eles gritando ‘pai, pai’. Pus a mão na cama, queimei as mãos, não consegui pegar”, disse George à imprensa nesta segunda-feira (23).
O pastor acredita que Kauã tenha descido da beliche onde dormia para tentar ajudar o irmão. “Eles se abraçaram, eu não consegui, o fogo estava muito quente, queimei meus pés, minhas mãos. Eu saí, estava só de cueca, gritando. Comecei a desesperar, duas pessoas vieram e me tiraram da casa, eu tentei uma três vezes entrar para salvar mas já não ouvia mais a voz deles”, lamenta.
Há aproximadamente dois anos, George e Juliana haviam perdido a filha Helena, aos três meses de vida, vítima de uma enfermidade caracterizada por uma anomalia no intestino. Eles também são pais de João, de aproximadamente um ano e meio, que não estava na casa no momento do incêndio.
Exemplo de fé
Durante uma coletiva de imprensa, o casal destacou o quanto têm sido sustentados por Deus. “Temos plena certeza e convicção de que é Deus que está nos segurando, nos mantendo firme. Creio que há um propósito eterno em relação a tudo isso — a propagação do Evangelho em todos os aspectos, em todos os lugares. Pessoas serão alcançadas por esse testemunho”, disse George.
“Não há nada que me faça parar agora, entrar num quarto, entrar em depressão porque eu creio que há um senso de urgência: o mundo precisa de Deus. Não há uma resposta para o mundo, se não for Deus”, acrescentou o pastor. “Se eu não tivesse a certeza de que há um Deus que vive, eu não estaria falando com vocês agora”.
No domingo (22), um dia após a morte das crianças, George e Juliana decidiram enfrentar o luto e ministrar durante o culto. Momentos antes, o pastor George publicou uma mensagem de agradecimento nas redes sociais.
“Quero agradecer a todos a solidariedade e as orações. Quero dizer que só há um caminho e esse caminho não acaba na cruz, mas na ressurreição. Gere expectativas. Logo mais, nosso culto sobrenatural”, disse ele no Facebook.
Como prometido, por volta das 19h50, o pastor George subiu ao altar e pregou uma mensagem aos membros da Igreja Batista Vida e Paz.
“Os pastores disseram que eu preciso de um tempo para refrescar minha cabeça. Como é que eu vou descansar? Eu estou acelerado, com os pés cheios de bolhas, andando de uma lado para o outro e pensando: ‘Deus, como vou usar isso que o Senhor fez para ganhar multidões para o Senhor?’ Não é tempo de descansar. É tempo de guerrear. Eu tenho que lutar para ganhar almas para Jesus”.
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