A jovem indígena se separou do marido nos primeiros meses da gravidez. A tradição determinava que a criança fosse enterrada viva logo após o parto. Geralmente o buraco fica pronto e a mãe já dá à luz em cima da cova - assim ela nem vê o rosto da criança. Mas esta jovem pensava diferente. Não podia ficar com o bebê, mas não queria enterrá-lo. O cacique da aldeia percebeu a dor e decidiu pedir ajuda à ATINI. Ele sabia que um parente deles morava na chácara da organização e pensou: "Quem sabe ele não quer adotar a criança?"
Nossa equipe foi acionada e a mãe foi resgatada a tempo - a menina nasceu segura em Brasília. A pedido do cacique, a própria FUNAI entrou no caso e providenciou rapidamente toda a papelada para a adoção. A cova da pequena Kaiti foi fechada e hoje ela vive em segurança com sua nova família na chácara da ATINI!
Mas o outro bebê está desaparecido...
O pequeno Atuka nasceu numa aldeia do Mato Grosso do Sul. Seus pais o amaram e cuidaram dele com carinho. Mas aos poucos começaram a achar que o menino tinha "problema espiritual", provavelmente "feitiço". O menino não se desenvolvia direito, chorava o tempo todo, o corpinho foi ficando rígido e sem movimentos. Percebendo estas dificuldades a mãe entrou em desespero e começou a se afastar da criança. O medo e a falta de informação tomaram conta dela.
Sem alimentação e cuidados adequados, os problemas de Atuka só foram se agravando. Recentemente ele foi internado em estado de desnutrição grave e quase morreu. Seria mais um dos muitos casos de morte de criança indígena por "desnutrição". Apesar da gravidade a criança sobrevivou. Mas aos médicos, sabendo dos problemas culturais, não comunicaram à família o diagnóstico de paralisia cerebral.
Já de volta à tribo, a mãe continua tendo as mesmas dificuldades para alimentar a criança adequadamente. O pastor indígena da aldeia percebeu a luta da mãe e começou a acompanhar a família de perto. Percebeu que Atuka continua em risco do que chama de "infanticídio disfarçado" e recomendou que a família fosse para a ATINI para receber ajuda. O pai poderia trabalhar na chácara, a criança receberia acompanhamento médico adequado, e a mãe passaria por um trabalho de reeducação para que aprendesse a lidar com as dificuldades do filho.
A pedido deste pastor indígena, uma equipe da ATINI foi acionada. Mas a mãe, amedrontada e acreditando que só pajelança pode curar o menino, fugiu com ele para uma aldeia vizinha. Neste momento o pastor está tentando localizar a família e descobrir a melhor maneira de salvar a vida da criança.
Pedidos de oração:
- Orem conosco para que a vida do pequeno Atuka seja poupada.
- Orem para que a menina Kaiti cresça feliz e saudável com sua nova família.
- O orem para que os pastores indígenas do CONPLEI se envolvam mais e mais nesta questão do infanticídio.
- Orem para que a ATINI continue sendo usada para trazer esperança e dignidade para as crianças indígenas.
Hakani continua se desenvolvendo muito bem, falando inglês, tirando boas notas e aprendendo a dançar Hula. O mais bonito é que ela tem desenvolvido um grande senso de compromisso social com as crianças indígenas, e tem sido uma voz poderosa por onde ela passa.
Suzuki e eu estamos na fase de finalização do alfabeto Uniskript. Já temos o alfabeto pronto, com fonte e keyboard funcionando para 4 línguas diferentes. Completamos na semana passada o Evangelho de João numa língua da Ásia. Ontem completamos o mesmo Evangelho na língua havaiana. Estamos empolgados com a aceitação do alfabeto principalmente nas ilhas do Pacífico, e com a possibilidades que se abrem para a educação e para a comunicação das Boas Novas entre estes povos.
Orem conosco por esses dois últimos meses de trabalho intenso aqui em Kona, e pelos preparativos para nossa volta ao Brasil. Estamos com saudades e sonhando com nosso dia-a-dia com as família indígenas da Casa das Nações.
Muito obrigada por fazer parte da nossa vida.
Edson e Márcia Suzuki
http://www.suzukiemarcia.blogspot.com/