quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Nossos governantes são o fruto do nosso pecado

Fabio Blanco
...tudo o que o homem semear, isso também ceifará (Gl 6.7). Tal regra não se aplica apenas aos indivíduos, mas, com toda certeza, aos povos. Se ficamos atordoados com mais uma vitória de um partido como o PT, e se já estávamos atordoados antes, quando nossas possibilidades de escolha não iam muito além dos socialistas fabianos do PSDB, isso não foi por pura obra do acaso. São anos de cultivo de uma cultura libertina, décadas de plantio de ideias marxistas, a exaltação do malandro, o louvor das mulatas semi-nuas (às vezes nuas mesmo) em plena avenida, aos olhos do povo, inclusive das crianças, todas devidamente acompanhadas de seus pais. São escolas infiltradas por professores libertários, exaltadores da porno-cultura, críticos vorazes de tudo o que se refere à religião. São anos e anos de lamentos, por conta de uma ditadura que recebeu todos os anátemas da democracia, servindo de bode expiatório para todo pecado vermelho tupiniquim, liberando este para diversas atrocidades conhecidas e ocultas.
Foi a mentira bem escondida no solo profundo da mente de gerações de jovens que, sem a devida possibilidade de defesa, serviu de cobaia para o inculcamento de todo o lixo progressista que é o fundamento, hoje, do discurso desses fingidos protetores da sociedade.
Lembro-me bem, ainda jovem na faculdade, de minha professora de antropologia dizer que a família era um conceito burguês e que ela poderia provar isso para quem quisesse. Como eu, à época com 18 anos de idade, poderia desmenti-la? Restou-me apenas quedar-me inerte, com a mente confusa pela afirmação.
Vem à minha memória ainda, minha professora de religião, na escola católica que frequentei por praticamente toda a minha formação antes da universidade, que amava contar suas peripécias nas avenidas de escola de samba, nas quais desfilava anualmente, com seus minúsculos biquínis (os quais, graças a Deus, apenas soube de ouvir falar). Ao ouvir essas histórias me arrependi de ter retirado o pedido de não frequentar suas aulas, já que eu era protestante. Meu arrependimento não foi, no entanto, por frustração do motivo alegado — ter já minhas convicções bem estabelecidas, mas por perder meu tempo ouvindo aquela demonstração de inutilidade, misturada com blasfêmia, daquela que era a única professora de religião da escola.
Minha esposa consegue remontar a tempos mais antigos, quando ela tinha aproximadamente 8 anos de idade, e sua professora levanta a velha questão: o que é melhor: o capitalismo, com toda a sua exploração e desigualdade ou o socialismo, com sua preocupação com os oprimidos e divisão de bens? Sendo ela, então, a única criança, talvez por iluminação divina, a se manifestar favoravelmente ao primeiro, foi praticamente marginalizada pela dita pedagoga, tendo sido tratada como ignorante por não perceber algo que ela dizia ser tão “óbvio”.
Se pensarmos bem, nosso país segue o rumo bem traçado por ele mesmo. Dominado de ponta a ponta por uma elite intelectual estupidamente esquerdista (pois é possível haver esquerdista inteligente, porém, no Brasil, isso parece não existir), a qual fomentou a criação de uma política inócua, que apenas favorece seus projetos de poder perpétuo, não haveria outra situação que não a atual: o completo domínio cultural e político.
Mas para que não se pense que eu acredito que tudo é culpa das elites, não há de se desculpar o povo desta terra, tão amante do dinheiro (porque há pobres mais avarentos que milionários), tão desprendido de valores, tão exaltador da libertinagem, tão distante do valoroso, que além de manter no poder um grupo que já deu provas suficientes de total desrespeito à ética, à moral e, porque não, aos bons costumes, ainda exalta um homem que despreza a religião e as letras e, ainda, permite que o governo seja encabeçado por uma terrorista, não arrependida, mas, sim, orgulhosa de seu passado e suas ideias.
O governo nas mãos desses homens não é obra do acaso, não é um acidente histórico, não é um vacilo, é simplesmente o fruto de uma plantação muito bem cuidada.
Calvino percebeu, já em seu tempo, que os povos podem receber a paga de seus atos, quando escreveu:
“Se formos atormentados por um governante cruel ou esbulhados por um governante ganancioso e esbanjador, se formos negligenciados por um governante indolente ou afligidos na devoção por um governante ímpio e sacrílego, devemos primeiro trazer à mente nossos pecados, pois sem dúvida são eles que Deus está punindo com tais flagelos”
Se me lembro bem, foi Agostinho quem disse que o maior castigo para o pecador é a sua própria vida. Pensando assim, o justo castigo do nosso país é o seu próprio pecado, além de todos os seus frutos.
por blog Fabio Blanco

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