Discórdias, dissensões e facções.
Aqueles que praticam tais coisas não herdarão o reino do céu. A advertência
de Paulo em Gálatas 5:19-21 é clara. Deus não aceita o espírito partidário
divisor que domina tantas pessoas religiosas de hoje. Estes pecados correm
diretamente contra a oração de Jesus e a verdadeira natureza de Deus (João
17:20-23). Jesus quer que seus seguidores sirvam juntos em harmonia nesta vida e
na eternidade.
Para nos ajudar a evitar ou superar
estes pecados em nossas vidas, olhemos para algumas coisas que a Bíblia ensina
sobre problemas entre irmãos e sobre a paz com Deus e outros cristãos, e então
veremos o que separa pessoas religiosas.
Algumas coisas que não
devem causar divisão:
Diferenças
de opinião não destroem a comunhão. Homens bons podem diferir sobre vários
pormenores de como fazer a obra de Deus sem perder seu respeito mútuo. Um
exemplo claro disto é a discordância entre Paulo e Barnabé em Atos 15:36-41.
Dois evangelistas devotos e experientes tinham uma diferença de opinião sobre
se levavam João Marcos na sua viagem de pregação. Ambos tinham boas razões
para suas posições. Paulo lembrou que Marcos tinha-os abandonado quando o
caminho se tornou difícil em sua primeira viagem (Atos 13:13). Barnabé, já
conhecido por sua habilidade para encorajar e edificar seus irmãos, ainda tinha
esperança de que Marcos viria a ser um companheiro confiável. Este otimismo
mostrou-se correto (2 Timóteo 4:11), mas as preocupações imediatas de Paulo
também eram compreensíveis. Como estes dois homens maduros lidaram com suas
diferenças? Eles permitiram um ao outro a liberdade de fazer sua obra sem
sentir a necessidade de ataque pessoal ou denúncia do caráter de seus
camaradas soldados.
Discussões
de diferenças doutrinárias não causam divisão. Algumas pessoas são tão
paranóicas sobre a possibilidade de divisão que evitam qualquer sugestão de
diferenças, e consideram discussões de assuntos polêmicos como sendo
anticristãs. Tal aversão à controvérsia não vem de Deus. Iniciando quando
ele tinha somente 12 anos, Jesus freqüentemente teve discussões sobre diferenças
doutrinárias com líderes religiosos do seu tempo. Ele tratava os
questionadores honestos com bondade e respeito, mas não hesitava em afirmar
seus pontos de vista e em mostrar a inconsistência daqueles que se opunham à
Verdade (veja Mateus 22:29; 23:13-39; João 5:37-42; etc.) Os cristãos
primitivos também discutiam abertamente as diferenças doutrinárias e assim
permitiam que a luz da Verdade brilhasse na treva do erro humano. Um excelente
exemplo de tal discussão é encontrado em Atos 15:1-35. Alguns irmãos na
igreja de Jerusalém estavam ensinando uma doutrina que contradizia o que Deus
tinha revelado a Paulo e a outros. Os apóstolos e presbíteros e, mais tarde,
toda a congregação, sentaram-se para discutir o problema. Homens de boa fé
permitiram que a Verdade prevalecesse, e seus debates conduziram a concordância
unânime e a paz mais profunda.
Diferenças
de níveis de maturidade e de consciência pessoal não causam divisão.
Enquanto as pessoas continuarem a nascer na família de Cristo, haverá diferenças
de níveis de maturidade. Isto é natural e não deverá causar divisões. Paulo
abordou especialmente este assunto em Romanos 14. Quando há diferenças de
opinião, aqueles que sentem uma liberdade maior deverão respeitar a consciência
do irmão sincero que não reconhece essa mesma liberdade. Assim como os membros
maduros de uma família física protegem os mais novos, aqueles discípulos com
entendimento mais maduro procurarão proteger as consciências de seus irmãos
mais fracos. Aqueles que são mais fracos, se amam verdadeiramente o Senhor,
naturalmente buscarão crescer. Tais diferenças são freqüentemente resolvidas
com estudo paciente, quando o corpo todo busca edificar-se em amor (Efésios
4:15-16).
Falsas
doutrinas causam divisão. Doutrinas que contradizem as Escrituras, pregadas
freqüentemente por motivos egoístas, criam divisão (Romanos 16:17-18).
Aqueles que espalham tais erros são fortemente condenados e devem ser evitados
(Tito 1:10-16; 3:10-11). Falsos ensinamentos conduzem à divisão porque não
poderá haver comunhão entre a luz e as trevas (2 Coríntios 6:14 - 7:1). Deus
espera que os justos se separem dos desobedientes. Esta é uma forma de divisão
que tem que ser instigada pelos fiéis para se manterem livres da impureza da
falsa doutrina e das práticas pecaminosas. Nem todas as separações ou divisões
são erradas porque a palavra de Deus exige que nos separemos daqueles que
persistem no erro.
Algumas coisas que
causam divisão:
Desrespeito
pela consciência de um irmão causa divisão. Em Romanos 14:13-17, Paulo
falou de coisas que não eram erradas em si, mas disse que é divisor e falta de
amor insistir em exercer liberdades se elas farão um irmão tropeçar. Este
princípio freqüentemente exige que nos abstenhamos de práticas que poderíamos
considerar lícitas de modo a manter paz com nossos irmãos. Determinação egoísta
em fazer o que queremos do modo que queremos, sem respeito para com as dúvidas
honestas de nossos irmãos, reflete uma arrogância sem amor que inevitavelmente
cria discórdia. Paulo ensina que deveremos buscar amorosamente entender nossos
irmãos mais fracos e manter a paz com eles.
Sectarismo
territorial causa divisão. Pessoas religiosas em nossos dias estão
demasiadamente preocupadas com "nós" e "eles" e
"nosso" e "deles" e pouco preocupadas com
as coisas de Deus. Jesus ofereceu uma solução simples e direta para tal
atitude arrogante: "Falou João e disse: Mestre, vimos certo homem
que, em teu nome, expelia demônios e lho proibimos, porque não segue conosco.
Mas Jesus lhe disse: Não proibais; pois quem não é contra vós outros é por
vós" ou "... quem não é contra nós é por nós"
(Lucas 9:49-50; Marcos 9:40). Essas palavras de Jesus não devem ser
esticadas para dizer que devemos aceitar cegamente a todos (veja Mateus 12:30,
que mostra que não podemos ficar neutros sobre Jesus; ou somos a favor, ou
somos contra ele). Mas estes textos de fato mostram que não devemos rejeitar
alguém só porque ele não pertence ao nosso grupo. Muitas pessoas estão
ocupadas em julgar as raízes quando devem estar julgando os frutos (Mateus
7:15-16).
Muitas das coisas escritas em nossos
dias sobre a herança religiosa de vários grupos deve soar para Deus como
tolice sem propósito. Paulo tinha uma linhagem religiosa tão boa como qualquer
um à volta dele, mas dizia que considerava isso tudo "perda por causa de
Cristo" porque ele punha total confiança em Cristo e sua justiça
(Filipenses 3:7-11). Paulo não estava preocupado com a aprovação ou a permissão
de qualquer homem ou organização humana (Gálatas 1:10-12,17), somente com a
pregação e a prática do puro evangelho de Jesus Cristo. Em vez de agir como
políticos que precisam fazer uma pesquisa de opinião para saber de que lado o
vento está soprando, precisamos estar firmemente assentados sobre a rocha da
verdade de Deus (Efésios 4:11-16,24). Se estamos firmes com Deus, não importa
quantos homens estejam contra nós. Certamente os relatos de Gideão e os
midianitas, Davi e Golias, e Elias e os falsos profetas são suficientes para
nos convencer de que a força não está em nos acharmos alinhados com a facção
mais forte da cidade. Deus sempre vence, e a vitória é garantida para aqueles
que permanecem com ele (Romanos 8:31-39).
Orgulho
e inveja causam divisão. Nenhuma carta do Novo Testamento fala mais sobre
divisão do que 1 Coríntios. As facções na igreja coríntia eram o resultado
de comportamentos carnais de pessoas que estavam mais preocupadas com suas próprias
reputações e influências do que estavam com o povo de Deus (leia
cuidadosamente 1 Coríntios 3:1-17). Quando os homens são apanhados na
carnalidade de tentar mostrar que nossas igrejas são maiores do que as igrejas
deles, que nossos projetos são melhores do que os projetos deles e que nossos
pregadores são mais eloqüentes do que os pregadores deles, as contendas são
inevitáveis. Se pensarmos que somos maiores e melhores, seremos dominados pelo
orgulho. Se temermos que outros estejam ganhando a corrida, seremos dominados
pela inveja e o ciúme. Não importa quem está na frente; todos que estão na
corrida estão errados! Vergonha para aqueles que rebaixarem a obra do Senhor ao
nível de uma competição atlética. Deixem as competições e a busca de
reconhecimento humano na planície de Sinear e retornem à pregação da
mensagem simples da cruz de Cristo (1 Coríntios 2:1-5; veja Gênesis 11:1-9).
A surpreendente
chave para a paz real
É interessante que Jesus freqüentemente
nos diga para buscarmos as bênçãos que ele promete em lugares inesperados. Àqueles
que queriam ser exaltados, ele disse que olhassem para baixo e lavassem os pés
de seus irmãos (João 13:14-15). Àqueles preocupados com necessidades físicas,
ele disse que buscassem as coisas espirituais (Mateus 6:31-34). E àqueles que
querem a paz com os homens, ele diz que busquem a sabedoria pura que vem de
cima. Se começarmos a buscar a paz, é bem provável que acabemos com nada mais
do que alianças impuras com pessoas infiéis. Mas se partirmos para buscar e
seguir a Verdade, receberemos o benefício extra da paz com Deus e seu povo. "A
sabedoria, porém, lá do alto é, primeiramente, pura; depois, pacífica..."
(Tiago 3:17). Não podemos reverter a ordem. Se pusermos a paz acima da pureza
na pregação e na prática, terminaremos em desavença com Deus. Mas se nos
devotarmos a proclamar e a seguir a pura mensagem de Jesus Cristo, gozaremos paz
eterna com Deus e seu povo (1 Coríntios 1:10; Efésios 2:11-22).
"Assim, pois, seguimos as
cousas da paz e também as da edificação de uns para com os outros"
(Romanos 14:19).
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