O dicionário define "metamorfose" como: a
mudança ou transformação de forma física ou moral de algo ou alguém.
Não sei se é apenas eu, ou se é algo comum à toda espécie
humana, mas algo me incomoda ao ler palavras como "mudança" ou
"transformação" na mesma frase em que palavras como "eu" e
"comigo" aparecem.
Tendemos a gostar de mantermo-nos onde estamos, fazer somente o
que já sabemos fazer e experimentar somente o que já conhecemos.
Mudar requer esforço e gasto de energia e, coincidência ou não,
umas das leis da física diz que "tudo no universo tende ao seu estado de
menor energia", ou seja, mudar não é algo que seja
natural para nenhum de nós. Talvez, somente talvez, seja por isso que
estar em uma fase de adaptação e transformação seja algo tão difícil e
desconfortável.
Conheço pessoas que gostam de desafios e estão sempre saindo da
rotina e fazendo algo novo, mas não conheço ninguém que faça tais coisas sem
nunca ter sentido um frio na barriga ou mesmo um nervosismo incontrolável e
inexplicável. Este nervosismo até pode ser disfarçado com um sorriso ou uma cara
alegre que engane as pessoas ao nosso redor, mas, no fim do dia, sabemos o que,
de fato, está acontecendo dentro de nós mesmos e sabemos também que não adianta
mentirmos para nós mesmos.
Outro dia, porém, vi-me impactado com um simples e poderoso
ensinamento que, mais uma vez, a natureza nos demonstra há séculos, mas o
bicho-homem é teimoso e ocupado demais para entender. Tamanha foi minha surpresa
ao perceber que algo tão simples como uma borboleta podia me ensinar tanto. Sim,
uma borboleta - você não leu errado.
Pense a respeito.
Uma lagarta passa toda sua vida se arrastando pelo chão,
comendo folhas e sendo vulnerável a todo e qualquer predador. Para se proteger,
ela se esconde atrás de rochas ou dentro de troncos de árvores, mas, ainda
assim, existem diversos pássaros que adorariam tê-las, e de fato as têm, como
refeição.
A visão de mundo de uma lagarta é o chão. Seu vocabulário se
resume a: terra, sujeira, folha, rocha e árvore. Tudo o que uma pobre lagarta
sabe é o que seus olhos e sentidos captam do chão.
Contudo, um dia, após muito sofrimento no solo, algo nela a
chama para ser superior, algo maior que ela, algo que mudará para sempre a sua
visão de mundo.
Ela, sem saber explicar o que faz nem por que o faz, se envolve
em um casulo e ali se auto-aprisiona por um tempo.
O casulo a protege, a guarda e a esconde por um tempo, até que
a hora de uma nova etapa se aproxime.
Mas...
...no casulo, ela é modificada.
...no casulo, ela cresce.
...no casulo, ela se transforma.
...no casulo, ela experimenta uma
METAMORFOSE.
Assim sendo, um dia a metamorfose exterior acaba e uma
metamorfose interior começa. Para tal, o seu casulo que servia de abrigo e
proteção acaba por gerar nela um desconforto tal que a ex-lagarta se vê com a
iminente necessidade de sair desse casulo.
Para que isto ocorra, a lagarta se vê com um grande desafio:
Como irei abandonar o lugar que me tratou tão bem nesses
últimos meses? Como irei sair do lugar que me acolheu, protegeu e onde eu não
precisava me preocupar com as ameaças do exterior? Como poderia sair do lugar
meu conhecido rumo ao DESconhecido? - pensa a ex-lagarta
Todavia, chega um momento em que a dúvida é vencida pela
necessidade de sair daquele lugar apertado e sufocante que o casulo se tornara.
A lagarta, então, toma a maior e mais importante decisão da sua vida: sair do
casulo.
Essa é uma decisão que só ela pode tomar e ninguém pode
ajudá-la.
Ao sair do casulo, ela percebe em si algo diferente. Suas
pernas mudaram, seu corpo mudou, seu formato mudou, mas a sua mente ainda é a
mesma.
A ex-lagarta precisa, agora, entender que até mesmo seu nome
mudou. A ex-lagarta, agora se chama borboleta e precisa se esticar por um tempo
depois de ter saído do casulo antes de poder voar.
Que me perdoem os especialistas e biólogos, mas uso de minha
licença poética para imaginar que esse tempo em que a borboleta fica se
esticando após sair do casulo e antes de dar seu primeiro voo serve para que a
metamorfose interior aconteça. Esse é o tempo que a borboleta leva para que sua
mentalidade de lagarta também saia do casulo e se torne uma mentalidade de
borboleta.
E quando a metamorfose interior acontece e
a ex-lagarta, agora, é uma borboleta por dentro e por fora, ela alça voo e
descobre que seu destino não era o chão e sim o céu.
Seu vocabulário passa a ser: voar, céu, nuvens e mais alto.
Sua visão é ampliada. Antes ela só via o que estava mais perto
de seus olhos, mas agora, sua visão é ampliada ao horizonte. Uma nova e
maravilhosa vida a espera.
A ex-lagarta que vivia de folha em folha,
agora vive de flor em flor.
A ex-lagarta que vivia de terra em terra,
agora vive de céu em céu.
A ex-lagarta que vivia de esconderijo em
esconderijo, se afastando de tudo e todos, agora vive e voa despreocupada pelo
céu deixando que todos admirem a beleza das cores de suas asas.
A ex-lagarta que vivia com medo, agora tem
LIBERDADE.
Será que não é assim conosco também?
Nosso destino não é o agora, não é o chão. Nosso destino é um
amanhã maior que o hoje, nosso destino é o céu.
Mas há um caminho a ser trilhado, uma mudança a ser gerada, uma
metamorfose a ser experimentada.
E, assim como a borboleta, somente nós mesmos podemos sair de
nossos casulos, porque se alguém tentar nos tirar a força podemos não estar
preparados e morrer física, mental ou espiritualmente.
Você que fez do Senhor seu abrigo,
fortaleza e casulo não hesite quando Ele lhe chamar para fora, pois, tenha
certeza, um novo voo e uma nova perspectiva Ele tem para você.
Assim como Cristo chamou Lázaro para
fora, e assim fez vida aonde havia morte, Ele também lhe chama para algo maior e
melhor, afinal os pensamentos de Deus são maiores que os nossos e ultrapassam
nossa limitada imaginação.
Saiba que a mudança dói sim e é
desconfortável sim, mas o gozo do por vir excede com folga a dor presente.
Lembre-se das palavras do Ap. Paulo:
"Eu penso que o que sofremos
durante a nossa vida não pode ser comparado, de modo nenhum, com a glória que
nos será revelada no futuro." Romanos 8:18
VIA GRITOS DE ALERTA .
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