A revista ISTOÉ desta semana destaca o lançamento do livro “Kardec, a Biografia” (ed. Record), escrito pelo jornalista Marcel Souto Maior. “Kardec precisou ir além da religião para criar uma doutrina inteira em apenas 13 anos”, explica.
O material foi compilado para mostrar a “força” do movimento que surgiu na França, mas foi no Brasil que alcançou seu maior número de adeptos. Embora seja uma prática pagã milenar, o pioneiro do espiritismo moderno foi o professor Hippolyte Léon Denizard Rivail. Membro destacado de nove sociedades científicas, escreveu 20 livros sobre pedagogia na França do século XIX.
Mas sua vida mudou quando começou sua busca pelo aspecto transcendente da vida. Acreditando na revelação feita por um espírito, mudou seu nome para Allan Kardec. Redigiu o influente “O Livro dos Espíritos” (1857). Fundou a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas e passou a escrever diferentes livros sobre o assunto e uma publicação mensal. É considerado até hoje o “grande codificador da doutrina”.
Faleceu em 1869, vítima de aneurisma cerebral. Na época, sua doutrina tinha oficialmente sete milhões de seguidores. Desde então continuou crescendo, apesar da forte oposição da Igreja Católica da Europa. Seus livros eram queimados em praça pública. Médiuns e adeptos do espiritismo eram condenados por suas práticas.
Souto Maior afirma: “Kardec era político. “Depois das brigas, ele media as palavras com a Igreja e sabia que isso traria publicidade.”
Atualmente, no túmulo de Kardec no Cemitério Père-Lachaise, em Paris, existem mais mensagens em português do que em francês. Não por acaso.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) afirma que o Brasil tem 3,8 milhões de pessoas que se declaram espíritas. Some-se a isso 30 milhões de “simpatizantes”, defende a Federação Espírita Brasileira. Oficialmente, entre 2000 e 2010, o número de seguidores do espiritismo cresceu 65% no Brasil. Segundo a Federação, continua crescendo. É um tema recorrente em novelas e programas da televisão brasileira.
Geraldo Campetti, vice-presidente da Federação Espírita Brasileira, assegura: “Nossa população aceita muito bem a ideia de vida após a morte”. Para muitos estudiosos do assunto, o kardecismo é uma criação brasileira. E
les apontam 3 fatores que ajudaram na formulação nacional dessa doutrina: o sincretismo brasileiro (em especial por que para os católicos a ideia de falar com santos mortos era comum), a proximidade entre espiritismo e cristianismo no ensino das boas obras e, por fim, a popularização dos ensinamentos através de Chico Xavier.
A chegada do espiritismo ao Brasil foi em 1860. O médico e político Bezerra de Menezes traduziu os livros de Kardec para o português. Contudo, apenas 100 anos depois viria a chamada “explosão da doutrina” em grande parte por causa dos escritos do médium Chico Xavier. Falecido em 2002, deixou mais de 450 livros publicados. Um deles se chamava justamente “Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho”. Entenda-se que é a interpretação espírita do Evangelho.
Marcel Souto Maior escreveu sua biografia, “As Vidas de Chico Xavier”, que vendeu mais de um milhão de cópias. O sucesso rendeu uma versão cinematográfica, que atraiu 3,4 milhões de espectadores aos cinemas. Agora, o autor das duas obras diz que o mesmo ocorrerá com a história de Allan Kardec. “O filme deve ficar pronto no ano que vem”, comemora.
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