SHABAT, SINAL DA REDENÇÃO
A palavra vem do
hebraico Shabat, que é 47 vezes traduzido na Bíblia com sentido de cessar e 11
vezes no sentido de descansar. Uma referência ao 7º dia semanal, que no
calendário bíblico acontece entre o pôr-do-sol da sexta-feira até o pôr-do-sol
do sábado no calendário ocidental.
A primeira ocorrência
do Shabat na Bíblia está no livro de Gênesis, quando Deus descansa de tudo que
criou neste dia. “E, havendo Deus terminado no dia sétimo a sua obra que
fizera, descansou nesse dia de toda a sua obra que tinha feito. E abençoou Deus
o dia sétimo e o santificou; porque nele descansou de toda a obra que como
Criador, fizera” (Gn 2:2).
Mas, por que Deus
descansou neste dia? Que propósito Ele tinha nisto? O Sábado é ainda aplicado
para os juDeus? E aos não-juDeus crentes? Estas perguntas serão respondidas
nesta exposição.
A Proposta Original
Depois de Deus ter
manifestado toda a ordem no Éden, todo o cenário para a manifestação de sua
criação, então, definitivamente ele cria o homem, que seria o centro do Éden.
Este homem teria autoridade para dominar sobre a criação (Gn 1:28), esta
autoridade seria dada por Deus. Então, Deus cria o mundo em 5 dias e no 6º dia
Ele cria o homem, lhe dá autoridade e declara que tudo era muito bom! (Gn
1:31). Finalmente, Ele descansa no 7º dia (2:1-3).
O processo é lógico, Deus
criou o homem para descansar com Ele neste 7º dia, na verdade este 7º dia seria
eterno, nunca deveria cessar, Deus cria um mundo em ordem, para estabelecer o
homem em um paraíso de perfeição utópica e finalmente para descansar com Ele.
Na verdade nunca haveria uma “segunda-feira” ou um ciclo de 7 dias para o
homem. Deus não criou o homem originalmente para labutar ou trabalhar, antes
para Reinar, Dominar e descansar com a criação.
O Shabat é um símbolo
de plenitude, de perfeição sem limites, de comunhão e harmonia da criatura com
o Criador. Onde o pecado é inexistente, onde a submissão do homem ao Seu Deus é
precisa e a autoridade do homem sobre a criação é absoluta.
A Perda do Descanso
Quando o homem pecou
(Gn 3.1 e seg.), ele renunciou o descanso providenciado por Deus, as
conseqüências por causa da rebelião do homem foram seriíssimas. Agora vítima do
afastamento de Deus, o homem se vê completamente alienado do eterno descanso
proposto por seu Criador. Por esta razão Deus disse: “... maldita e a terra por
sua causa; em fadigas obterás dela o sustento durante os dias de tua vida. Ela
produzirá também cardos e abrolhos, e tu comerás a erva do campo. No suor do
rosto comerás o teu pão, até que tornes à terra...” (Gn 3:17-19).
Aqui o homem perde seu
acesso ao descanso de Deus, se vê excluído deste 7º dia eterno, onde um homem
eterno poderia viver com seu Criador em perfeita harmonia. Agora não! Agora ele
é vítima de sua própria desobediência, escravo de seu esforço e vítima da
morte.
Deus criou o homem
para: Dominar a criação, ter vida eterna, desfrutar da criação e descansar. Com
o pecado o homem é vítima da criação – produz abrolhos (3:18) – amaldiçoa a
terra, trabalha para adquirir o sustento e perde a vida eterna – “até que
tornes à terra” (v.19).
Guardiões do
Descanso
Deus então forma a
nação de Israel, uma nação sacerdotal (Ex 19:6), que exerce função
representativa perante Deus. Israel é um princípio de representação das nações
perante Deus, assim como o sacerdote de Israel representava a nação perante o
YHVH, o povo judeu é uma representação sacerdotal das nações perante Deus.
Cumpre também uma função sacerdotal de preservar certos sinais para a redenção.
Poderíamos citar
vários sinais escatológicos preservados pelo povo de Israel, sejam dentro da
Bíblia ou até mesmo extra-bíblicos. Porém, um dos principais sinais preservados
por este povo se chama “SHABAT”.
“Guardarão, pois, o
Shabat os filhos de Israel, celebrando-o nas suas gerações por aliança
perpétua. Entre mim e os filhos de Israel será um sinal para sempre; porque em
seis dias fez o Senhor os céus e a terra, e ao sétimo dia ele descansou, e
restaurou-se” (Ex 31:16 e 17 – Almeida C.F.T.O.).
Para Israel o Shabat
é:
1) Um dia para ser
‘guardado’;
2) Um dia para ser
‘celebrado’;
3) Uma herança “pelas
gerações”;
4) Aliança ou Pacto
perpétuo (para sempre);
5) Um Sinal
6) ... que aponta para
o descanso do Éden – “porque em seis dias fez o Senhor os céus e a terra, e ao
sétimos dia ele descansou...” (v.17).
O Shabat foi dado a
Israel – lembre-se da função sacerdotal – para que fosse um sinal, um
testemunho para às nações, pois o Shabat aponta para o dia em que Deus
descansou com o homem no sétimo dia. E aponta para um dia em que Deus devolverá
este descanso para a humanidade. Interessante notar que a palavra sinal que
ocorre neste versículo, a palavra ôt, pode ser traduzida como: sinal, marca de
distinção, aviso, memorial, sinal miraculoso ou prova. Na verdade o Shabat é
uma marca de distinção, porque convoca a humanidade para ser santa, porque só
os santos terão acesso ao descanso de Deus. Também é um aviso, pois anuncia o
descanso eterno reservado para os santos quando da redenção da criação. Também
um milagre e uma prova, pois Israel tem sido preservado por Deus através do
Shabat por quase 3000 anos, para que sirva de testemunho para as nações como um
milagre de preservação.
Redenção do
Descanso sobre a Terra
Israel vem
profetizando desde sua existência este descanso. Ele não era só semanal, era
também anual, como o ano sabático, a cada 7 anos havia descanso na terra.
Vejamos este texto:
“No sétimo ano a terra terá o seu descanso...” (Lv 25:4). Se conectarmos este
texto com o texto de Gênesis 3:17: “... a terra é maldita por tua causa...”
entendemos perfeitamente o motivo deste descanso da terra no sétimo ano. Existe
uma relação original do homem com sua matéria prima – a terra ou em hebraico
Adamá. O descanso da terra era um sinal que conectava o dia em que a terra
desfrutava do Shabat, apontando para um dia em que a terra desfrutará do
descanso. Pois, se tornara maldita por causa do pecado, porém existe uma
promessa de redenção para a criação ou a terra: “A ardente expectativa da
criação aguarda a revelação dos filhos de Deus. Pois a criação está sujeita à
vaidade, não voluntariamente, mas por causa daquele que a sujeitou, na
esperança de que a própria criação será redimida do cativeiro da corrupção,
para a liberdade da glória dos filhos de Deus” (Romanos 8:19-21).
A criação é uma vítima
do pecado, ela mesma aguarda a revelação dos filhos de Deus. Pois ela está
sujeita à banalidade (vaidade ou nulidade no gr. mataióteti) não por escolha
mas, por causa do homem, conforme as próprias palavras de Deus para Adão.
Deus está sempre
trabalhando para restituir o descanso para a humanidade, em todo o tempo!
O Senhor do Shabat
Yeshua (Jesus) surge
no cenário escatológico, como o Senhor do Shabat, como aquele que vem para
restaurar o verdadeiro sentido do 7º dia.
Alguns fariseus
estavam dificultando a prática deste dia maravilhoso, estavam pondo jugo sobre
um dia de restauração, um dia de júbilo e vida.
Quando Yeshua curava
um doente no Sábado, ele estava tentando demonstrar para seus ouvintes, que o
Shabat aponta para a vida plena no paraíso. Quando uma pessoa é curada, ela tem
sua vida prolongada, recebe uma porção à mais de vida. Uma cura no Sábado era
um sinal que apontava para a essência, para o verdadeiro sentido do Shabat, a
vida plena!
Por isto Yeshua disse:
“O sábado foi estabelecido por causa do homem, e não o homem por causa do
sábado. De sorte que o Filho do Homem é senhor também do sábado” (Marcos 2:27 e
18). Na verdade Yeshua está fazendo uso de um grande ditado judaico, que nos
foi preservado pelo Midrash Mechilta que diz de forma similar: “O sábado vos
foi dado, não vós ao sábado” (Melchita 103b). Yeshua não feriu nenhum princípio
da Torá quando curava no Shabat ou quando colhia espigas com seus discípulos,
Ele baseava em um princípio que estava fundamentado na tradição do povo judeu e
principalmente na Torá, quando diz: “Portanto, guardareis o sábado, porque é
santo para vós outros” (Ex 31:14). Não ao contrário! Esta frase de Yeshua deixa
claro que Ele como Segunda Adão (Rm 5) veio para restaurar o senhorio do homem
sobre o Shabat, sobre o descanso reservado por Deus, o Éden! Restaurando o
verdadeiro sentido deste dia, libertando o Shabat do legalismo.
Entremos em seu
descanso
Agora no Messias,
temos acesso a Seu descanso. Nos tornamos novas criaturas, de certa forma,
quando cremos no Messias voltamos a realidade do Éden antes da queda, entramos
finalmente no descanso Dele. Seguindo este raciocínio o autor de hebreus
escreveu: “Ora, se Josué lhes houvesse dado descanso, não falaria posteriormente,
a respeito de outro dia. Portanto, resta um SHABATON para o povo de Deus.
Porque aquele que entrou no descanso de Deus, também ele mesmo descansou de de
suas obras, como Deus das Suas. Esforcemo-nos, pois, por entrar naquele
descanso...” (Hebreus 4:8-11). Este texto incrível, preserva a palavra SHABATON
(gr. sabaton). Nas bíblias em português é traduzida como descanso –
simplesmente. Porém, algumas versões mais sinceras se preocupam em colocar uma
nota de roda-pé citando a tradução original ano sabático.
O que temos que ter em
mente, é que através do Messias, temos maravilhoso acesso ao descanso que Ele
nos proporciona. Se, estamos livres do pecado, voltemos à realidade do Éden,
ouvimos a voz de Deus, o descanso retorna, nosso trabalho não é mais um jugo, e
temos de certa forma, autoridade sobre a criação.
Obviamente, esta
redenção ou este descanso não foi plenamente manifestado, o que só acontecerá
com a ressurreição, o que Paulo chama de ‘revelação dos filhos de Deus’ (Rm 8).
Restituição do
Shabat
Quando o salvo no
Messias, entra nesta realidade do descanso de Deus, ele poderá desfrutar com
júbilo do descanso eterno.
Temos 7 dias, 7 anos,
7 X 7 anos (ou seja 49) ou seja o Jubileu e finalmente um ciclo de 7 milênios,
onde no 7º o Messias descansará conosco.
Apocalipse descreve um
tempo, em que o Messias reinará por mil anos, o chamado milênio. Porém, não há
nenhuma referência clara no Tanach (A.T.) deste período messiânico ter um tempo
exato de 1000 anos. João não foi o primeiro a perceber isto, apesar de não
encontrarmos referência clara sobre este tempo numérico 1000 nas Escrituras,
exceto em Apocalipse. Na tradição judaica já existia esta expectativa como
encontramos preservada nos escritos do Zohar: “Nos dias da sexta parte do sexto
milênio, os portais do conhecimento sobrenatural se abrirão no alto, enquanto
embaixo abrem-se as fontes da sabedoria secular. Assim se iniciará o processo
pelo qual o mundo se preparará para entrar no SÉTIMO MILÊNIO, O SHABAT” –
(Zohar – Parashá Nôach – Noé).
O Reino Milenar do
Messias, ainda não é todo o descanso de Deus. O Milênio é um descanso prévio
para a manifestação do Shabat Eterno. A restituição do paraíso e do Shabat. Por
isto, em Apocalipse 21 vemos a imagem gloriosa de uma Nova Jerusalém descendo
do céu, preparada para os remidos, juDeus e gentios. Um “Éden” preparado por Deus,
um 7º dia eterno, onde finalmente a criação se alegrará com seu Criador pela
eternidade. Pois mesmo nestes novos céus e terras, na verdade céus e terras
renovados, celebraremos o Shabat, pois ele é PERPÉTUO! “... de uma Festa da Lua
Nova à outra e de um Shabat ao outro, virá toda a carne a adorar perante mim
diz o Senhor...” (Isaías 66.23 – leia o v.22 [nos Novos Céus e Nova Terra]).
Finalmente a ordem
é restabelecida....
“Então, me mostrou o
rio da água da vida, brilhante como cristal, que sai do trono de Deus e do
Cordeiro. No meio da sua praça, de uma e outra margem do rio, está a árvore da
vida, que produz doze frutos, dando o seu fruto de mês em mês, e as folhas da
árvore são para a cura dos povos... Então, já não haverá noite, nem precisam
eles de luz de candeia, nem da luz do sol, porque o Senhor Deus brilhará sobre
eles, e reinarão pelos séculos dos séculos” (Apocalipse 22:1,2-5).
Observação final: Aos
juDeus foi confiada a missão de preservação deste dia, pois ele é um sinal, uma
aliança perpétua com Israel. Porém, o Sábado tem implicações muito mais
profundas, do que simplesmente separá-lo dentre seis dias. O Shabat é um sinal
de redenção para a humanidade, um sinal de retorno ao Éden, ao paraíso
prometido. O Shabat é um sinal de prisão para Satanás, pois no Milênio (O
Shabat Milenar) Satanás é aprisionado. Se um não judeu celebrar o Shabat, como
um sentido profético, aplicando-o nestes princípios ele não terá nenhum
problema. Pois Yeshua disse que o Shabat é para o HOMEM, não disse JUDEU. O
princípio de um descanso para a humanidade é universal. “Aos ESTRANGEIROS que
se chegam ao Senhor, para o servirem e para amarem o nome do Senhor, sendo
deste modo servos seus, sim, todos os que guardam o Sábado, não o profanando, e
abraçam a minha aliança, também os levarei ao meus santo monte e os alegrarei
na minha Casa de Oração” (Isaías 56.6). Alguns dizem que este texto se aplica
ao Reino Milenar ou ao final dos tempos, quando as nações subirão à Sião.
Porém, percebo que este texto é perfeitamente aplicável à não-juDeus. Não como
uma obrigação, mas existe benção para aqueles que assim o fizerem.
Ensinando
de Sião
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