terça-feira, 27 de setembro de 2016

Líderes evangélicos planejam usar as eleições deste ano para consolidar força política

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Pela primeira vez em disputas eleitorais, há uma organização de caráter nacional dando sustentação a candidaturas protestantes, pentecostais e neopentecostais.

A Concepab (Confederação dos Conselhos de Pastores do Brasil), instituição que desde 2009 reúne pastores de diferentes denominações, tem acompanhando de perto ao menos 100 candidatos a prefeito, vice-prefeito e vereador em todo o país -grande parte é ligada à Igreja Universal e à Assembleia de Deus.

O objetivo é conseguir eleger no mínimo 60% desses candidatos. Na avaliação da entidade, isso garantiria representação com peso suficiente para que, a partir de 2017, os políticos evangélicos passassem a trabalhar de maneira mais coesa, reivindicando as mesmas pautas em suas cidades, independentemente dos partidos e das igrejas às quais são vinculados.

"Por toda essa articulação que estamos fazendo, buscando o diálogo além de partidos e denominações, acreditamos que essas eleições serão um passo importante na conquista da representação político-partidária dos evangélicos", disse o bispo Robson Rodovalho, fundador da igreja Sara Nossa Terra e presidente da Concepab.

Embora ninguém admita isso em público, os líderes que comandam a articulação também querem com isso reduzir a influência exercida pelo bispo Edir Macedo, fundador da Igreja Universal.

Grande parte das candidaturas apoiadas por essa organização nacional é do PRB, partido ligado à Universal. Das 52 candidaturas a prefeito acompanhadas de perto pela direção nacional da Concepab, 43 são do PRB.
A principal é a do senador Marcelo Crivella (PRB), sobrinho de Edir Macedo e o líder das pesquisas na disputa pela prefeitura do Rio. Segundo o Datafolha, Crivella tem 29% das intenções de voto.

Segundo os dados compilados pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), até agora a candidatura de Crivella foi integralmente bancada com recursos que o PRB recebe do fundo partidário, que é financiado pelo Orçamento da União. Até a segunda-feira passada (12), a campanha registrou o repasse de R$ 1,9 milhão dos cofres do partido.

CAPITAIS

Mesmo atuando para que a articulação dos candidatos evangélicos seja suprapartidária, o bispo Rodovalho diz que o PRB concentra a maioria dos candidatos às eleições municipais por ser um partido "mais estruturado para um trabalho de alcance nacional neste momento".

Ele ressalta, no entanto, que a intenção é fortalecer o segmento evangélico, independentemente dos partidos que abriguem esses candidatos. Em Macapá, capital do Amapá, por exemplo, a confederação de pastores apoia dois candidatos a prefeito: Clécio Luís (Rede) e Aline Gurgel (PRB).

Além do Rio e de Macapá, outras 12 capitais do país estão na mira dos evangélicos. Maceió (AL), Manaus (AM), Fortaleza (CE), Goiânia (GO), São Luís (MA), Campo Grande (MS), João Pessoa (PB), Porto Velho (RO), Boa Vista (RR), Porto Alegre (RS), Florianópolis (SC) e Aracaju (SE).

Candidato do PRB à Prefeitura de São Paulo, Celso Russomanno, que ao lado de Crivella é uma das principais apostas do partido no país, não está na lista da confederação de pastores. Na relação só entram aqueles que são declaradamente evangélicos e têm atuação em suas igrejas.

Russomanno, que viu sua vantagem na corrida paulistana encolher nas últimas semanas, é católico e também não conta com a simpatia do bispo Robson Rodovalho.

Na capital paulista, Rodovalho decidiu que a Concepab não vai se posicionar no primeiro turno. Em 2012, o bispo foi um dos signatários de uma carta de apoio ao petista Fernando Haddad, que venceu o tucano José Serra no segundo turno da eleição.

Além de todos serem evangélicos, os candidatos carregam bandeiras e propostas comuns. "A pauta da defesa da família tradicional e da vida está presente em todas as campanhas", diz o bispo Robson Rodovalho, referindo-se a posições contrárias ao casamento gay e ao aborto.

O grupo de candidatos evangélicos também atua alinhado com o movimento Escola Sem Partido, defensor de projeto de lei que visa restringir a manifestação de opiniões de natureza política por professores em sala de aula.

IGREJA NA URNA
Confira alguns dos candidatos evangélicos a prefeito nas capitais

João Henrique Caldas (PSB)
Maceió (AL)
sem denominação especificada

Silas Câmara (PRB)
Manaus (AM)
Assembleia de Deus

Clécio Luís (Rede)
Macapá (AP)
sem denominação especificada

Aline Gurgel (PRB)
Macapá (AP)
Universal

Ronaldo Martins (PRB)
Fortaleza (CE)
Universal

Íris Rezende (PMDB)
Goiânia (GO)
sem denominação especificada

Vanderlan Cardoso (PSB)
Goiânia (GO)
Sem denominação especificada

Enivaldo Holanda Júnior (PDT)
São Luis (MA)
Sem denominação especificada

Rose Modesto (PSDB)
Campo Grande (MS)
Sem denominação especificada

Luciana Cartaxo (PSD)
João Pessoa (PB)
Sem denominação especificada

Marcelo Crivella (PRB)
Rio de Janeiro (RJ)
Universal

Alex (PRB)
Boa Vista (RR)
sem denominação especificada

Sebastião Mello (PMDB)
Porto Alegre (RS)
Sem denominação especificada

Gean Loureiro (PMDB)
Florianópolis (SC)
Sem denominação especificada

Fonte: Folha de São Paulo

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