domingo, 12 de novembro de 2017

A REVOLTA DE ABSALÃO


2 SAMUEL 15, 16 e 18

ABSALÃO CONQUISTA A SIMPATIA DO POVO

Absalão, tendo assassinado seu irmão mais velho, Amnom, era agora o provável herdeiro do trono: entende-se que Quileabe, filho de Abigail, havia morrido na infância. Talvez mesmo Davi o aprovasse, pois já o havia perdoado pelo assassínio. Fisicamente era um homem atraente, decerto semelhante ao pai em muitos aspectos.
Mas ele era ambicioso, e não estava disposto a aguardar os acontecimentos e colocar o seu futuro nas mãos do SENHOR, como o seu pai fazia. Ele queria assumir o reino logo, não lhe importando se fosse necessário até mesmo derrubar o seu pai do trono. Com esse objetivo, ele começou uma campanha sutil e secreta para ganhar a simpatia do povo, e afastar o povo do rei Davi.
Todos os que vinham a Jerusalém tinham que entrar pela porta da cidade, portanto os comerciantes colocavam em volta as suas tendas de mercadorias, fazendo dela um "shopping centre" em linguagem moderna. Além disso, as pessoas mais importantes se dirigiam para lá para se encontrar e tratar dos seus assuntos, e mesmo resolver problemas de ordem legal.
Com alguma pompa, Absalão instalou-se na porta de Jerusalém com seus homens e chamava à sua presença todos aqueles que vinham a Jerusalém em procura de justiça da parte do rei, pois Davi era o juiz supremo da nação. Absalão fingia ter uma grande pena e simpatia por eles, declarava que eles não tinham quem os ouvisse da parte do rei, e lamentava não ser ele próprio juiz na terra, para que viessem a ele todos os que tivessem demanda ou questão, para que lhes fizesse justiça! Com isso ele foi se tornando muito popular.
Muitos se deixaram impressionar por esse estratagema de Absalão e transferiram sua lealdade para ele. Mais tarde descobriram como haviam sido enganados.
Ao fim de quatro anos, sob o pretexto de que tinha que cumprir um voto, Absalão foi até Hebrom, onde havia nascido (capítulo 3:2, 3), levando com ele duzentos homens convidados, que não sabiam das suas verdadeiras intenções. Hebrom foi a primeira capital do reino de Davi, durante sete anos, e Absalão teria ali muitos velhos amigos para lhe dar apoio ao rebelar-se contra o pai.
Também foi com ele um velho conselheiro de Davi, chamado Aitofel, que tipifica Judas Iscariotes (Salmo 41:9). Provavelmente avô de Bateseba (2 Samuel 11:3 e 23:34) talvez guardasse algum ressentimento contra Davi por causa da maneira com que tratou Urias.
Secretamente, Absalão mandou avisar todas as tribos que, ao ouvirem o som das trombetas, elas saberiam que ele era rei em Hebrom.

DAVI DEIXA JERUSALÉM

Finalmente Davi foi notificado que todo o povo de Israel seguia decididamente a Absalão. É notável que durante todo aquele tempo Davi nada havia feito para impedir a revolta de Absalão, pois sem dúvida ele estava bem informado.
Ao ouvir que o povo preferia Absalão, Davi decidiu fugir levando consigo os homens que lhe eram fiéis em Jerusalém. Davi estava cônscio que tudo isso era conseqüência do seu próprio pecado, e estava disposto a colocar o seu futuro nas mãos do SENHOR (vs. 25-26), sem procurar se defender pelas armas.
Ele não queria que os seus homens, ou a sua cidade de Jerusalém, que ele amava, sofressem as terríveis conseqüências de uma guerra civil. Ele também amava o seu filho Absalão, apesar da sua rebelião, e não queria que algum mal lhe acontecesse.
Em Jerusalém Davi havia cometido um grande crime contra Urias, marido de Bateseba. Davi sofreu quando seu filho primogênito Amnom cometeu incesto e depois foi assassinado por Absalão, mas a profecia sobre os males que lhe viriam por causa do seu crime ainda não estava cumprida por completo (capítulo 12:11).
Deixar a cidade fortificada de Jerusalém colocaria a vida de Davi em perigo, mas ele estava acostumado com isso. Ele estava mais preocupado com a segurança dos outros, e a do seu filho rebelde, e em fazer a vontade de Deus, do que consigo próprio.
Davi deixou dez das suas concubinas em Jerusalém, para cuidarem da sua casa.

Os amigos e os inimigos de Davi

Na saída, ele parou e fez todos os seus acompanhantes passarem à sua frente, pois ele queria saber quem eram. Entre eles estava Itai, originário de Gate, que comandava seiscentos geteus (filisteus) da guarda pessoal de Davi. Eles se haviam juntado a Davi desde os tempos quando ele vivia com os filisteus (1 Samuel 23:13;27:2;30:9, 10). Israel teve ordens do SENHOR para destruir os habitantes da terra de Canaã, mas também foi instruído a não oprimir o forasteiro, e a amar o estrangeiro (Êxodo 23:9, Deuteronômio 10:19).
Davi recomendou que voltassem e aguardassem os acontecimentos, mas Itai disse "no lugar em que estiver o rei, meu senhor, seja para morte seja para vida, lá estará também o teu servo". Ele, os seus homens e as suas famílias, então seguiram com Davi. A sua devoção ao seu rei é um exemplo a ser seguido pelos crentes em Jesus Cristo, o rejeitado Rei dos Reis. Mais tarde ele foi nomeado comandante do exército de Davi em igualdade com Joabe e Abisai (capítulo 18:2,5,12).
Em seguida Davi e todo o seu cortejo, passaram o ribeiro de Cedrom, saindo de Jerusalém e seguindo o caminho do deserto. Cerca de mil anos mais tarde, seu descendente o Senhor Jesus atravessou o mesmo ribeiro de Cedrom, também um Rei rejeitado (João 18:1). Davi o fez para salvar sua própria vida, mas o Senhor Jesus atravessou o vale e orou no jardim de Getsêmani, a caminho da cruz onde daria a Sua vida como preço de redenção por muitos.
Os sacerdotes Zadoque, que era vidente (profeta) e Abiatar, o que Davi havia salvo da perseguição do rei Saul (1 Samuel 22:20), e todos os levitas responsáveis pela arca, levaram a arca de Deus até ali, até que todos saíram da cidade.
Davi então ordenou que voltassem para Jerusalém, que era o seu lugar. Ele sabia que estava sofrendo o juízo de Deus, e esperava que Deus lhe concedesse a graça de voltar para lá a fim de que pudesse outra vez ver a arca e o tabernáculo. Também eles seriam úteis ali, mandando-lhe notícias a respeito do que acontecia em Jerusalém.
Descalço, com a cabeça coberta e chorando, Davi subiu pela encosta das Oliveiras, com todo o povo que ia com ele. Vemos aqui a tristeza, humildade e submissão de Davi diante de Deus: "faça de mim como melhor lhe parecer". Ele não se amargurou com a sua situação. Ainda escreveu o Salmo 3, onde descreve a sua confiança no SENHOR.
No caminho, ao saber da traição de Aitofel, ele pediu ao SENHOR que transformasse em tolices o conselho de Aitofel. Logo ao chegar no cimo da colina, onde se costumava adorar a Deus, ele deu com Husai, talvez outro dos seus conselheiros. Davi o enviou para fingir-se de amigo e fazer-se também conselheiro de Absalão e assim opor-se a Aitofel, e obter informações para Davi.
Ziba, o servo de Mefibosete, apareceu a Davi com presentes, e mentindo sobre a falta de lealdade do seu patrão. Davi acreditou e transferiu para Ziba as propriedades de Mefibosete.
Surgiu a seguir um descendente de Saul, chamado Simei, atirando pedras e amaldiçoando Davi. Mas Davi não permitiu que o castigassem, pois seu filho Absalão era pior do que ele, e talvez isto fosse um castigo vindo do SENHOR. Ao suportá-lo, talvez o SENHOR se tornasse mais misericordioso.

Absalão usurpa o trono em Jerusalém

Absalão entrou com os seus homens em Jerusalém, que havia sido desocupada pelo seu pai, o rei Davi. Também estava com ele Aitofel, o conselheiro de Davi que se tornara traidor.
Em Jerusalém veio a ele Husai, amigo de Davi, saudando-o como se o aceitasse como novo rei. Absalão ficou surpreso, mas ficou satisfeito com a explicação que Husai ofereceu para sua mudança de lealdade, ou seja, que ele era fiel ao homem a quem Deus e o povo haviam escolhido (que era Davi, mas Absalão pensou que se referia a ele próprio). O resto da declaração de Husai também era ambígua mas Absalão não percebeu.
A primeira providência que Aitofel recomendou foi que Absalão coabitasse com as concubinas de Davi à vista de todo o povo. Esta torpeza já havia sido prevista pelo profeta Natã (2 Samuel 12:11), completando-se assim a profecia que ele havia feito sobre as conseqüências do pecado de Davi contra Urias.
Coabitar com uma concubina real podia ser interpretado como um insulto, uma declaração de igualdade ao rei, um ato de traição, ou mesmo uma reivindicação ao trono. Aqui Absalão publicava que tudo o que era do rei Davi agora pertencia a ele.
A confiança de Davi e agora de Absalão na sabedoria dos conselhos de Aitofel era tão grande que era como se Deus estivesse falando através dele - mas ele não era profeta de Deus. Davi havia orado a Deus para que o conselho de Aitofel fosse confundido (cap. 15:31), e foi isso o que aconteceu no seu próximo conselho a Absalão.
Aitofel aconselhou Absalão a permitir que ele reunisse um exército de doze mil homens para perseguir Davi naquela mesma noite, aproveitando-se da desvantagem em que ele se encontrava com o cansaço da retirada. Davi não teria tempo para organizar a sua defesa, seus homens debandariam, e ele seria facilmente apanhado e morto por Aitofel, deixando de ser um impecilho ao reinado de Absalão. Absalão e todos os anciãos de Israel gostaram da proposta, mas Absalão quis primeiro ter a confirmação de Husai.
Husai declarou que a estratégia de Aitofel seria desastrosa, porque Davi era um homem de guerra e não passaria a noite com o povo; sem dúvida já prevendo uma perseguição ele teria colocado emboscadas pelo caminho e estaria ele próprio de espreita escondido nalguma cova ou em qualquer outro lugar com seus homens. Ele dispunha de homens valorosos e hábeis na batalha que poderiam dizimar o exército de Aitofel, provocando uma derrota que seria o fim do reinado de Absalão.
O conselho de Husai foi que Absalão convocasse todo o povo (com isso ele significava os homens que podiam ir à batalha) para formar um exército poderoso, e que o próprio Absalão dirigisse esse exército formidável para esmagar Davi e todos os seus homens.
Absalão gostou da idéia, decerto porque apelava à sua vaidade: ele teria as honras da vitória do seu exército; os demais homens de Israel também gostaram, decerto porque iriam em número muito maior, o que lhes daria mais probabilidade de vencer. Mas foi o SENHOR que ordenara que fosse dissipado o bom conselho de Aitofel, para que o mal sobreviesse contra Absalão.
Husai contou aos sacerdotes Zadoque e a Abiatar o que havia acontecido, e mandou que avisassem a Davi que não permanecesse nos vaus do deserto, mas que passasse imediatamente para o outro lado do rio Jordão para que ele e todo o povo que com ele estava não fosse destruído. Davi provavelmente não imaginava que Absalão chegasse a promover uma guerra contra ele.
Zadoque e Abiatar enviaram essa mensagem a Davi usando seus filhos Jônatas e Aimaás, que quase foram apanhados por uma patrulha de Absalão, mas escaparam depois de serem escondidos em um poço por uma mulher.
Davi imediatamente durante a noite atravessou o Jordão com o povo que estava com ele, e continuou até a cidade de Maanaim.
Aitofel, humilhado porque o seu conselho não havia sido aceito, retirou-se para a sua cidade, acertou seus negócios e suicidou-se. Novamente foi como Judas Iscariote fez mais tarde.

Absalão persegue e entra em combate contra Davi

Reunindo o seu exército formidável, Absalão o pôs em marcha para destruir Davi e os seus homens, atravessou o rio Jordão e acampou na terra de Gileade. Ao que se saiba, Absalão não tinha experiência de guerra, portanto nomeou como general o seu primo Amasa (a mãe de Amasa, Abigail, era meio-irmã de Davi), filho de certo homem chamado Itra, um ismaelita.
Davi foi bem recebido, com o seu povo, em Maanaim, onde foi presenteado com provisões de trigo, cevada, farinha, grãos torrados, favas e lentilhas, mel, coalhada, ovelhas e queijos por Sobi, filho de Naás, de Rabá, dos filhos de Amom, e Maquir, filho de Amiel, de Lo-Debar, e Barzilai, o gileadita, de Rogelim. Maquir foi o mesmo que havia cuidado de Mefibosete, filho de Saul, antes do rei Davi acolhê-lo em sua própria casa (capítulo 9:4).
O adiamento do combate, conseguido mediante o conselho dado a Absalão por Husai, permitiu a Davi e aos seus homens descansarem e organizarem-se para a batalha. Davi os contou e nomeou capitães de mil e capitães de cem para os comandar, e dividiu o exército em três divisões iguais, comandados por seus generais: seus sobrinhos os irmãos Joabe e Abisai, e Itai o geteu (filisteu), assim recompensado por sua fidelidade. Eram militares veteranos, já bem provados junto com Davi em guerras anteriores.
Davi quis combater com eles, mas foi persuadido a ficar na cidade, porque o motivo da batalha era a sua pessoa, e se ele morresse toda a causa estaria perdida. Seria melhor que ele desse o seu apoio ao exército a partir da cidade.
A grande preocupação de Davi era a segurança do seu filho rebelde, e agora o seu maior inimigo, Absalão. Ele recomendou aos seus generais que, por amor dele próprio, tratassem com brandura esse seu filho. Todo o povo ouviu.

A batalha

Havia uma grande floresta ao leste do rio Jordão, da qual fazia parte o bosque de Efraim, nas proximidades de Maanaim. Para alcançar Maanaim, o exército de Absalão tinha que atravessar essa floresta, e foi ali que o exército de Davi foi enfrentá-lo.
Embora o exército de Absalão fosse muito superior em número, a pouca experiência dos seus combatentes e os obstáculos que a floresta apresentava fez com que fossem derrotados, com a perda de vinte mil homens. O bosque de Efraim, naquele dia, consumiu mais gente do que a espada.
Absalão deu de encontro com alguns dos soldados de Davi e num movimento precipitado ficou preso pela cabeça nos ramos espessos de um carvalho enquanto o mulo em que montava escapou de debaixo dele, deixando-o pendurado. Os soldados não tocaram nele, por causa das instruções que o rei havia dado, mas um deles foi avisar Joabe. Joabe se indignou porque eles não haviam matado Absalão, foi para lá ele próprio e o matou. Em seguida suspendeu a batalha e os homens de Absalão que haviam sobrevivido fugiram para suas casas.
O corpo de Absalão foi lançado em uma grande cova e levantaram sobre ele um grande montão de pedras. Mas Davi se lamentou amargamente pela morte de Absalão.

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