Capítulo 1: 18-25
Deus tem usado quatro métodos para criar o ser humano:
- Criação direta usando matéria sem vida: "formou o SENHOR Deus o homem do pó da terra e soprou em seus narizes o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente" (Gênesis 2:7).
- Criação direta a partir de um pedaço de tecido humano vivo: "da costela que o SENHOR Deus tomou do homem formou uma mulher" (Gênesis 2:22).
- Criação direta de um ovo dentro de uma mulher: "Maria … Achou-se grávida pelo Espírito Santo" (Mateus 1:18).
- Criação indireta mediante a reprodução humana, em obediência ao Seu comando: "E disse Deus: 'Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança'; … E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; macho e fêmea os criou. E Deus os abençoou e Deus lhes disse: Frutificai, e multiplicai-vos, e enchei a terra…" (Gên.1:26-28).
Os primeiros três métodos foram usados unicamente por Deus e apenas uma vez cada um: na mesma ordem, a criação de Adão, Eva, e o Messias, também chamado na Bíblia de "o segundo Adão" (1 Coríntios 15:45). O último método é o único que depende da vontade humana, cumpre a vontade de Deus quando usado após o casamento vitalício de um homem com uma mulher, que se unem para este fim. Qualquer união fora do casamento é pecado.
Neste trecho temos um relato breve sobre a criação do Messias no corpo de Maria. O médico Lucas soube de uns poucos mais detalhes, que relatou no seu Evangelho, concluindo que "Nada é impossível para Deus" (Lucas 1:34,35,37).
No entanto, este acontecimento inédito já havia sido anunciado séculos antes por Isaías "o mesmo Senhor vos dará um sinal: eis que uma virgem conceberá, e dará à luz um filho, e será o seu nome Emanuel"(7:14), bem como Jeremias "o SENHOR criou uma coisa nova na terra: uma mulher cercará um varão" (31:22).
A Bíblia portanto ensina claramente que o Messias nasceu de uma virgem, sem a intervenção de um homem. Dois evangelistas o dizem claramente, um dos quais era médico, e as profecias da antigüidade já o haviam previsto. Assim também se explica o que Deus disse à serpente, depois que ela houvera induzido Eva ao pecado de desobediência: "E porei inimizade entre ti e a mulher e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça …" (Gênesis 3:15). A semente da mulher (não do homem), feriria a serpente, que era o diabo.
Maria era noiva de José: estava comprometida a se casar com ele, um compromisso que tinha maior valor do que o noivado de hoje em dia, e só podia ser quebrado com o divórcio. Embora não vivessem juntos, a infidelidade da noiva era tratada como se fosse adultério e era punida com a morte.
Deus havia escolhido Maria para ser a mãe do Messias, mas também havia escolhido José para ser o seu pai, embora não biologicamente. Ele era da dinastia real de Davi, legítimo herdeiro do trono de Israel.
José era um homem notável, e neste episódio ele demonstrou a sua pureza de caráter, o seu brio, o seu amor por Maria, a sua mansidão e sabedoria.
Maria havia se engravidado por obra de Deus. Não houve infidelidade por parte dela com respeito a José, mas só ela tinha absoluta certeza disto. José sabia naturalmente que ele próprio não era o pai, pois não havia ainda iniciado as suas relações íntimas com Maria, aguardando o seu casamento.
Quando o povo via uma mulher grávida antes do casamento, só sabiam de duas possibilidades: o noivo teria se antecipado ao casamento, ou ela lhe teria sido infiel. O primeiro caso seria desonroso para os dois, o segundo incriminaria a noiva.
A pureza de caráter de José estava em jogo, pois se admitisse ser o pai estaria mentindo, se o negasse estaria condenando Maria à desonra pública.
A única solução honrável que José conhecia para o problema foi de deixá-la, anulando o casamento secretamente, e ele estava planejando fazê-lo. Era dos males o menor, pois Maria ficaria na situação de divorciada e ele teria liberdade para continuar a sua vida sem ter que responder perguntas. Mas não deixava de ser uma solução trágica, e não servia aos propósitos de Deus.
Era uma situação humanamente impossível e exigia a intervenção divina. Um anjo do Senhor apareceu portanto em sonhos a José para tirar as suas dúvidas e esclarecer a magnífica realidade do que estava acontecendo: ele não devia temer em receber Maria como esposa, pois o que nela foi gerado procedia do Espírito Santo; ela daria à luz um Filho a quem José deveria dar o nome de Jesus, porque Ele iria salvar o Seu povo dos seus pecados.
Jesus é uma transliteração do hebraico "Yoshua" que significa "Javê é salvação". Sendo "Javê" a segunda pessoa da Trindade, fica claro que este Filho era a segunda pessoa da Trindade, o Salvador do Seu povo.
Mateus estava escrevendo o seu Evangelho para o povo de Israel, e fez questão de salientar que tudo isto foi feito em cumprimento à profecia de Isaías 7:14 (ver acima). Ele apelava ao seu povo para que entendesse o cumprimento da profecia.
Mateus estava escrevendo o seu Evangelho para o povo de Israel, e fez questão de salientar que tudo isto foi feito em cumprimento à profecia de Isaías 7:14 (ver acima). Ele apelava ao seu povo para que entendesse o cumprimento da profecia.
É possível achar mais de trezentas profecias no Velho Testamento a respeito da primeira vinda do Messias, todas cumpridas. Encontramos mais referências do Velho testamento no Evangelho de Mateus do que em todos os três outros Evangelhos juntos, o que nos faz entender que o seu objetivo não foi tanto fazer uma biografia do Senhor Jesus, como de provar o cumprimento das profecias do Antigo Testamento concernentes a Ele.
Naquela profecia de Isaías, o filho que iria nascer da virgem seria chamado Emanuel, que quer dizer "Deus conosco". Esta palavra só aparece três vezes na Bíblia: a terceira é em Isaías 8:8. O Senhor Jesus nunca é chamado por este nome, mas Jesus, porque salvará o seu povo dos seus pecados.
Ele também é chamado "o Cristo", ou "Cristo" que é a tradução do hebraico "Messias". Essa palavra traduz-se como simplesmente "ungido", mas entende-se que "o Cristo" é um título enquanto que, sem o artigo, simplesmente "Cristo", a palavra denota Seu caráter e o Seu relacionamento com os crentes.
Mas nesta passagem lemos que Ele será chamado Emanuel, que traduz-se como "Deus conosco". Ele não pode ser Deus conosco se não for nascido de uma virgem, pois não existe outra maneira de Ele assumir nossa humanidade se não for nascido de uma mulher.
Também não pode ser "Deus conosco" se não for "Javê é salvação": Ele é chamado o Salvador porque ele é Deus conosco. Lemos em Hebreus 2:9: "vemos, porém, coroado de glória e de honra aquele Jesus que fora feito um pouco menor do que os anjos, por causa da paixão da morte, para que, pela graça de Deus, provasse a morte por todos".
Ele tinha que ser inocente, um sacrifício aceitável pelos pecados de todos, e só "Deus conosco" podia ser inocente, pois não nasceu de homem, portanto não herdou a sua natureza pecaminosa, mas nasceu através de uma virgem mediante semente divina.
Mediante a intervenção do anjo, José abandonou o plano de dar carta de divórcio a Maria, e continuou a reconhecer o seu noivado até o nascimento do Senhor Jesus, quando então passou a ter relações maritais com ela.
A teoria surgida mais tarde que Maria continuou virgem até morrer é contradita pelo versículo 24. Temos outras passagens que mencionam os filhos que Maria teve com José: Mateus 12:46, 13:55,56, Marcos 6:3, João 7:3,5, Atos 1:14, 1 Coríntios 9:5 e Gálatas 1:19.
Ao se casar com Maria, José recebeu Jesus como seu próprio filho adotivo, tornando-o herdeiro legal ao trono de Davi.
Desta forma nasceu o Messias-Rei, o Eterno entrou no tempo, o Onipotente se tornou um pequeno Bebê, o Senhor da Glória cobriu aquela glória em sua forma humana, e "nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade."
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