domingo, 18 de fevereiro de 2018

Maduro ameaça ir sem convite à Cúpula das Américas

Maduro ameaça ir sem convite à Cúpula das Américas
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, afirmou nesta quinta-feira (15) que líderes da direita da América Latina estão demonstrando intolerância ao tentarem excluí-lo da Cúpula em Lima, e prometeu ir mesmo sem convite oficial.
Na última quarta-feira (14), o governo do Peru anunciou que Maduro "não é bem vindo" na Cúpula das Américas, em 13 e 14 de abril, que acontecerá no Peru. A medida reforça o crescente isolamento diplomático em um momento de extrema crise econômica na Venezuela. "Vocês têm medo de mim? Não querem me ver em Lima. Vocês irão me ver. Porque faça chuva ou faça sol, por ar, terra, ou mar, eu irei participar da Cúpula das América", disse Maduro durante uma entrevista coletiva.
O convite foi retirado nesta semana após a ministra das Relações Exteriores peruana, Cayetana Aljovin, enviar uma carta oficial ao ministro do Poder Popular para Relações Exteriores da Venezuela, Jorge Arreaza.
Segundo Aljovin, a medida foi feita por ordem do chefe de Estado peruano, Pedro Pablo Kuczynski, "de acordo com as disposições da Declaração de Quebec adotada na III Cúpula das Américas em 2001".
"Que a letra diz: qualquer alteração ou ruptura inconstitucional de ordem democrática em um Estado do Hemisfério constitui um obstáculo insuperável para a participação do Governo do dito Estado no processo da Cúpula das Américas", argumenta a carta.
A decisão de "desconvidar" o mandatário foi apoiada pelo chamado Grupo de Lima, entidade que reúne os governos de Argentina, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Guatemala, Guiana, Honduras, México, Panamá, Paraguai, Peru e Santa Lúcia. Durante a coletiva de imprensa, Maduro ainda disse que o presidente de centro-direita da Argentina, Mauricio Macri, deveria convocar um encontro da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) com ele.
"Convoque um encontro, ouse, não tenha medo de mim, presidente Macri", disse Maduro. "Se vocês querem falar sobre a Venezuela, vamos falar sobre a Venezuela", acrescentou.
Há anos, o mandatário venezuelano tem sido alvo de críticas por se recusar a reformar a economia em colapso do país, que provocou a escassez de alimentos e remédios, hiperinflação, fome e o retorno de epidemias que já estavam controladas. Segundo Maduro, os governos regionais de direita fazem parte de uma conspiração internacional liderada pelos Estados Unidos para derrubá-lo e tomar o controle dos recursos de petróleo do país membro da Opep. "Eles são os governos mais impopulares do planeta", disse, citando Argentina, Colômbia e Peru.
Logo depois da polêmica declaração de Maduro, o governo do Peru reforçou que o presidente não será recebido no país. "Um chefe de Estado não chega a um país sem um convite, então ele não pode pisar no solo peruano sem um convite", disse a chefe de gabinete peruano, Mercedes Aráoz.
Segundo ela, a atitude do venezuelano "é agressiva". "Nem o solo peruano, nem o mar peruano, nem o ar peruano podem ser invadidos por uma força estrangeira".

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