O religioso alega ter sofrido danos morais por conta de reportagens publicadas pelo jornal. Processo segue em segredo de justiça.
Depois de sustentar, em 2010, campanha para identificar com a defesa do aborto a então candidata à presidência Dilma Rousseff, o bispo da Diocese de Santo André, Nelson Westrupp, resolveu pedir indenização, em dinheiro, ao jornal ABCD Maior. O bispo alega ter sofrido danos morais por conta de reportagens publicadas pelo jornal. Além de aceitar a denúncia, o Poder Judiciário atendeu ao pedido do bispo de segredo de justiça ao processo.
Para o advogado Rui Carneiro, que defende o Jornal ABCD Maior, “é uma perigosa aventura jurídica com caráter meramente vingativo em razão da vitória da presidente Dilma, além de tentar usar o Poder Judiciário para calar a imprensa e cercear o livre debate de assuntos de interesse público, o que é inadmissível no atual Estado Democrático de Direito.”
Santa Inquisição
De acordo com o jornalista Celso Horta, diretor do jornal, o que o bispo está querendo é “ressuscitar a Santa Inquisição. Até o sigilo de justiça está sendo invocado para pedir indenização pecuniária, um gesto muito contraditório com quem se diz ofendido em sua dignidade de religioso. O que, afinal, o bispo quer esconder atrás do sigilo? Será que os fiéis da Igreja Católica aceitam que um bispo lave sua honra com uma indenização em vil metal?”, perguntou o jornalista.
Westrupp, que também é presidente do Conselho Regional Sul da CNBB, denuncia ainda o jornalista Júlio Gardesani, autor das reportagens. Pouco antes do final do primeiro turno, uma carta assinada por Westrupp e outros dois bispos foi distribuída nas igrejas de São Paulo e por simpatizantes da candidatura de José Serra (PSDB). No documento, Westrupp pediu aos fiéis que não votassem em candidatos que defendiam o aborto, citando por cinco vezes o PT como partido que defendia.
A carta tumultuou a campanha eleitoral. Trouxe debates religiosos como a condenação do aborto e tirou o foco da discussão dos problemas nacionais. Enquanto a candidata, hoje presidente Dilma Rousseff, do PT, se defendia, José Serra, do PSDB, explorava o posicionamento da igreja. Dilma teve de se reunir com lideranças religiosas e preparar uma nota afirmando que não era a favor do aborto. O PT também teve de desmentir as afirmações de Westrupp.
A seção nacional da CNBB publicou, em seu site, texto contrariando o documento de Westrupp. “Lamentamos profundamente que o nome da CNBB (...) tenha sido usado indevidamente ao longo da campanha, sendo objeto de manipulação. A CNBB não indica nenhum candidato (...) a escolha é um ato livre”.
Evangélicos
As informações sobre o envolvimento de Westrupp com as cartas também foram publicadas por outros jornais do ABCD e pela mídia impressa e eletrônica do País e internacional. Westrupp também se sentiu “ofendido” pela reportagem que citava a preocupação confessada pelo bispo em correspondência ao papa Bento 16 com o crescimento dos evangélicos e dos ateus em São Paulo.
Todas as reportagens publicadas pelo Jornal ofereceram espaço ao bispo mas em nenhuma delas ele aceitou falar pessoalmente. A assessora, Irmã Marinéia, chegou a se manifestar em nome de Westrupp, conforme registra a edição, número 253, de 13 de outubro de 2010.
Em relação à carta sobre o aborto, através de e-mail, o assessor de imprensa de Westrupp, Humberto Pastore, não só confirmou a autenticidade, como a encaminhou em anexo para o jornalista Júlio Gardesani. Em seguida, o bispo enviou ao jornal carta respondendo às reportagens, mas eivada de ofensas. “O jornalista Júlio Gardesani demonstra muito mais interesse em criar factóides e contendas do que informar (...) Creio que não é desse jeito que se faz jornalismo, Sr. Júlio Gardesani”, diz Westrupp. A correspondência do bispo foi publicada na íntegra pelo Jornal (edição número 260, de 05 de novembro de 2010).
Jornalista critica Westrupp
O presidente do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, Guto Camargo, afirmou que a tentativa de Dom Nelson Westrupp de censurar o ABCD Maior é política e prejudica, principalmente, o leitor do jornal. Guto é o primeiro representante da sociedade ouvido pelo ABCD Maior sobre o processo movido pelo bispo contra o jornal e o jornalista Júlio Gardesani.
“Essa é uma situação que muito nos preocupa ultimamente. Essa tentativa de interferência no trabalho da imprensa não é judicial, mas política. Isso porque, desde que derrubaram e Lei de Imprensa, não a substituíram por nenhuma outra. Assim, as decisões são subjetivas”, afirmou o presidente do Sindicato dos Jornalistas.
Privação de informação - No entanto, o processo judicial movido por Dom Nelson Westrupp acerta diretamente o direito da população de se informar, explicou o presidente. “É um problema para o público leitor, que pode ser privado de uma informação por uma situação mal esclarecida”.
O presidente do Sindicato ainda garantiu que nunca viu a Igreja Católica processando diretamente um jornal em São Paulo. “É o primeiro problema de tentativa de censura à liberdade de imprensa partindo da própria Igreja Católica que eu tenho conhecimento”.
Fonte: Vermelho
Estrada na cidade de Tachilek sofreu sérios danos após o terremoto de 6,8 graus que atingiu a região
Foto: AFP
Foto: AFP
O terremoto de 6,8 graus que afetou o leste de Mianmar na quinta-feira à noite deixou pelo menos 75 mortos e 110 feridos, segundo o balanço mais recente do governo, que teme um número de vítimas ainda maior, já que as equipes de socorro não conseguiram chegar a todas as áreas afetadas.
O terremoto aconteceu em pleno triângulo de ouro, entre Mianmar, Tailândia e Laos, uma zona montanhosa de difícil acesso mas onde existe um comércio ativo entre os três países.
O tremos foi particularmente violento nos vilarejos situados entre as cidades de Tashilek e Kentung, onde foram registradas todas as vítimas birmanesas até o momento e de onde chegam poucas informações.
Outras áreas muito afetadas Tarlay e Mine Lin.
"As estradas estão fechadas. Segundo nossas informações, mais de 130 edifícios desabaram", declarou uma fonte do governo que pediu anonimato.
Do lado tailandês, uma mulher de 52 anos morreu no distrito de Mae Sai, perto da fronteira.
O epicentro do tremor, que aconteceu a 10 km de profundidade, foi localizado pelo Instituto Geofísico dos Estados Unidos (USGS) perto das fronteiras com Tailândia e Laos, 90 km ao norte de Chiang Rai e a 235 km de Chiang Mai (nordeste da Tailândia).
O terremoto aconteceu em pleno triângulo de ouro, entre Mianmar, Tailândia e Laos, uma zona montanhosa de difícil acesso mas onde existe um comércio ativo entre os três países.
O tremos foi particularmente violento nos vilarejos situados entre as cidades de Tashilek e Kentung, onde foram registradas todas as vítimas birmanesas até o momento e de onde chegam poucas informações.
Outras áreas muito afetadas Tarlay e Mine Lin.
"As estradas estão fechadas. Segundo nossas informações, mais de 130 edifícios desabaram", declarou uma fonte do governo que pediu anonimato.
Do lado tailandês, uma mulher de 52 anos morreu no distrito de Mae Sai, perto da fronteira.
O epicentro do tremor, que aconteceu a 10 km de profundidade, foi localizado pelo Instituto Geofísico dos Estados Unidos (USGS) perto das fronteiras com Tailândia e Laos, 90 km ao norte de Chiang Rai e a 235 km de Chiang Mai (nordeste da Tailândia).