Permissão ocorre após ataque sírio que matou cinco civis turcos.
320 legisladores foram a favor e 129 contra.
O parlamento da Turquia
adotou nesta quinta-feira (4) uma moção do governo autorizando as
Forças Armadas a conduzir, se necessário, operações na Síria depois de
um grave incidente de fronteira que custou a vida de cinco civis turcos,
informou a imprensa local.
O texto da moção foi adotado com o voto favorável de 320 legisladores, contra 129 contra.
A assembleia nacional turca se reuniu em sessão especial a portas fechadas. A reunião ocorreu em caráter de urgência.
A autorização parlamentar é válida para um ano.
Pessoas andam em local onde cinco civis turcos foram mortos nesta quarta (3) (Foto: Miguel Medina/AFP)
Nesta madrugada, vários soldados sírios morreram devido ao bombardeio
da artilharia turca contra a região de Rasm al-Ghazal, próxima à cidade
de Tall al Abyad, na fronteira entre Síria e Turquia, informou o
Observatório Sírio dos Direitos Humanos.
O Exército turco bombardeou posições sírias durante a madrugada e
retomou o ataque na manhã desta quinta-feira em represália à morte dos
civis.
A tensão entre Síria e Turquia aumentou na quarta-feira à noite, quando
vários obuses atingiram a localidade turca de Akçakale, perto do posto
de fronteira sírio de Tall al-Abyad, cenário recente de combates entre
as tropas do presidente sírio Bashar al-Assad e os rebeldes do Exército
Sírio Livre (ESL).
Em resposta, a artilharia turca bombardeou alvos sírios e provocou
várias mortes entre os soldados do país vizinho, segundo a ONG síria.
‘Medidas necessárias’
O embaixador de Ancara nas Nações Unidas, Ertugrul Apakan, pediu ao
Conselho de Segurança que adote as "medidas necessárias" para deter
"este ato de agressão por parte da Síria contra a Turquia".
Em carta dirigida ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e ao
embaixador da Guatemala, Gert Rosenthal, que ocupa a presidência
rotativa do Conselho de Segurança, Apakan afirma que o ataque "constitui
uma violação flagrante do direito internacional, assim como uma
violação da paz e da segurança internacionais". "A Turquia exige o fim
imediato destas violações" e pede a adoção "das medidas necessárias para
acabar com estes atos de agressão e para garantir que a Síria respeite a
soberania, a integridade territorial e a segurança da Turquia".
A secretária americana de Estado, Hillary Clinton, disse que os Estados
Unidos estão "indignados com os disparos sírios contra o outro lado da
fronteira (...) e lamentam as perdas de vidas humanas do lado turco".
Os países membros da Otan manifestaram sua solidariedade a Ancara em
uma reunião de emergência convocada em Bruxelas: "a Aliança continua ao
lado da Turquia e pede o fim imediato de tais atos agressivos contra um
aliado e que o regime sírio ponha fim às flagrantes violações da lei
internacional".
"O bombardeio mais recente que causou a morte de cinco cidadãos turcos e
feriu muitos outros, constitui uma fonte de grande preocupação e é
fortemente condenada por todos os aliados", acrescentou.
Mais cedo, o chefe da Otan, Anders Fogh Rasmussen, conversou com o
ministro das Relações Exteriores turco, Ahmed Davutoglu, para expressar
"sua forte condenação do incidente em Akcakale", disse um porta-voz.
G1/GRITOS DE ALERTA