Oito dias após a tragédia causada pelas fortes chuvas na região serrana do Rio de Janeiro, o número de mortos chega a 710, segundo informações das prefeituras dos municípios mais afetados.
Foto 4 de 41 - 18.jan.2011 Moradores e voluntários ajudam a descarregar as doações no município de Sumidouro, atingidos pelas fortes chuvas dos últimos dias Mais Felipe Dana/AP
Em
Nova Friburgo, onde as condições de abastecimento de água ainda são mais precárias em relação às demais cidades atingidas, se concentra o maior número de mortos:
336, segundo o primeiro levantamento desta quarta-feira (19).
Teresópolis, onde apenas a parte central do município foi mais poupada da força das águas e de deslizamentos, conta
285 mortes. O distrito de Itaipava, em Petrópolis, registra
62 mortos;
Sumidouro tem
22,
São José do Vale do Rio Preto,
4, e
Bom Jardim,
uma morte.
Em
Areal, outro município atingido pelas fortes chuvas, não há registro de vítimas fatais nem desaparecidos. Segundo a prefeitura, 2.500 pessoas foram afetadas pelas enchentes, sendo que o número de desabrigadas e desalojados é de 1.400. O secretário de habitação do Estado, Leonardo Picciani, anunicou nesta terça-feira a construção de 63 casas em Areal e a desapropriaação de mais três áreas para abrigar a população afetada. Apesar de não registrar mortos, a cidade é uma das que mais precisa de doações.
Ainda segundo a Defesa Civil do Rio, as fortes chuvas afetam um total de 94.926 pessoas no Estado. Destas, 21.500 estão desabrigadas (perderam suas casas) e desalojadas (em casas de parentes), e ainda há 207 pessoas desaparecidas.
As chuvas que atingiram a região serrana do Rio na última semana estão entre as mais intensas já registradas na localidade e as de maior índice pluviométrico da história de Nova Friburgo, a cidade mais afetada. Em Petrópolis e Teresópolis, no entanto, o índice ficou abaixo dos recordes anteriores, segundo a chefe da Seção de Previsão do Tempo do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) no Rio de Janeiro, Marlene Leal.
De acordo com a meteorologista, em razão da intensidade pluviométrica das chuvas e da abrangência das áreas onde elas ocorreram a “catástrofe era inevitável”.
- Números aproximados. Fontes: Defesa Civil, Corpo de Bombeiros e Prefeituras das cidades afetadas e Polícia Civil do RJ
Comerciantes calculam prejuízos
Desde ontem, moradores e voluntários dos municípios mais afetados pelas chuvas deram início à reconstrução das cidades e à distribuição de alimentos, roupas e kits com remédios para a população desabrigada.
Em Nova Friburgo, responsável por 25% da produção nacional de lingerie, os comerciantes já começam a calcular também os prejuízos causados pelas chuvas. A maioria das fábricas foi afetada pela inundação e as intactas estão sem trabalhadores, contabilizados entre mortos, feridos, desaparecidos, desabrigados e ilhados. Estão também sem fornecedores e sem clientes após a tragédia.
Nesta quarta-feira (19), representantes de diferentes entidades friburguenses vão se reunir para pedir linhas de crédito no valor de R$ 500 milhões para reerguer a economia da cidade.
Ontem, já foram restabelecidos serviços como o abastecimento de água em Teresópolis e os postos de atendimento do Detran, que voltaram a funcionar em toda a região serrana.
Tragédias no RJ em 2010
-
Angra dos Reis
(1º jan)
Em Angra dos Reis, dois deslizamentos causaram 53 mortes no primeiro dia de 2010, no morro da Carioca, em Angra, e na Praia do Bananal, na Ilha Grande
-
Niterói
(5 e 6 de abril)
Temporais no Estado deixaram 257 mortos. Em Niterói, a região mais atingida, 168 pessoas morreram
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Bumba
(7 de abril)
Na madrugada do dia 7 de abril, um deslizamento no morro do Bumba matou 45 pessoas
Saiba como fazer doações
As cidades afetadas recebem doações de diversas partes do país (
veja aqui como ajudar). Entre os itens mais pedidos pela prefeitura de Petrópolis, Nova Friburgo e pela Defesa Civil de Teresópolis estão velas e produtos de higiene pessoal (pasta de dente, escova de dente, xampu, sabonete, absorvente e fraldas descartáveis).
As prioridades de Petrópolis são mantimentos, material de limpeza, objetos de higiene pessoal, lençóis e roupa de cama. A cidade recebeu gratuitamente mais de 1,5 milhão de litros de água no sábado (15) e afirma que o abastecimento está praticamente normalizado. Nova Friburgo pede, principalmente, água e vela. Também são necessárias roupas íntimas, talheres, pão de forma, produtos de higiene pessoal e fósforo. Sumidouro pede água, pó de café, feijão, enlatados, leite em pó, açúcar, material de higiene, fósforos, velas, isqueiros, cobertores, colchões, roupas de cama, mesa e banho, roupas de adultos e crianças, calçados.
Em Teresópolis, os itens de mais necessidade são produtos de higiene pessoal (incluindo fralda descartável e geriátrica), vela, fósforo e roupas íntimas. A cidade reforça o pedido de galochas e capas de chuva, que serão usados por profissionais e voluntários em campo.
* Com informações de Fabiana Uchinaka, Rodrigo Bertolotto e Daniel Milazzo, enviados especiais do UOL Notícias em Nova Friburgo e Teresópolis (RJ), e Janaina Garcia e Rosanne D'Agostino, do UOL Notícias em São Paulo
Fonte . Uol Noticias