sexta-feira, 15 de outubro de 2010

O CRISTÃO E A POLÍTICA

GAssi - GAssiGostaria de compartilhar algumas idéias que perturbam minha cabeça nas épocas de eleições em nosso País. Hoje, o cidadão brasileiro tem o famoso direito de voto. Que maravilha! Afinal de contas, nossa República passou por turbulentos anos debaixo de repressão e incertezas (pra onde ninguém quer voltar). Então, gostaria de repartir o que entendo ser uma sábia posição do cristão sobre este assunto.
O apóstolo Paulo, escrevendo aos cristãos que ainda viviam sob o domínio romano, nos ensina sobre o relacionamento com as autoridades políticas (leia Rm 13.1-7 abaixo). Ele afirma que toda autoridade é instituída por Deus debaixo de Seu plano para cada sociedade e, por esta razão, todo filho de Deus deve ser submisso a esta instituição. Também nos mostra que não devemos temê-la quando agimos bem, mas devemos respeitar seu poder de justiça quando agimos mal.
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Analisando superficialmente, você pode pensar que esta verdade bíblica não deve ser praticamente aplicada. Como poderia um cristão vivendo no Oriente Médio submeter-se aos duros governos islâmicos? Ou como exercer cidadania debaixo das idólatras nações asiáticas? Estranho, mas muito interessante. Lembra-se da história quando os três amigos de Daniel desobedeceram à lei e não adoraram a estátua de Nabucodonosor? Os três desobedeceram a uma lei política da Babilônia e pagaram o preço sendo lançados na fornalha. Justíssimo aos olhos dos babilônicos. Mas, por não desobedecerem à lei moral do Senhor (que abomina a idolatria) foram salvos e livrados milagrosamente da morte, proclamando o poder do Deus verdadeiro. Aí está uma distinção. Estamos livres para desobedecer à esfera política quando esta vai contra a lei moral de Deus, mesmo que custe nossa vida.
Outra história. Lembra-se quando o povo era governado pelos Reis de Israel? (veja o livro dos Reis). Quando um rei fazia “o que era mal perante o Senhor” todo o povo caía em pecado. Porém, quando outro rei “agradava ao Senhor”, o povo era motivado a derrubar os postes-ídolo voltando o coração a Deus. E olha que nesta época, o povo escolhido estava debaixo da lei política, moral e cerimonial entregue diretamente pelo Senhor.
Mas o que isto tem a ver com a nossa vida política hoje? E pior, nem somos de Israel, mas brasileiros! Já sabemos o primeiro ponto: devemos obedecer às autoridades quando estão de acordo com a lei moral de Deus.
No entanto, quero mostrar-lhe uma coisa que talvez você nunca tenha dado valor. Graças ao nosso bom Deus, hoje vivemos numa república democrática! Não temos mais que viver sob ditaduras perversas, autoritarismos cegos, mas podemos eleger nossos governantes dentro do próprio povo. Agora pense, seria ótimo se nosso governo fizesse “o que é bom perante o Senhor”, concordando sua lei política à lei moral e conduzindo o povo num caminho mais correto. O Senhor nos deu a benção da democracia junto com os princípios cristãos para uma vida em sociedade. Está evidente! Se quisermos viver numa lei política mais próxima à lei moral, devemos eleger governantes que vivam os princípios cristãos! Dá até pra imaginar Deus nos cobrando: “Cristãos do Brasil, eu vos abençoei com a democracia, por que os servos com meus princípios ainda não estão no governo?”.
Pois é, hoje penso que muitos crentes têm medo de política. Há quem pense: “Crente nem deve se aproximar destas coisas. Isto é terreno sujo, corrupto, vai acabar se perdendo!”. Mas entendo que não devemos ter aversão à política, mas sim aos maus políticos! Estes não podem ficar onde estão. Ou você acha que eles estão agradando a Deus liderando o povo para o pecado!? Vamos usar a democracia, é bênção do Senhor na esfera política para nosso povo.
Daí você pergunta: “Então devemos sair elegendo todo mundo que se diz cristão?” E eu respondo: “Você pode diferenciar o joio do trigo?” Como fazer então para eleger um cristão autêntico se somente o Senhor conhece o coração! A única coisa que podemos avaliar são as evidências: um cristão verdadeiro teme a Deus, e resplandece uma vida cheia do Fruto do Espírito! – veja Gl 5.19-25. Acho sim, que devemos eleger cristãos autênticos e vocacionados, guiados pelas evidências do Fruto do Espírito, participando da bênção da política brasileira para abençoar nosso povo e engrandecer nosso Pai.
Por tudo isso, entendo que nossa pacata e acomodada posição fica perturbada por estas verdades. Percebo que é papel do cristão educar seus filhos sobre a realidade brasileira e ensiná-los que “feliz é a nação cujo Deus é o SENHOR”. Também é papel do cristão estimular a vida política de seus irmãos vocacionados, zelar por seu trabalho, suportá-los nas horas de dificuldades e comemorar nos momentos de alegria. Devemos orar intercedendo a Deus para que eles não se corrompam na vida pública; não se envergonhem do Evangelho nem envergonhem o Evangelho que defendem; atuem com justiça para com toda a sociedade; honrem o nome de Deus e o façam bem conhecido e admirado e governem sempre com os princípios da lei divina. Também devemos orar para que seu mandato não seja insignificante, tornando-se mais um que entra e logo sai sem deixar saudades, mas que faça diferença com atitudes, propostas e ações; para que eles mesmos não sejam engrandecidos por vaidade; que o povo usufrua da bondade divina pelas boas obras de suas mãos; para que não representem os interesses de igrejas e denominações, mas sejam servos da sociedade e servos da Verdade. Enfim, para que “brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus” (Mt 5.16).
Finalizando, eu quero usar a bênção da democracia para mudar os princípios que regem nosso país. Não quero ter que desobedecer a lei política por estar distante da lei moral. Quero irmãos vocacionados e dedicados influenciando nossas autoridades e quero o nome de Deus exaltado pelo bom trabalho deles. Peço para que o Espírito Santo esclareça esta mensagem no seu coração. E que o seu fruto seja uma nova atitude frente a nossa sofrida situação política brasileira. Que o Senhor nos abençoe, para o bem do Brasil e para Sua glória. Cristão brasileiro, não menospreze esta bênção! Seja firme em atitudes agindo com cidadania e fé.
Abraços,
Gustavo Assi
Gustavo Assi é membro da I. P. Ebenézer de São Paulo. Atualmente, serve como presbítero na London City Presbyterian Church em Londres (www.londonfreechurch.org.uk)

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