Unidos pela oposição à política chinesa para o Sudeste Asiático, EUA e Vietnã atravessam o melhor momento das relações bilaterais desde o fim da guerra, há 35 anos. A aproximação inclui aumento das relações comerciais, colaboração militar e até negociações para um acordo nuclear.
Quinze anos depois que o então presidente Bill Clinton restabeleceu as relações diplomáticas, a visita de altos funcionários americanos ao Vietnã já virou quase uma rotina: a secretária de Estado, Hillary Clinton, e o da Defesa, Robert Gates, estiveram lá nos últimos meses.
O comércio bilateral também tem se beneficiado. No ano passado, chegou a US$ 15,4 bilhões, contra apenas US$ 1 bilhão em 2001, quando os dois países firmaram um tratado comercial.
A balança tem sido bastante favorável para o Vietnã, que tem nos EUA seu principal comprador. Um dos frutos mais surpreendentes dessa aproximação é a negociação de um acordo nuclear para fins civis, pelo qual os EUA transfeririam tecnologia nuclear e urânio enriquecido ao Vietnã, algo impensável poucos anos atrás.
O realinhamento tem como pano de fundo as cada vez mais difíceis relações entre Pequim e Hanói por causa de disputas territoriais e a estratégia do governo Barack Obama de conter a influência chinesa na Ásia.
FRICÇÃO
Dezenas de pescadores vietnamitas foram presos nos últimos meses por patrulhas chinesas na região das ilhas Paracel, reclamadas por ambos os países e tomadas por Pequim em 1974.
"Nos últimos três anos, a assertividade chinesa tem provocado fricção nas relações com o Vietnã e se tornou a fonte mais séria de insegurança no Sudeste Asiático", diz o analista Carlyle Thayer.
Os EUA dão sinais cada vez mais claros de apoio ao Vietnã na disputa. Em sua primeira visita, Hillary provocou a ira dos chineses ao afirmar que o Mar do Sul da China é "interesse nacional" americano e se oferecer para mediar disputas.
Pequim classificou o discurso como "praticamente um ataque contra a China". "O Vietnã tem uma difícil disputa territorial com a China e tem buscado usar o poder americano para aumentar seu poder de barganha, mas no final será um peão sacrificado no jogo de poder dos EUA", disse, em agosto, o almirante chinês Yang Yi.
Pequim prefere negociações bilaterais para lidar com a disputa de cerca de 200 territórios nessa região, de ilhas a pequenos rochedos, com Vietnã, Brunei, Malásia, Taiwan, Indonésia e Filipinas, todos diplomaticamente mais próximos dos EUA.
O apoio diplomático tem ganhado contornos militares. Um mês após o discurso de Hillary, em agosto, o destróier USS John McCain foi ao Vietnã para comemorar os 15 anos de restabelecimento das relações diplomáticas. As duas Marinhas realizaram as primeiras atividades em conjunto desde a guerra.
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