sexta-feira, 8 de abril de 2011

Bispos discutem risco de desaparecimento do cristianismo no Oriente Médio

Comissão dos bispos da Comunidade Europeia mostrou-se preocupada com a situação dos cristãos do Oriente Médio.

A preocupação dos bispos europeus pela “situação de opressão” na qual vivem os cristãos do Oriente Médio e pelo “perigo de desaparecer o Cristianismo nos lugares onde nasceu e existiu por dois mil anos” foi a tônica da sessão plenária de primavera da Comissão dos bispos da Comunidade Europeia – COMECE, que teve como tema “A Igreja cristã no Magreb e no Mashriq”, revelou o bispo de Rotterdam e Presidente desse organismo episcopal Dom Adrianus van Luyn .

Ainda estamos chocados, disse o Presidente Van Luyn, com os atentados sanguinários contra a Igreja no Egito e no Iraque”, referindo-se às revoluções que nestes últimos meses se desenvolveram nos países do Norte da Àfrica, em nome da liberdade e da democracia. “Apesar das evoluções das últimas semanas, a situação das minorias cristãs continua precária. É necessário protegê-las ", disse ainda o presidente da COMECE.

Em seu discurso sobre a catástrofe que atingiu o Japão, Dom Van Lyn pediu uma reflexão sobre a utilização da energia nuclear e sobretudo no tocante ao estilo de vida que requer uso desproporcional de energia.

O Cardeal Antonios Naguib, patriarca copta católico de Alexandria, trouxe ao plenário, a corrupção difundida, a pobreza, a crise social, a sufocante atmosfera política que provocaram as manifestações do dia 25 de janeiro no Egito e que deram vida “ao movimento pela renovação” dos jovens na Praça Tahrir que agora ‘correm o risco de serem esquecidas”.

O cardeal advertiu para o risco de que “os Irmãos muçulmanos possam tirar das mãos dos jovens egípcios esta renovação. Ao contrário dos Irmãos Muçulmanos, o movimento juvenil não tem líderes reconhecidos e nem estrutura para enfrentar as próximas eleições. Precisam de tempo!”

Outro fator de risco para a transição democrática no Egito, segundo o Cardeal Naguib, é o artigo 2 da Constituição, que prvê a lei islâmica como fonte principal do direito. “Como Igreja decidimos não levantar a questão para não prejudicar a coesão nacional, deixando-a para quando a mudança da Constituição for tratada.

Somos propensos à democracia e por isso nos preocupa este artigo ser mantido na implantação da futura Constituição” afirmou o purpurado recordando que “ no País a igualdade não é aplicada a todos igualmente”, apesar de termos artigos que prevejam isso.

“No movimento de 25 de janeiro não existem motivações religiosas – concluiu Naguib – o início rosa corre o risco de ser esquecido, mas continuamos a esperar nestes jovens”.
De sua parte, o arcebispo maronita de Chipre, Dom Yousseif, revelou que “os cristãos, como também disse o Sínodo para o Oriente Médio, são portadores de cultura e de esperança, de paz e de reconciliação e por esse motivo representam uma necessidade seja para os muçulmanos seja para os não crentes”.

Fonte: Rádio Vaticano

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