A Polícia Federal deportou o padre irlandês P. J. Kennedy, de 72 anos, por acusações de abusos de menores, na noite de segunda-feira, 26.
Ele possui cerca de 55 processos penais na Justiça de Dublin, todos por abusos sexuais a jovens nos anos 80. Ele se escondia no Brasil desde 2003. Depois de algum tempo morando em Osasco, SP, ele se mudou para capital, onde dava aulas de inglês para se manter.
Sua apreensão foi feita após o pedido de prisão expedido pela Justiça de seu país de origem. Em 2004, a Interpol, polícia internacional que reúne corporações de 190 países, colocou o nome do padre na “difusão azul”.
Esta lista reúne cidadãos que se refugiaram em outro país onde não possuem mandatos de prisão para se ocultarem. Mas uma vez nesta lista, eles passam a ser procurados em escala mundial.
Kennedy entrou na “difusão azul” após ser citado em dossiê da Procuradoria de Dublin, o qual apontava que o padre havia prometido desembolsar “a mais alta compensação financeira em juízo” para indenização de uma vítima, durante um acordo judicial.
No entanto, ele não cumpriu o acordo e se refugiou no Brasil com um passaporte inglês. Ele já havia sido identificado há quatro meses pelos policiais, que só estavam aguardando a formalização de documentos vindos da Irlanda para detê-lo.
O próprio padre confirmou a sua identidade aos agentes brasileiros da Interpol. Assim que foi encontrado, ele foi conduzido ao Aeroporto Internacional de São Paulo, em Cumbica, onde pegou o voo para Londres às 23h30. As autoridades da Irlanda o aguardavam no aeroporto inglês.
A operação foi toda feita em sigilo porque o Brasil e a Irlanda não mantém tratado de extradição, assim, Kennedy poderia entrar com recurso judicial para tentar impedir ou retardar a sua deportação. Como a ação foi planejada com execução rápida, ele não teve tempo.
Outro argumento utilizado para facilitar a deportação sumária do religioso foi a falsa declaração assinada por ele no momento de retirada do seu visto definitivo de permanência no Brasil. Na ocasião, Kennedy assinou uma declaração alegando que não respondia a nenhuma acusação judicial em seu país de origem. A PF cancelou a emissão do documento.
A partir de agora, os processos em relação ao padre são de responsabilidade exclusiva da polícia Irlandesa. Ainda não foram divulgadas quais as providências serão tomadas em relação a ele nos próximos dias.
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