domingo, 13 de maio de 2012

AS PROFECIAS NA ATUALIDADE

 

Perguntam-nos: Com o regresso dos judeus à sua terra, tendo já a sua nação de Israel, a profecia bíblica está se cumprindo em nossos dias, ou só voltará a ser cumprida no arrebatamento da igreja?

A profecia bíblica é a revelação de Deus à humanidade, através de seus profetas escolhidos, de acontecimentos futuros descritos com exatidão, centenas ou milhares de anos pela frente. Ela abrange todos os tempos, inclusive os nossos, desde logo depois de anunciada até o futuro remoto quando haverá a criação de novos céus e nova terra.
De maneira geral, na Bíblia, a humanidade é tratada em três grupos: os descendentes de Israel, os gentios (todos os outros povos) e o povo de Deus, que inclui a igreja de Cristo. Assim, também as profecias que lá se encontram são dirigidas, ora a um, ora a outro destes grupos.
O Velho Testamento foi destinado em primeiro lugar à nação de Israel. Deus usou seus profetas dentro desse povo para declarar acontecimentos futuros, e estes dizem respeito principalmente aos descendentes de Israel e às nações gentias com as quais eles se envolveram.
Ali se encontram promessas feitas ao povo de Israel que, por serem feitas por Deus sem imposição de condições, são profecias, como:
  • o concerto “abraâmico”, considerado o tratado básico, anunciando que uma grande nação descenderia de Abraão, e que nele todas as famílias da terra seriam abençoadas (Gênesis 12:1-4). No que diz respeito a nós, vê-se o seu cumprimento na formação da igreja de Cristo.
  • o concerto “palestino”, o da restauração, anunciando que, depois de ser espalhado entre muitas nações, Israel irá voltar para a terra possuída por seus pais (Deuteronômio 30:3-5). Alguns consideram que foi cumprido parcialmente com a volta dos judeus para formar a nação soberana de Israel de nossos dias, mas realmente só será plenamente confirmado na segunda volta de Cristo quando todos os judeus remanescentes da grande tribulação serão reunidos na terra prometida aos patriarcas.
  • o concerto “davídico”, o do reino, anunciando que a dinastia de Davi, seu reino e seu trono serão estabelecidos para sempre (2Samuel 7:16). Será cumprido no milênio.
  • o concerto “novo”, o da bênção e redenção, anunciando que Israel será outra vez o povo de Deus, que ele será o seu Deus, que Israel conhecerá o Senhor e será perdoado (Jeremias 31:31-40). Está bem claro em Romanos 11:25-29 que isto só acontecerá depois que haja entrado a plenitude dos gentios, ou seja, depois que a igreja de Cristo, contendo todos os gentios a serem remidos, seja completada. Também será cumprido no milênio.
Quanto à cronologia dos acontecimentos anunciados nas profecias, temos uma estrutura notável fornecida no livro de Daniel para os tempos dos gentios, começando com o cativeiro dos judeus na Babilônia e terminando com a volta do Messias para o julgamento das nações, quando ele dará início ao seu reino de mil anos. Como a existência da igreja não fora revelada aos profetas do Velho Testamento, o período da igreja na terra está excluído da cronologia de Daniel.
Na revelação das setenta semanas (cada uma de sete anos) em Daniel 9:24-27, os acontecimentos previstos se cumpriram com absoluta exatidão até o fim da 69a semana, quando a igreja foi estabelecida; a 70a semana começará quando a besta (também chamado anticristo) firmar um tratado com muitos (israelitas). Este é o início do Dia do Senhor, ou tribulação, ou ira, que durará através desses sete últimos anos, terminando na segunda vinda de Cristo (Daniel 9:27, 10:14, Lucas 21:20-28).
Chamaremos o intervalo entre a 69a e a 70a semana de hiato e nos limitaremos a ele para responder à pergunta que nos foi formulada.
O Novo Testamento introduz algo que antes estivera escondido dos profetas do Velho Testamento, mas foi revelado por Jesus Cristo e seus apóstolos (Efésios 3:3-12): muitos entre os judeus e os gentios iriam se unir por causa da sua fé em Cristo, para formar um só povo chamado a igreja de Cristo. A formação desse povo está se dando durante o hiato, que inclui os nossos dias.
O Novo Testamento contém muitas profecias concernentes à igreja. No livro do Apocalipse temos a profecia sobre as sete igrejas: poucos duvidam que estamos vivendo já nos dias da última, Laodicéia.
Quanto ao povo de Israel, e os gentios, existem profecias para o período anterior ao da Tribulação, que deverão, portanto, se cumprir dentro do hiato, período durante o qual ele tem sido submetido a juízo pelo SENHOR, por causa da sua incredulidade, murmurações e rebelião, e foi castigado, perdendo a sua terra e sendo espalhado pelo mundo:
  • Deus prometeu que ele seria tirado dentre os povos com braço estendido e derramado furor (Ezequiel 20:33,34), após o que Ele entrará em juízo com eles, e os rebeldes serão afastados do seu meio para que não entrem na terra de Israel. O furor de Deus é evidente no Holocausto nazista, após o que foi tirado dentre os povos para habitar novamente na sua terra. Israel conquistou Jerusalém durante a Guerra dos Seis Dias, e o próximo evento para preparar para o anunciado em Daniel 9:27 será a construção do seu templo. Mas notemos que a maior parte do povo de Israel ainda se encontra espalhada pelo mundo. O tratado de paz será, portanto, assinado pela besta com “muitos”: não todos, exatamente como profetizado no livro de Daniel. A segunda parte da profecia “Ele entrará em juízo com eles, e os rebeldes serão afastados do seu meio para que não entrem na terra de Israel” se dará durante a Grande Tribulação (veja também Ezequiel 22:17-22, Sofonias 2:1-3), e depois disto entrarão na terra de Israel pela segunda vez, agora uma nação regenerada, livre dos rebeldes, para gozar as bênçãos do milênio (Isaías 11:11-12).
  • Haverá uma tentativa de invasão de Israel: Ezequiel 38:1 a 39:16. Esta passagem anuncia quem, onde, porque, qual, como e quando esta invasão acontecerá. Ainda está para vir, bem como as seguintes.
  • Haverá paz entre as nações: 1Tessalonicenses 5:1-3. É usada a expressão “dia do Senhor”, esclarecendo que este período de paz e segurança virá imediatamente antes do arrebatamento da igreja, ao qual sucederá a repentina destruição dos anos da tribulação.
  • O governo mundial será distribuído entre dez reinos: Daniel 7:24. Geralmente se aceita que o sistema romano de governo e religião, dividido em duas pernas - a civilização “cristã” oriental e ocidental - eventualmente se comporá de dez “reinos”, ou unidades de governo, antes da tribulação.
  • O homem da iniqüidade será revelado, em meio à apostasia geral (2Tessalonicenses 2:1-5). Em seguida à composição dos dez reinos, este personagem, mais conhecido como o “anticristo”, começará sua escalada ao poder supremo (Daniel 7:24), e sua identidade será revelada antes da tribulação. A aliança por sete anos entre o “anticristo” e o Estado de Israel marcará o fim do hiato (Daniel 9:27), e o princípio da tribulação de sete anos.
Tanto as sete igrejas como estes acontecimentos seguem em seqüência dentro do hiato. Outros acontecimentos são previstos que não podemos encaixar em uma seqüência. Destacamos os seguintes, todos ainda no futuro:
  • Trevas: estão previstas em cinco ocasiões, uma das quais, de acordo com Joel 2:31, será antes que venha o grande e terrível dia do SENHOR, outra descrição dos sete anos de tribulação. Serão semelhantes às do Egito (Êxodo 10:21-23) e às que houve durante a crucificação (Mateus 27:45).
  • A volta de Elias: acontecerá antes que venha o grande e terrível dia do SENHOR, para restaurar a unidade da família de Israel, que está em vias de se desintegrar.
  • O arrebatamento da igreja de Cristo, a quem foi prometido que não estará sujeita à ira, e só Deus sabe o dia e a hora em que isto vai acontecer (Mateus 24:36-44, Atos 1:7). Este acontecimento não se confunde com a segunda volta de Cristo ao mundo com o fim de julgá-lo e estabelecer o Seu reino. O arrebatamento é a esperança da igreja, quando o Senhor, a brilhante Estrela da Manhã (Apocalipse 22:16), descerá para encontrá-la nos ares, para que estejamos para sempre com Ele (João 14:1-3, Filipenses 3:20-21, 1Tessalonicenses 4:13-18, 1Coríntios 15:50-58, 1João 3:2), enquanto a segunda volta é a esperança de Israel, quando Ele aparecerá como o Sol da justiça, com salvação nas suas asas (Malaquias 4:2). Tudo o que se sabe a respeito de quando o arrebatamento ocorrerá, é que vai ser antes da tribulação (1Tessalonicenses 1:9-10, 5:9, Apocalipse 3:10) e que está iminente, como sempre esteve (João 21:20-23, Romanos 13:11-12, Tiago 5:7-9, Apocalipse 22:20).
A verdadeira esperança do crente não está na terra, mas no céu. Esperamos o cumprimento dos desígnios de Deus na terra, mas nossa prioridade não é a nossa liberação na terra, para usufruir bênçãos terrenas, como a nação de Israel, mas sim, liberação da terra, para gozarmos das inefáveis bênçãos na presença de nosso Salvador no céu. O crente não espera a conversão do mundo para Cristo, nem a sua reforma. Sua esperança imediata não é o reino de Cristo, mas a vinda de Cristo para buscá-lo.

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