Após mais de dois meses de imersão na periferia, o pré-candidato do PT a prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, prepara uma ofensiva em busca dos votos da classe média e da elite paulistana.
Nas próximas semanas, ele vai encerrar o périplo por redutos petistas nos extremos da cidade para cortejar eleitores dos bairros centrais, onde o PSDB é mais forte.
A guinada será acompanhada por visitas a entidades empresariais como a Fecomércio e a Fiesp (Federação das Indústrias de São Paulo), que recebeu o tucano José Serra há duas semanas.
"É uma caminhada da periferia para o centro", resume o presidente municipal do PT e coordenador da pré-campanha, Antonio Donato.
A mudança de rota vinha sendo cobrada por alas da sigla que criticavam a estratégia de privilegiar bairros mais carentes das zonas sul e leste. Essas regiões deram maioria à petista Marta Suplicy em 2004 e 2008, mas não foram suficientes para evitar sua derrota nas duas eleições.
"Um dos principais fatores para escolhermos Haddad este ano foi seu potencial para fazer o PT crescer para além da sua base social. É positivo que ele também passe a ir aos bairros onde somos minoria", afirma o presidente estadual da sigla, Edinho Silva.
No novo itinerário, o discurso de Haddad deve incorporar novos temas, apontados em pesquisas como preocupações da classe média.
Até aqui, ele concentrava suas promessas e críticas à gestão Gilberto Kassab (PSD) em quatro áreas de apelo popular: saúde, educação, moradia e transporte público. Agora, ganham espaço assuntos como segurança, cultura e meio ambiente.
Uma das propostas debatidas por sua equipe no momento trata da coleta seletiva de lixo, uma bandeira cobrada por eleitores que já têm acesso aos serviços básicos.
Os petistas sustentam que o perfil intelectualizado do pré-candidato, que é professor da USP, pode ajudá-la a vencer resistências e conquistar apoios no "andar de cima" da sociedade paulistana.
As visitas a empresários também cumprirão o papel de aproximá-lo de potenciais doadores de campanha -tarefa que seu padrinho político, o ex-presidente Lula, pretende assumir em breve.
Na semana passada, Haddad fez um de seus primeiros acenos ao PIB ao se reunir com a direção do Secovi, o sindicato das empresas do setor imobiliário, que costuma ser alvo de duras críticas dos vereadores do partido.
Dirigentes da campanha petista dizem que o saldo das incursões na periferia é positivo, embora Haddad ainda seja pouco reconhecido ao percorrer os bairros. Em alguns casos, as reuniões organizadas pelos diretórios locais não conseguem atrair mais de 50 pessoas para ouvi-lo.
"O objetivo dessas visitas não é pedir voto. E como a campanha oficial ainda não começou, não podemos levar um carro de som e sair espalhando que ele é o candidato do PT", diz Donato.
O coordenador frisa que o planejamento feito no início do ano já estabelecia maio como o mês da marcha para os bairros de maior padrão de renda. Pela primeira vez, estão programadas visitas a subprefeituras do chamado centro expandido, como Pinheiros (dia 25) e Lapa (28).
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