(ATENÇÃO, ESSE ANO TEREMOS ELEIÇÕES , NÃO VOTE EM BANDIDO , NÃO VOTE EM LADRÃO, NÃO VOTE EM CORRUPTO .
CRISTÃO QUE SE VENDE TAMBÉM NÃO PRESTA .)
Existem no Brasil muitas palavras para caracterizar a
corrupção: cervejinha, molhar a mão, lubrificar, lambileda, mata-bicho,
jabaculê, jabá, capilê, conto-do-paco, conto-do-vigário, jeitinho, mamata,
negociata, por fora, taxa de urgência, rolo, esquema, peita, falcatrua,
maracutaia, etc.
A quantidade de palavras disponíveis parece ser maior no Brasil
e em países onde a corrupção é visualizada cotidianamente.
Originalmente, a
palavra corrupção provém do latim Corruptione e significa corrompimento,
decomposição, devassidão, depravação, suborno, perversão, peita.
A corrupção,
entretanto, dependendo do contexto, nem sempre assume uma conotação negativa.
Ela constitui, por exemplo, a base para o desenvolvimento da linguagem: a língua
portuguesa resultou de um “corrompimento”, da modificação do latim, cuja
variante brasileira é ainda mais dinâmica e viva (mais corrompida, portanto) do
que o português de Portugal.
Em minha cidade ,por exemplo , as coisas estão mais feias que batida de fusca com scania.
Eu nunca ví , em meus 26 anos de envolvimento com a politica tamanha corrupção.
Onde pobres ficaram ricos , os do contra foram banidos , os de fora roubando tudo.
Eu nunca ví , uma prefeitura usar escritórios de fora para fazer seus fechamentos, sendo que a mesma tem seu depto de contabilidade , o pior é que eu confiava nesse secretário .(Maldito o homem que confia no homem).
Na linguagem política contemporânea, no entanto, a
corrupção sempre assume uma conotação negativa, o que, visto numa perspectiva
histórica, não foi sempre assim. Historicamente, a corrupção esteve associada ao
conceito de legalidade, ou seja, corrupto era caracterizados aquele que não
seguia as leis existentes.
Mesmo determinados termos extremamente negativos que
atualmente são usados para designar formas de corrupção, como a peita, o
nepotismo e o peculato, não tinham essa conotação até há poucas décadas atrás: a
peita estava instituída como um pacto entre os fidalgos e a plebe nos regimes
monárquicos para garantir o pagamento de tributos do povo aos nobres; o
nepotismo era reconhecido como um princípio de autoridade da Igreja na Idade
Média, segundo o qual os parentes mais próximos do Papa tinham privilégios
sociais aceitos pela sociedade da época; o termo peculato, originalmente, indica que o gado
constituía a base da riqueza de determinados grupos sociais privilegiados e,
posteriormente, a expressão “receber o boi” passou a ser usada para designar
“troca de favores”, pois o gado servia como uma forma de moeda em certas regiões
rurais.
O termo peculato, atualmente utilizado para caracterizar favorecimento
ilícito com o uso de dinheiro público, continua com essa referência histórica de
que para ter acesso a determinados privilégios é necessário um favor em forma de
contrapartida.
No Brasil se associa a esse contexto histórico a
assim chamada Lei de Gérson, ou seja, o comportamento de querer “tirar vantagem
em tudo”, pressupondo que os sujeitos aguardam o máximo possível de benefícios,
visando exclusivamente o beneficio próprio.
Esse tipo de comportamento, contudo,
se adapta perfeitamente ao “espírito capitalista”, como pré-condição esperada
dos seres humanos numa sociedade centrada nos valores da economia de mercado.
Adam Smith, por exemplo, caracterizava esse comportamento como a melhor forma de
contribuir com o progresso social (Smith, 1990).
É claro que a corrupção é mais antiga que o
capitalismo, mas ela encontra neste modo de produção condições ideais para sua
continuidade.
Através da instituição da dominação forçada do capital sobre o
trabalho, a qual permite aos capitalistas a
apropriação privada da mais valia gerada pelo trabalho de outros seres humanos,
uma das formas mais básicas de corrupção passou a ser reconhecida legalmente na
sociedade capitalista.
Nesse sentido, a forma moderna da corrupção precisa ser
compreendida no contexto da injustiça fundamental presente em todas as
sociedades de classes: a injustiça no acesso aos meios de produção, que
constitui a origem da desigualdade social e está em frontal contradição com os
ideais de democratização, justiça social e solidariedade entre os seres humanos.
É por isso que, historicamente, a corrupção é proporcionalmente maior em
sociedades com maior injustiça social: onde o contraste entre ricos e pobres é
maior.
A ausência e a dificuldade no acesso a bens e serviços facilita a
privatização de setores públicos e sua transformação em mercadoria, tendo como
resultado o seu uso/abuso em benefício privado.
Nesse contexto, por exemplo,
bens e serviços públicos passam a ser usados como mercadorias em troca de votos
em períodos eleitorais e parlamentares votam a favor de determinadas leis se
houver a possibilidade de, com isso, aumentar recursos no orçamento para as
regiões onde se concentra o maior número de seus eleitores (através das famosas
“Emendas Parlamentares”).
A corrupção é um fenômeno mundial e, de acordo com a
declaração final do IV Fórum Global de Combate à Corrupção, realizado de 7 a 10
de junho de 2005 em Brasília, ela impõe “ameaças à democracia, ao crescimento
econômico e ao Estado de Direito”.
De acordo com esse entendimento, o IPC
(Índice de Percepção da Corrupção)serve de parâmetro internacional para
investimentos do Banco Mundial, supostamente para impedir que os créditos
internacionais sejam utilizados de forma indevida por governos corruptos e para
comprometer governos a tomar medidas de combate à corrupção.
Por outro lado,
essa forma de proceder vem sendo usada como argumentação para justificar o
subdesenvolvimento de países pobres. Nos países mais pobres, especialmente na
África, há uma ampla aceitação da tese de que a corrupção origina o
subdesenvolvimento, como se a existência da estrutura social injusta nestes
países fosse meramente o resultado de “maus governos”.
Com essa linha de
argumentação são omitidas as causas estruturais e históricas da corrupção, por
um lado, e, por outro, a responsabilidade dos países colonizadores (os quais
continuam sendo beneficiados através da dependência e subordinação de muitos
países pobres) passa a ser transferida à população oprimida ou a seus governos,
como se estes fossem os “culpados pelo seu subdesenvolvimento”.
A percepção do tamanho da corrupção e da sua
amplitude, entretanto, está pouco vinculada à existência do IPC, se comparada à
importância dos meios de comunicação, do acesso a informações, da transparência
de governos e, não por último, do próprio combate à corrupção.
Governos que
tomam medidas efetivas de combate à corrupção contribuem de forma decisiva para
que a opinião pública se ocupe desta temática e identifique ações corruptas como
um problema.
No Brasil, historicamente, a maioria dos casos de corrupção se
tornaram públicos somente em função de conflitos privados.
Por isso, o país está
confrontado com uma situação completamente nova, pois, no governo Lula, as
denúncias de corrupção resultaram de um confronto político: políticos subornados
foram à imprensa apresentando-se como “vítimas” à opinião pública, com o
objetivo de atacar o PT, reforçar a oposição e impedir a reeleição de Lula.
Isso
explica a satisfação de políticos , acreditam inclusive, terem a
oportunidade de, finalmente, poderem “acabar com essa raça” (referindo-se ao
PT).
A corrupção segue servindo de instrumento político na campanha eleitoral,
coerente com a estratégia das elites brasileiras corruptas de apresentá-la à
sociedade como um “problema endógeno da cultura brasileira”.
A naturalização da
corrupção, ou seja, a tentativa de apresentá-la como sendo algo natural e óbvio
(utilizando expressões típicas de que “ela sempre existiu”, “todos são corruptos
e corrompíveis”, “precisamos saber conviver com a corrupção, assim como
convivemos com as estações do ano”), reduz a possibilidade de combater
efetivamente ações corruptas, embora estas sejam construídas por seres humanos
e, por isso mesmo, poderiam ser justamente controladas e modificadas pela ação
humana.
GRITOS DE ALERTA , com Revista Espaço Acadêmico
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