Um vídeo mostra a pregação de um pastor (ou ancião) das Testemunhas Jeová sobre como a família deve “repudiar” seus membros que foram expulsos da igreja por não se ajustarem às normas divinas.
As recomendações, segundo o pastor, valem para mães contra os filhos, para filhos contra as mães, igualmente em relação aos pais, irmãos, avós, tios, primos, cunhados, etc. É assim que Jeová quer, disse.
Após ter dito “repudiar”, o pastor deu conta de que se trata de um verbo muito duro e o substituiu por “cortar relação”.
Antes, comparando os fiéis a crianças, ele disse que em todas as religiões quem não for “disciplinado” é expulso da convivência dos demais. Explicou que, no caso das Testemunhas de Jeová, essa pessoa é chamada de “desassociada”.
O pastor se preocupou em fundamentar com textos bíblicos a sua didática sobre a exclusão dos desajustados. Ele leu, por exemplo, 1 Corintios 5:11, onde o apóstolo Paulo afirma que o devoto não pode ter convivência com fornicador, ganancioso, idólatra, injuriador, beberão ou extorsor, “nem sequer comendo com tal homem”. E, se houver persistência no erro, “removei o homem iníquo dentre vós”.
O vídeo de 24 minutos foi postado na internet por uma comunidade de ex-Testemunhas de Jeová, que é formada principalmente por desassociados. Não há informação sobre o nome do pastor e sobre quando e onde foi feita a pregação.
Ao final do vídeo, o pastor reconheceu ser difícil “cortar a relação” com pessoas com as quais se vive em casa, pais e filhos, por exemplo. Nesse caso, disse, o relacionamento deve se restringir ao "necessário” porque não dá para "ficar mudo". Orientou que, quando se tratar de familiares que moram em casas diferentes, o rompimento tem de ser total, exceto se for preciso dar assistência a doentes.
A discriminação das Testemunhas de Jeová aos desassociados se tornou notória, tanto quanto o seu veto à transfusão de sangue.
Em meados de 2011, a procuradora Nilce Cunha Rodrigues, do Ministério Público Federal no Ceará, moveu uma ação civil pública contra as TJs porque, para ela, a denominação pratica a discriminação com o propósito de “infligir sofrimentos” aos ex-fiéis “como forma de punição” pelo seu afastamento do ensinamento bíblico.
Como era de se esperar, dirigentes das TJs têm negado que praticam a intolerância contra ex-fiéis, mas a pregação do pastor pela destruição familiar, como mostra o vídeo, não deixa margem para dúvida.
Fonte: Paulopes
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