segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Venda de espaços na TV para evangélicos gera polêmica na Bahia


Especialistas acreditam que o conteúdo dos programas religiosos precisam ser monitorados para não desrespeitar as demais religiões.

É cada vez mais comum encontrarmos na TV aberta programações religiosas, principalmente de igrejas evangélicas que nos últimos anos têm investido muito dinheiro em aluguéis de horários televisivos.

Nesta semana o jornal A Tarde, da Bahia, levantou esta questão e consultou algumas pessoas para debater o tema. Um dos entrevistados foi Pedro Caribé que é diretor do intervozes (Coletivo Brasil de Comunicação Nacional), em sua fala ele critica o repasse de algo público para as igrejas (instituições privadas) e também cita a falta de um artigo no Código Brasileiro de Telecomunicações que regulamente esse repasse.

“Criado em 1962, há exatos 50 anos, trata-se de um código defasado, que deveria ser readequado. Nele não consta, por exemplo, uma norma específica que aborde conteúdo religioso, nem citação precisa de como funciona o repasse de parte da programação para terceiros”, diz.

Assim como as emissoras nacionais, as locais também são locadas por religiosos que enchem a grade com canções, apresentação de curas, pedidos de ofertas e orações. Entre as emissoras baianas que mais abrem espaço para programas evangélicos temos a Record Bahia, Band Bahia e TV Aratu.

Os ministérios que financiam estas programações são as igrejas Universal do Reino de Deus, Assembleia de Deus, Internacional da Graça de Deus e outras. Mas na Bahia os programas da IURD são os mais polêmicos, pois usando ex-sacerdotes de religiões afro-brasileiras para testemunhar suas conversões, os pastores levantam a questão do Estado laico e do respeito a diversidade religiosa do Brasil.

É por isso que Edson Dalmonte, doutor em comunicação e líder do Grupo de Pesquisa em Análise Crítica da Mídia e Produtos Midiáticos da UFBA, diz que é necessário discutir o conteúdo desses programas para que eles respeitem as demais religiões.

“Estamos em um Estado Laico. Não temos uma única religião, assim como não temos um único credo. Um Estado democrático deve ficar atento ao que é exibido por suas emissoras, garantindo ao público discursos pluralistas”.

É de Dalmonte a opinião de que as emissoras precisam oferecer o mesmo espaço dado para igrejas evangélicas para representantes de outras religiões. Mas nesse aspecto ganha quem tem mais dinheiro para oferecer, já que estes espaços são pagos e custam muito dinheiro.

Fonte: Gospel Prime

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