É preciso dar um alerta para não seguirmos o caminho de Caim, que sentiu ódio contra seu irmão (Gn 4.3-8), nem o exemplo de Balaão, que agiu com ganância, avareza e imoralidade (Nm 22.1-35), nem a rebeldia de Corá, que se insurgiu contra a autoridade de Moisés como seu líder e pastor (Nm 16.1-35). O orgulho (que fez Caim rejeitar a soberania e os planos de Deus), a ganância (que levou ao profeta Balaão se tornar um mercenário), e a rebelião (que levou Cora se tornar um inimigo de Moisés) podem, ainda hoje, destruir muitas pessoas que não se arrependem de males que causam ao reino de Deus.
Caim
O ódio faz o homicida , e nenhum homicida tem parte no Reino de Deus .
"Porque esta é a mensagem que ouvistes desde o princípio : que nos amemos uns aos outros . Não como Caim, que era do maligno e matou a seu irmão . E por que causa o matou? Porque as suas obras eram más, e as de seu irmão , justas " (1Jo 3.11,12).
Caim não se saíra bem em sua vida espiritual : sua oferta não fora aceita pelo Criador . Ele pouco ou nenhum valor atribuía a forma correta de sacrificar e adorar ao Senhor . O primogênito de Adão não sabia que Deus não se importava tanto com as formalidades e nem com o tipo de oferta , mas considerava principalmente as intenções do coração .
Dominado por súbita explosão de cólera , a despeito das oportunidades que teve de redimir-se e aceitar o caminho da verdadeira adoração , Caim lançou-se covardemente sobre seu próprio irmão e o matou.
Poderiam
O que é mais importante para Deus : as ofertas em si ou as intenções do coração dos ofertantes?
O QUE É O CAMINHO DE CAIM
1. A oferta de Caim. Pensam alguns comentaristas que o Senhor rejeitou a oferta de Caim por ter sido esta uma oferenda vegetal e não cruenta como a de Abel. O Senhor , porém , jamais olhou para a espécie de oferta , mas sempre atenta para a qualidade do ofertante (Sl 51.16,17). Além disso, na Festa das Primícias(Celebração israelita , quando eram oferecidos ao Senhor os primeiros grãos colhidos. Reconhecimento público da provisão divina . Comemorada a 16 de nisã (março-abril), mais tarde , passou a ser chamada Pentecostes .), requeria Jeová , dos filhos de Israel, os frutos da terra e não os primogênitos dos animais (Ex 34.22).
2. O primeiro homicídio . Já tomado pela inveja e por um ódio incontrolável , Caim matou traiçoeiramente a Abel: "E falou Caim com o seu irmão Abel; e sucedeu que , estando eles no campo , se levantou Caim contra o seu irmão Abel e o matou" (Gn 4.8).
O primeiro assassinato teve como cenário o campo que , desde aquela época , vem sendo marcado por violentas e inexplicáveis lutas . Todavia , o motivo para tantas mortes não é propriamente a posse da terra , e sim o ódio que Caim ainda não conseguiu controlar .
3. O caminho de Caim. O caminho de Caim, por conseguinte , é a alternativa gerada pelo desamor , pela incompreensão e pela intolerância . É a inveja que leva ao ódio ; é o ódio que induz ao homicídio .
A MARCA DE CAIM
1. A desculpa de Caim. Foi esta a resposta que Caim deu ao Senhor , quando o Justo Juiz lhe inquiriu acerca de Abel: "Não sei; sou eu guardador do meu irmão ?" (Gn 4.9). Em hebraico, a expressão traduzida por guardador - shamer - é bastante significativa ; evoca, entre outras coisas , os seguintes substantivos : guarda , protetor , mantenedor e reverenciador. Tudo isso deveria ser Caim em relação a Abel. Mas deste não passava agora de um desalmado algoz .
2. A marca de Caim. De repente , percebe o assassino quão vulnerável tornara-se ao matar a seu irmão . Daquele momento em diante , qualquer pessoa achar-se-ia no direito de vingar o sangue de Abel. A fim de evitar que isso viesse a acontecer , pois a lei do dente por dente e olho por olho não havia sido ainda decretada, o Senhor faz um sinal em Caim para que a sua vida fosse poupada.
3. O primeiro código penal da história . O sinal que o Senhor Deus imprimiu em Caim funcionou como um admirável e sintético código penal . Todos os que para ele olhassem, conscientizar-se-iam de que nenhum crime haverá de ficar impune diante de Deus .
A CIVILIZAÇÃO DE CAIM
Fugindo da presença do Senhor , imigrou Caim para a região de Node, onde fundou uma cidade a qual deu o nome de seu filho , Enoque. Tinha começo ali , bem ao oriente do Éden , uma civilização que , embora brilhante , seria marcada pela violência e por um materialismo extremado (Gn 4.16-26).
1. Avanço tecnológico . Tubalcaim fez-se notório por dominar a técnica metalúrgica (Gn 4.22). Sem dúvida alguma, foi ele também o primeiro armeiro da história . Logo a seguir , temos o cântico da espada que seria entoado por seu pai , Lameque.
2. O cântico da espada . Certo dia , o bígamo Lameque conclama suas esposas, e recita-lhes um poema que ficaria conhecido como o cântico da espada : "Ada e Zilá, ouvi a minha voz ; vós , mulheres de Lameque, escutai o meu dito : porque eu matei um varão , por me ferir , eum jovem , por me pisar . Porque sete vezes Caim será vingado; mas Lameque, setenta vezes sete " (Gn 4.23,24).
Balaão
"Os quais , deixando o caminho direito , erraram seguindo o caminho de Balaão, filho de Beor, que amou o prêmio da injustiça " (2Pe 2.15).
Balaão, o "profeta do erro ", legou à posteridade um péssimo exemplo de apostasia , corrupção e mercenarismo . Abdicando da verdade , santidade e justiça , prerrogativas que bem caracterizam os profetas de Deus , cedeu à tentação do sucesso e do lucro material , fazendo Israel envolver-se no culto idólatra dos moabitas e em suas práticas imorais .
Veremos que prêmio recebeu esse obreiro mercenário , que Judas escolheu para tipificar todos os que desprezam as coisas divinas, e porfiam em buscar as terrenas e perecíveis .
QUEM FOI BALAÃO
Tivera ele buscado a justiça e a piedade , estaria no rol daqueles gentios destacados no Sagrado Livro . Refiro-me a Melquisedeque, a Jó, ao mancebo Eliú e a Jetro. Infelizmente , preferiu ele o prêmio da impiedade . Hoje é lembrado não como profeta de Deus , mas como um mero e cobiçoso adivinho (Js 13.22).
A DOUTRINA DE BALAÃO
O pastor John H. Sailhamer afirmou que Balaão foi à procura de ganhos pessoais não se importando com a destruição da Obra de Deus . Era ele um negociante que não conhecia escrúpulos ; não ligava importância quer à ética pessoal , quer à postura ministerial . Era um obreiro que gostava de levar vantagem em tudo .
Se tu , obreiro , não queres te corromper como Balaão, foge dos homens corruptos . Se com os corruptos ficares , corrompido tornar-te-ás (2Tm 3.5).
2. Ele sabia que Israel era povo de Deus . Haja vista as profecias que enunciou ao presenciar o arraial hebreu . Leia com atenção o capitulo 24 de Números.
Não são poucos os obreiros e teólogos que, apesar de terem uma clara visão da Igreja como povo de Deus, induzem-na ao mundanismo e à frialdade espiritual, pois somente assim poderão conquistar o prêmio de Balaão. Sabem eles muito bem que jamais poderão corromper uma igreja avivada, por isso lutam por tirar da igreja todo o avivamento. Mas o que eles não sabem é que o Senhor Jesus zela por sua amada, e por sua amada há de batalhar até às últimas conseqüências.
3. Ele sabia usar a teologia para corromper. Nunca se criou tantas teologias e modismos para se corromper o povo de Deus. É a teologia da prosperidade. É a confissão positiva. É a profissionalização do ministério. É a adoção dos costumes mundanos. É a glorificação da injustiça. E o que mais direi? Sofismando os mais caros enunciados bíblicos e teológicos, os tais obreiros lançam tropeços diante dos filhos de Deus.
Assim agiu Balaão. Como não pudesse amaldiçoar a Israel, tornou Israel objeto da maldição de Deus. O que fez ele? O próprio Cristo discorre sobre as proezas teológicas do profeta mercenário, corrupto e corruptor: "Mas umas poucas coisas tenho contra ti, porque tens lá os que seguem a doutrina de Balaão, o qual ensinava Balaque a lançar tropeços diante dos filhos de Israel para que comessem dos sacrifícios da idolatria e se prostituíssem" (Ap 2.14).
Devidamente instruído por ele, Balaque introduziu mulheres pagãs e desavergonhadas no arraial dos israelitas, induzindo-os a comerem comidas sacrificadas aos ídolos e a se prostituírem.
Assim agem os obreiros fraudulentos. Corrompem sutilmente os santos, a fim de lhes roubar os haveres e de lhes arrebatar as almas. O que mais almejam é o prêmio de Balaão.
O PRÊMIO DE BALAÃO
O prêmio de Balaão pode ser definido como o galardão daqueles obreiros que, além de se corromperem, fazem de tudo por corromper a Palavra de Deus e a Igreja de Cristo. Os que assim agem, afirma o comentarista inglês Mattew Henry, em nada diferem dos três mais notáveis criminosos do Antigo Testamento: Caim, Coré e o próprio Balaão.
Acerca destes, brada o apóstolo Judas: "Ai deles! Porque... foram levados pelo engano do prêmio de Balaão" (Jd 11). A expressão engano, no original grego, denota um indivíduo errante e desviado, que jamais conseguirá achar-se. E o substantivo prêmio - misthós - refere-se a uma recompensa, salário ou pagamento. A palavra é usada para descrever o mercenário que, em busca de seu prêmio, torce a Palavra de Deus e deixa-se corromper no ministério cristão.
É claro que o obreiro é digno de seu salário (Lc 10.7, 2Tm 2.15). Todavia não podemos fazer comércio do povo de Deus (2Pe 2.3), nem agir por torpe ganância (1Tm 3.3). Eis o que recomenda Paulo: "Em tudo, te dá por exemplo de boas obras; na doutrina, mostraincorrupção, gravidade, sinceridade" (Tt 2.7).
A sedução do obreiro começa quando, premido pelas circunstâncias, já não fala o que a igreja precisa ouvir, mas o que determinados grupos querem escutar. Ele já não zela pela sã doutrina; está mais interessado em agradar aos poderosos do que ao Todo-Poderoso.
O obreiro se deixa seduzir quando vende a consciência para angariar os bens que aqui terminam e aqui se acabam. Lembra-te, porém, querido obreiro: não foste chamado para seres um homem do povo, mas um provado e legitimado homem de Deus. Não te deixes corromper pelo ouro de Balaque. Jamais coloques tropeço diante dos santos; os maus obreiros não ficarão impunes. O Deus que agiu no Antigo Testamento continua ativo e vigilante. Ele não tosqueneja.
Como está a nossa consciência? Tentados pelos prêmios deste mundo, respondamos como Daniel diante do oferecimento do corrompido Belsazar: "As tuas dádivas fiquem contigo, e dá os teus presentes a outro" (Dn 4.17).
"Os israelitas , na fase final de sua viagem à Terra Prometida, circundando Moabe, acamparam-se no vale do Jordão, defronte a Jericó. Desse lugar , movimentaram-se rumo ao norte , e conquistaram Seom, rei dos amorreus, em Gileade; e Ogue, rei de Basã. O rei Balaque, de Moabe, ao assistir toda essa movimentação , teve o bom senso para perceber que Israel obtinha suas vitórias não por causa de seus exércitos , mas porque Deus os abençoava, conduzindo-os de triunfo em triunfo . Balaque temia que Moabe fosse a próxima conquista de Israel. Mas os seus temores eram infundados , porque Deus havia instruído a Israel que o deixasse em paz (Dt 2.9). Como Balaque não sabia disso, resolveu lutar contra Israel. Todavia , como vencer o povo de Deus ? Havia somente um jeito . Encontrar alguém que pudessedesviar os favores divinos de Israel. Assim , ordenou que trouxessem do Eufrates a Balaão. Em seguida , exigiu que o profeta amaldiçoasse o arraial hebreu . Através da jumenta , porém , o Senhor advertiu a Balaão que o não fizesse (Nm 22.35).
Corá
"Porque a rebelião é como o pecado de feitiçaria , e o porfiar é como iniqüidade e idolatria " (1Sm 15.23).
De que maneira vocês gostariam de ser lembrados em relação a obra de Deus ? Como obreiros diligentes e abençoados ou como tropeços e causadores de dissidências ?
Corá, que era levita, não é lembrado por seus préstimos à liturgia do tabernáculo ou ao ensino da lei do Senhor , mas por sua rebeldia contra Moisés e o próprio Deus . Invejoso por Moisés ter sido escolhido por Deus para liderar o povo , Corá pôs-se a criticá-lo e levantouum grupo para apoiar sua revolta , dificultando a liderança do servo de Deus .
Corá foi punido por sua rebeldia , e com ele todos os seus seguidores .
O inspirado comentarista norte-americano , Warren Wiersbe, assim discorre acerca da rebelião de Corá, Datã e Abirão: "Os que imitam a Corá estão a desafiar a Palavra de Deus e aos ministros por ele constituído".
Vejamos como o apóstolo Judas usa a imagem de Corá a fim de retratar os que se rebelam contra Deus e contra os seus ministros .
Corá era um obreiro que tinha tudo para dar certo . Pertencia a tribo de Levi; possuía uma subsistência vitalícia e, por todos os seus irmãos , era ele honrado. Além disso, achava-se entre a nobreza de Israel.
Tivesse ele mais paciência e humildade , receberia certamente uma elevada honra na Casa de Levi. Infelizmente , Corá era um obreiro mui pretensioso ; achava que o mundo girava em torno de si .
A CONTRADIÇÃO DE CORÁ
O capitulo 16 de Números revela-nos ter sido Corá um obreiro que era a mesma pretensão. Vejamos até onde chegavam o orgulho, a vaidade e as demandas desse obreiro.
1. Seu orgulho espiritual. Corá era do tipo de obreiro que se orgulhava de ser humilde. Eis o que disse a Moisés: "Demais é já; pois que toda a congregação é santa, todos eles são santos, e o SENHOR está no meio deles; por que, pois, vos elevais sobre a congregação do SENHOR?" (Nm 16.3).
Atrás de todo esse vocabulário piedoso, havia um irreprimível espírito de rebeldia. Nas entrelinhas, estava Corá a dizer que, já que toda a congregação era santa, por que precisaria de um pastor?
Lembra-se daqueles crentes de Corinto que, batendo no peito, afirmavam ser apenas de Jesus? São os piores. Pelo menos os que se diziam de Paulo, a Paulo obedeciam; os que diziam ser de Cefas, a Cefas se curvavam. Mas os que afirmavam pertencer apenas a Jesus, implicitamente declaravam que, para eles, não havia pastor, nem presbítero, nem diácono. Não aceitavam nenhum líder. Eles parecem espirituais e até santos, mas os seus frutos mostram que, na verdade, são soberbos, desobediente e rebeldes.
2. O inconformismo de Corá. Corá era do tipo de obreiro que jamais se conformou com o cargo que lhe confiara o Senhor. Não lhe bastava o sacerdócio; queria o lugar de Aarão. Aliás, já exigia o posto de Moisés.
Infelizmente, não são poucos os obreiros que vem imitando a Corá. Se diáconos, não se preocupam em servir; cobiçam o presbiterado. Já presbíteros, almejam a cadeira do pastor. Todavia, não servem, nem consolam nem pastoreiam. Buscam uma glória que, definitivamente, de nada lhes aproveita.
Ao pretensioso e inconformado Corá, exorta Moisés: "Porventura, pouco para vós é que o Deus de Israel vos separou da congregação de Israel para vos fazer chegar a si, a administrar o ministério do tabernáculo do SENHOR e estar perante a congregação para ministrar-lhe?" (Nm 16.9).
Do Senhor, querido obreiro, tens recebido as maiores honras e deferências. Por isso, não te deixes levar pelas revoltas. Agradece a Deus pelo ministério que Ele te confiou.
3. A desobediência de Corá. Além de orgulhoso e inconformado, o bando de Corá era desobediente. Quando Moisés convocou a Datã e a Abirão para uma reunião de prestação de contas, responderam eles: "Não subiremos" (Nm 16.13).
Como é difícil lidar com o desobediente! Ele não obedece a ninguém. Prestar contas? Nem pensar. Todavia, o obreiro que tem o hábito de prestar contas à sua convenção, ao seu pastor-presidente, ao seu ministério, à sua igreja e à sua família, jamais cairá em certas contradições e pecados.
4. A contradição de Corá. Diz Judas que Corá pereceu em sua própria contradição. Em grego, antilogía. O vocábulo não significa apenas contradição, mas também controvérsia. Isto significa que Corá vivia para criar controvérsia entre o povo de Deus. E as suas controvérsias acabaram por criar toda uma congregação de rebeldes.
A CONGREGAÇÃO DOS REBELDES
Diz o texto sagrado que Corá e o seu bando congregaram-se contra Moisés (Nm 16.3). Em tudo pareciam uma igreja bem constituída. Achavam-se organizados, possuíam um guia, faziam uso de um vocabulário místico e ostensivamente professavam o nome de Deus. Todavia, não passavam de uma congregação de rebeldes.
Temos de estar bem atentos aos que se congregam para se rebelarem contra a Obra de Deus.
1. O rancho dos profetas. Não são poucos os profetas que se reúnem para jogar a igreja contra o seu pastor e o pastor contra o ministério. Brincando com o nome de Deus e abusando dos dons espirituais, destroem lares e reputações. Parecem ovelhas, mas não passam de lobos; dilapidam o patrimônio dos santos e o tesouro da igreja.
Se você tem algum problema, não saia por aí à cata de profecias. Fale com o seu pastor. Se Deus lhe tem alguma palavra profética, esta certamente virá. Consulte a Bíblia - a inspirada, inerrante e infalível Palavra de Deus.
Quanto aos que detém o dom profético, que se conscientizem: 1) O dom não lhes pertence, é uma dádiva divina; 2) A direção da igreja não foi confiada aos que receberam os dons espirituais, mas aos que o Senhor confiou os dons ministeriais (Ef 4.8-11); 3) Insurgir-se contra o pastor da igreja e seu ministério significa rebeldia; é um pecado tão grave quanto o de feitiçaria (1Sm 15.23).
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