No entanto, Marcos Pereira continuará preso acusado de estupro. Pastor recuou de ação contra José Júnior, líder do AfroReggae.
O
Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ) concedeu um habeas corpus ao pastor
Marcos Pereira no processo em que o líder da Igreja Assembleia de Deus
dos Últimos Dias responde por coação de testemunha. A decisão foi dada
por unanimidade pela 7ª Câmara Criminal e o relator foi o desembargador
Siro Darlan.
No entanto, segundo informou o TJ-RJ nesta
terça-feira (16), apesar disso, o pastor permanecerá preso no Complexo
Penitenciário de Bangu, na Zona Oeste, em razão dos dois processos a que
responde por estupro – em ambos a defesa solicitou habeas corpus, mas
os pedidos foram negados.
No acórdão, o desembargador Siro Darlan
diz que a decisão de receber a denúncia de coação foi anulada e que o
inquérito será remetido de volta ao Ministério Público.
Habeas corpus negado
O
desembargador da 8ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio,
Gilmar Augusto Teixeira, negou na quarta-feira (3) um novo pedido de
habeas corpus em favor do pastor Marcos Pereira da Silva, líder da Assembleia
de Deus dos Últimos Dias. No processo, ele é acusado de atentado
violento ao pudor por ter abusado sexualmente e uma seguidora da
igreja, em 2006.
Na tarde de segunda-feira (1º), foi feita a
audiência de instrução e julgamento do pastor Marcos Pereira, que está
preso desde maio. No dia 9 de maio, o Ministério Público do Rio (MP-RJ)
denunciou Marcos Pereira por dois estupros. Ele foi preso dois dias
antes, suspeito de ter abusado sexualmente de seis fiéis. Ele está no
Complexo Penitenciário de Gericinó, na Zona Oeste do Rio.
Investigações
Marcos
Pereira também é investigado por homicídio, associação ao tráfico de
drogas e lavagem de dinheiro. Trinta pessoas prestaram depoimento contra
o pastor. Segundo um ex-braço direito do religioso, certa vez, o pastor
obrigou o amigo a guardar mochilas com aproximadamente R$ 400 mil em
sua casa.
Segundo a polícia, o suspeito dizia às mulheres que
elas estavam "possuídas" e que só iriam se livrar do "mal" caso tivessem
relação sexual com um religioso. Entre as vítimas está uma jovem que
disse ter sido estuprada dos 14 aos 22 anos.
Pastor Marcos Pereira retira denúncia contra líder do AfroReggae
Quatros
dias antes de um incêndio destruir a sede do AfroReggae no Complexo do
Alemão, Zona Norte do Rio de Janeiro, e uma semana antes de traficantes
expulsarem o grupo da favela, como revelou a edição desta semana de
VEJA, o pastor Marcos Pereira – denunciado pelo grupo e preso sob
acusação de estupro e vínculo com tráfico – retirou da Justiça uma ação
que movia contra o coordenador da ONG, José Júnior.
Documento
obtido por VEJA mostra que os advogados de Marcos Pereira requisitaram à
24ª Vara Cível do Rio que o pedido de indenização por danos morais
contra José Júnior fosse “extinto sem apreciação do mérito”. De acordo
com os advogados de Pereira, o pastor vai também desistir de outras
ações protocoladas contra Júnior.
O documento foi entregue à
Justiça no dia 12. Quatro dias depois, um incêndio até agora não
explicado destruiu as partes do prédio onde a ONG mantinha o jornal Voz
da Comunidade e pretendia inaugurar uma pousada. A Polícia Civil
investiga o caso e prendeu uma pessoa suspeita, que teve queimaduras por
causa do fogo. Em seguida, vieram as ameaças de uma chacina no Alemão,
caso a ONG não saísse do morro.
Em entrevista coletiva neste
sábado, José Júnior vinculou o pastor da Assembleia de Deus dos Últimos
Dias às ameaças que levaram ao encerramento das atividades do
AfroReggae: "Ele atua como conselheiro do tráfico".
Pelo Twitter,
José Júnior disse que encontrou na sexta-feira com o ministro da
Justiça, José Eduardo Cardozo, para tratar das ameaças. "Não dá para
deixar assassinarem inocentes", escreveu.
Prisão
Marcos
Pereira está preso desde maio. Ele comandava a igreja evangélica em São
João de Meriti, cidade da Baixada Fluminense, onde é acusado abusar de
mulheres e menores de idade. O pastor também está sendo investigado por
homicídio. Ele chegou a trabalhar em parceira com o AfroReggae e fazia
evangelização em presídios do Rio.
No ano passado, Júnior
denunciou o pastor por ligação com o tráfico e por estar implicado em
ataques de facções criminosas no Rio, em 2006 e 2010. Pereira sempre
negou as acusações e entrou na Justiça contra José Júnior.
O
jornal Voz da Comunidade deve passar a funcionar no Morro do Adeus,
segundo publicou no Twitter o editor Rene Silva Santos. Por enquanto, os
colaboradores vão trabalhar de casa.
Fonte: G1 e Veja.com
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