1 – SIGNIFICADO HISTÓRICO
“Disse mais o Senhor a Moisés: Fala aos filhos de Israel, dizendo: Aos quinze dias deste mês sétimo será a Festa dos Tabernáculos ao Senhor, por sete dias. Ao primeiro dia haverá santa convocação: nenhuma obra servil fareis. Sete dias oferecereis oferta queimada ao Senhor; no dia oitavo tereis santa convocação, e oferecereis ofertas queimadas ao Senhor; é reunião solene, nenhuma obra servil fareis.
São esta as festas fixas do Senhor, que proclamareis para santas convocações, para oferecer ao Senhor oferta queimada, holocausto e oferta de manjares, sacrifícios e libações, cada qual em seu dia próprio; além dos sábados do Senhor, e das vossas dádivas, e de todos os vossos votos, e de todas as vossas ofertas voluntárias que dareis ao Senhor.
Porém aos quinze dias do mês sétimo, quando tiverdes recolhido os produtos da terra, celebrareis a festa do Senhor por sete dias; ao primeiro dia, e também ao oitavo, haverá descanso solene. No primeiro dia tomareis para vós outros fruto de árvores formosas, ramos de palmeira, ramos de árvores frondosas, e salgueiros de ribeiras; e, por sete dias, vos alegrareis perante o Senhor, vosso Deus. Celebrareis esta como festa ao Senhor por sete dias cada ano; é estatuto perpétuo pelas vossas gerações; no mês sétimo a celebrareis. Sete dias habitareis em tendas de ramos; todos os naturais em Israel habitarão em tendas; para que saibam que eu fiz habitar os filhos de Israel em tendas, quando os tirei da terra do Egito: Eu sou o Senhor vosso Deus”. (Levítico 23.33-43).
A festa dos Tabernáculos ou Festa da Colheita era originalmente uma festa agrícola, assim como a Páscoa e Pentecoste. Apesar disso Deus lhe atribui um significado histórico: a lembrança da peregrinação pelo deserto e o sustento pelo Senhor. A fragilidade das tendas que o povo construía era uma lembrança da fragilidade do povo quando peregrinava os 40 anos no deserto a caminho da Terra Prometida.
A palavra “tabernáculo” origina-se da palavra latina “tabernaculum” que significa “uma cabana, um abrigo temporário”. No original hebraico a palavra equivalente é Sucá, cujo plural é Sucot.
A Festa dos Tabernáculos durava uma semana e durante este período habitavam em tendas construídas com ramos.
É um tempo de regozijo e ação de graça.
Posteriormente, na história judaica, a Páscoa, Pentecoste e a Festa dos Tabernáculos são chamadas no calendário judaico de Festas de Peregrinos, porque nestas três festas era exigido que todo homem judeu fizesse uma peregrinação até o Templo de Jerusalém.
Nestas ocasiões o povo trazia os primeiros frutos da colheita da estação ao Templo, onde uma parte era apresentada como oferta a Deus e o restante usado pelas famílias dos sacerdotes. Somente após essa obrigação ser cumprida era permitido usar a colheita da estação como alimento.
A ordenança de Deus para que o povo habitasse em tendas traz conotações de caráter moral, social, histórico e espiritual. Os rabinos falam da sucá como um símbolo de proteção divina. Em momentos de aflição pedimos ao Todo-Poderoso que nos “abrigue em sua tenda” (Salmo 27.5).
A sucá é um chamado contra a vaidade e um apelo à humanidade. Mesmo o mais poderoso dos homens deve viver durante sete dias numa habitação primitiva e modesta, conscientizando-se da impermanência das posses materiais. Mais ainda, deve compartilhar essa moradia com todos os desprivilegiados a seu redor: “seus servos, o estrangeiro, o orfão e a viúva que estiverem dentro dos seus portões”. (Deuteronômio 16.14).
Por ser pequena, sem compartimentos a sucá obriga seus moradores a se aproximarem, física e afetivamente, e talvez os inspire a se manterem mais unidos nos outros dias do ano.
De acordo com a Lei, a cobertura da sucá deve ser feita de tal forma que através dela se possam ver as estrelas. Resulta um teto pelo qual se infiltram a chuva e o vento, mas pelo qual também penetra a luz do sol. A sucá é o modelo de um verdadeiro lar: sem uma estrutura sofisticada, sem decoração luxuoso, mas cheia de calor, tradição e santidade. Um lar deve ter espiritualidade, deve ter uma vista para o céu.
A sucá é um abrigo temporário, improvisado, construído às pressas. E, no entanto, ela é um símbolo de permanência e continuidade. É tão frágil, tão precária, tão instável e, no entanto, sobreviveu a tantos impérios, tantas revoluções porque na verdade seu sustento é divino. É somente o Senhor quem nos pode sustentar!
A sucá é uma construção rústica cuja cobertura é feita de produtos da terra – fácil de se obter. Inclui ramos, arbustos, palha e mesmo ripas de madeira. Frutas, vegetais e outros alimentos não são usados.
O povo judeu tomou as palavras de Deus em Levítico 23 “habitareis” em seu sentindo literal. Eles interpretaram a palavra “habitar” como significando que se devia comer e dormir na sucá, e não apenas construí-la. Nenhuma bênção é recitada quando se constroi a sucá, pois a ordem fundamental é “habitar” na sucá e não meramente construí-la. Uma bênção é recitada imediatamente antes de comer e dormir na sucá.
O uso de quatro espécies de plantas é prescrito em Levítico 23.40: “…tomareis fruto de árvores formosas, ramos de palmeiras, ramos de árvores frondosas e salgueiros de ribeira…” A Bíblia não especifica com precisão quais as espécies de árvores e frutas devem ser usadas. As autoridades judaicas deduziram e a tradição consagrou que “a fruta de árvore formosa” significa a cidra (etrog); “ramos de palmeiras” seriam ramos da tamareira (lulav); “ramos de árvores frondosas” referindo-se ao mirto (hadassim); e “salgueiros de ribeira” ao familiar salgueiro (aravot). Essas quatro espécies formam o molho de sucot que seguramos e abençoamos em cada dia da semana durante a Festa dos Tabernáculos.
Diariamente, durante a semana de sucot (exceto no Shabat), pegamos na mão direita as três espécies de ramos, na mão esquerda a cidra, recitamos uma bênção, em seguida juntamos as mãos e agitamos o molho para todos os lados, para cima e para baixo – manifestando nossa alegria e indicando que a presença de Deus está em toda a parte.
A Festa dos Tabernáculos tinha dois aspectos distintos na época do Templo. Uma parte da festa era consagrada ao louvor e ações de graça. O toque das trombetas convocava o povo, que se postava nas ruas para assistir à marcha dos sacerdotes que iam ao tanque de Siloé, enchiam uma vasilha de prata de água e depois rumavam para o templo e a derramavam no altar. Era um cortejo glorioso de sacerdotes vestidos de branco, instrumentos musicais, corais. Os levitas se faziam acompanhar por músicos em instrumentos de corda, sopro e percussão durante a recitação dos Salmos 113 a 118 – (Hallei) especialmente as palavras messiânicas do Salmo 118, versos 25 e 26: “Ó Senhor, salva, Te pedimos! Ó Senhor, nós te pedimos, envia-nos a prosperidade. Bendito aquele que vem em nome do Senhor”.
Esse ritual de derramamento de água simbolizava ações de graça pela chuva que possibilitou a colheita do ano. Orações por mais chuva eram feitas para possibilitar a colheita da próxima estação.
Esse ritual simbolizava também a alegria espiritual e salvação.
A cada dia, durante o período da Festa, os sacerdotes rodeavam o grande altar de sacrifícios, uma vez, agitando suas palmeiras em todas as direções. Os ramos eram seguros juntos na mão direita, e a cidra, na mão esquerda.
No sétimo dia, chamado “Hoshana Rabbah” que significa “A grande Salvação”, os sacerdotes rodeavam o altar sete vezes, recitando o Salmo 118.
Durante os sete dias de sucot, o grande altar de sacrifício recebia um número de sacrifício maior do que em qualquer outra festa: 70 novilhos, 14 carneiros, 98 cordeiros e 7 bodes (Números 29.12-34).
Em relação aos 70 novilhos o Talmud ensina que “as setenta nações do mundo são representadas nas ofertas de expiação de Israel”.
Segundo ponto alto das comemorações eram os festejos. À noite, as multidões festejavam com banquetes e ainda cantavam e caminhavam pelas ruas portando tochas. Eram também colocadas tochas que iluminavam o átrio do Templo. Nesses momentos demonstravam sua gratidão a Deus desfrutando as boas coisas da vida e o prazer de gozarem a companhia uns dos outros.
Foi a essa festa que os irmãos de Jesus se referiram quando insistiram com Ele para que seguisse para Jerusalém (João 7.1-9). O Senhor rebateu suas palavras sarcásticas, mas depois, ocultamente, foi para Judéia. Durante a Festa, Ele deu ensinamentos e sofreu dura oposição por parte dos fariseus. Foi nessa ocasião que chamou os que tivessem sede para irem a ele e beber (João 7.37). Isso pode ter sido uma referência à água derramada no altar durante a Festa.
2 – O SIGNIFICADO PROFÉTICO
A Festa dos Tabernáculos tem um significado profético.
O profeta Amós, antevendo a vinda do Messias, escreveu: “Naquele dia levantarei o tabernáculo caído de Davi, repararei as suas brechas, e, levantando-o das suas ruínas restaurá-lo-ei como fora nos dias da antiguidade”.
(Amós 9.11).
O povo judeu ainda hoje aguarda a vinda do Messias. A preservação misteriosa de Israel pode ser para o cumprimento do propósito de Deus de Israel se tornar o “tabernáculo de Davi, seu Rei”.
Judeus e gentios podem ser incorporados à casa ou família de Deus e assim tornar-se Seu tabernáculo – Seu lugar de moradia com a aceitação do Messias. Devemos lembrar que Deus já havia feito provisão para a inclusão dos gentios crentes dentro da aliança mosaica “a mesma lei haja para o natural (israelita) e para o forasteiro (gentio) que peregrinar entre vós”. (Êxodo 12.49).
O profeta Zacarias predisse que na era messiânica: “Todos os que restarem de todas as nações que vieram contra Jerusalém, subirão de ano em ano, para adorar o Rei, o Senhor dos Exércitos, e para celebrar a Festa dos Tabernáculos”.
(Zacarias 14.16-21).
O profeta Miquéias profetizou: “… uma nação não levantará contra outra nação, nem aprenderão mais a guerra”.(Miquéias 4.3).
A Festa dos Tabernáculos fala da alegria do Messias tabernaculando em nosso meio. É época de regozijo, de plenitude.
Podemos ver também Jesus, nosso Messias, tipificado no ritual do derramamento da água. No evangelho de João, capítulo 7, temos um relato da Festa dos Tabernáculos que foi a última que Jesus participou.
Podemos imaginar a cena grandiosa: o grande cortejo de sacerdotes vestidos de branco, os levitas, os instrumentos, o derramamento da água no altar… e Jesus, em pé, nas sombras das grandes colunas do templo observando. Ele, o Eterno, o Filho de Deus, o Logos, a Palavra Viva que se fez carne, Aquele quem falou através da Lei dada no Monte Sinai para que se observasse a Festa dos Tabernáculos. Agora Ele estava ali, em pessoa, vendo a observância de uma ordenança Sua.
Assim que o cortejo passou com o clamor nos lábios do Salmo: “Ó Senhor, salva, Te pedimos…” Jesus se levanta e sua voz explode num grito carregado de misericórdia: “Se alguém tem sede, venha a mim e beba. Quem crer em Mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva”. (João 7.37-38).
Ali estava em pessoa Aquele de quem os profetas haviam falado. Ele era o cumprimento de todas as promessas. O Messias veio e tabernaculou entre nós. (João 1.14).
“Ah! Todos vós os que tendes sede, vinde às águas; e vós os que não tendes dinheiro, vinde, comprai, e comei; sim, vinde e comprai, sem dinheiro e sem preço, vinho e azeite. Porque gastais o dinheiro naquilo que não é pão: e o vosso suor naquilo que não satisfaz? Ouvi-me atentamente, comei o que é bom, e vos deleitareis com finos manjares. Inclinai os vossos ouvidos, e vinde a mim; ouvi, e a vossa alma viverá; porque convosco farei uma aliança perpétua, que consiste nas fiéis promessas a Davi”. (Isaías 55.1-3).
Através de Seu Espírito que seria derramado em vasos humanos Deus promete tirar de nós o coração de pedra e nos dar uma nova natureza.
“Porque derramarei água sobre o sedento, e torrentes sobre a terra seca; derramarei o meu Espírito sobre a tua posteridade, e a minha bênção sobre os teus descendentes”. (Isaías 44.3).
“O Senhor te guiará continuamente, fartará a tua alma até em lugares áridos, e fortificará os teus ossos; serás como um jardim regado, e como um manancial, cujas águas não faltam”. (Isaías 58.11).
“E acontecerá depois que derramarei o meu Espírito sobre toda a carne; vossos filhos e vossas filhas profetizarão, vossos velhos sonharão, e vossos jovens terão visões. Até sobre vossos servos e sobre as servas derramarei o meu Espírito naqueles dias. Mostrarei prodígios no céu e na terra: sangue, fogo e colunas de fumo. O sol se converterá em trevas, e a lua em sangue, antes que venha o grande e temível dia do Senhor. E acontecerá que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo; porque no Monte Sião e em Jerusalém estarão os que forem salvos, assim como o Senhor prometeu, e entre os sobreviventes aqueles que o Senhor chamar”. (Joel 1.28-32).
RESUMO PROFÉTICO DA FESTA DE TABERNÁCULO
PARA OS CRENTES EM YESHUA, JESUS O MESSIAS:
O centro da Festa de Tabernáculo é Jesus, o Messias. Chegará sua 2a. vinda, quando se cumprirá integralmente o profeta Zacarias (cap. 14.16-21).
Todas as nações, todos os anos, subirão a Jerusalém para celebrarem a Festa de Tabernáculo com o dono da Festa, o Rei Jesus.
É interessante notar no texto de João 7.37-38, quando Jesus deixou para falar no último dia da festa, o sétimo dia, que era o ápice da comemoração, sobre a tremenda e gloriosa mensagem que Ele era a Fonte Eterna de água viva, na qual ninguém teria mais sede. O sétimo dia é também um sinal do milênio. Podemos imaginar com base na tradição judaica em se jogar água sobre o altar de sacrifício do Templo, simbolizando não só a purificação, mas também as preces para que houvesse abundância de chuvas no ano novo.
A Bíblia diz que Yeshua clamou, isto é, gritou em alta voz: “Se alguém tem sede venha a mim e beba”. Isto é, Ele é o verbo, a Palavra-viva. Paulo em Efésios 5.25 diz que a Igreja, que somos nós, precisamos ser sem rugas e defeito por meio da lavagem de água que é a Palavra de Deus, Jesus.
É lindo poder entender e receber estas revelações.
Yeshua prepara sua noiva pela “lavagem de água, pela Palavra”.
A Festa de Tabernáculo é, portanto, momento de grande alegria para o Corpo do Messias, Yeshua tabernaculando em nós; Yeshua vindo como Rei para os Judeus e as nações, Jesus reinando por 1000 (mil) anos com a sua Igreja.
Urge que a Igreja de Yeshua HaMashiach tome posse do Espírito da Palavra, do contexto da relação Israel x Igreja, do tempo de Deus que corre paralelo a ambos.
Urge que o Corpo do Messias se aproxime com profundo amor pelo conhecimento das Escrituras, como um livro escrito por judeus no contexto e nas tradições do povo judeu. Yeshua é judeu, viveu com um judeu zeloso com a lei e continuará sempre judeu. Ele é o mesmo, o Eterno, o de ontem, de hoje e o de sempre.
Hag Sucot Sameach!
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